Todos os caminhos levam a Roma?

Estradas Romanas

Os romanos serão lembrados por sempre pelas suas façanhas, pela sua expansão como império, e sua influência no mundo de hoje. Uma das suas realizações que perdura até hoje são suas estradas, e é delas que vou falar hoje.

Pedra sobre Pedra

É muito difícil hoje imaginarmos cidades sem estradas, sem ruas. Viajar por estradas de terra, ou mesmo pelo ermo apenas seguindo as estrelas. O que possibilitou aos romanos chegar tão longe foram suas estradas, que são apenas uma amostra da sua capacidade para estratégia.
As estradas foram desenvolvidas inicialmente para movimentar tropas rapidamente; cada vez que surgia uma ameaça externa em alguma cidade, era muito simples para os romanos se deslocarem para rodear o inimigo, que não conhecia o desenho das estradas. Dessa forma, não era necessário manter grandes contingentes armados em lugares fixos, com todos os gastos que estes ocasionavam (imaginem o que é arranjar espaço, comida e agua para dez mil, vinte mil soldados). Por outro lado, o exército inimigo precisava sempre contar com a sorte de ter espólios, de entrar em uma cidade abastecida para cuidar dos seus e continuar avançando.

Com a vantagem do conhecimento dos caminhos e a mobilidade facilitada pelas estradas, as notícias viajavam muito rápido, e era fácil fechar o cerco contra qualquer ameaça externa.
Logicamente, as estradas passaram a ser a melhor opção (muitas vezes a única) para se locomover de uma cidade para outra, com o que viraram rotas de transporte de mercadorias. As estradas permitiam o trânsito de carroças carregadas sem receio das inclemências do clima; a chuva e a lama não mais detinham o comércio.

Engenheiros do Futuro

A pergunta de sempre: o que isso tem a ver com o Rei Arthur?


Fácil: Quando os romanos chegaram na Bretanha, eles encontraram os bretões (obvio), e as estradas deles. Toscas, em péssimas condições, em terreno alto (o que prejudica pelo clima) mas que serviram de traçado inicial para as estradas romanas na Bretanha e permitiram o avanço para o norte. As estradas romanas construídas na Inglaterra são as que se encontram em melhor estado de preservação; isso se deve em boa parte à qualidade do trabalho ao construir as estradas.

A técnica envolvia a colocação de grandes rochas como base, seguidas de rochas menores, argila e finalmente areia; as estradas eram mais altas no meio, para escoar água para fora dela, e em praticamente todos os casos tinham calhas para a chuva. As maiores estradas tinham até 10 metros de largura, o que permitia a passagem de carroças nos dois sentidos sem nenhuma delas ter que sair da estrada; estas estradas tinham também calhas centrais que escoavam por baixo da estrada.

Olhando os mapas que publiquei hoje, podemos ver como as estradas eram retas. Isto não é suposição: elas eram e são surpreendentemente retas. Como eles conseguiam?

O motivo: Como conquistadores, podiam fazer o que quisessem com as terras, portanto pouco importa se tinham que passar pelo meio de uma plantação, ou da terra de quem for; a estrada seria sempre o caminho mais curto, que é em linha reta.
A solução: eles usavam um aparelinho simples, chamado groma. Duas peças de madeira presas em cruz, com contrapeso nas pontas da mesma tábua com o mesmo peso. O engenheiro de estrada segurava o groma pela tábua sem pesos, e os pesos se equilibravam. Olhando a posição dos pesos alinhados, podia traçar uma linha reta, e indicar aos soldados onde plantar uma vara na terra, indicando a posição. Este processo se repete alinhando todas as varas, fazendo uma linha. A estrada era construida em base à posição das varetas.

Simples! Tão simples que é usando até hoje pela engenharia civil, só que hoje com medidores de distância que funcionam a laser. Mudou a tecnologia, mas o método é exatamente o mesmo; ainda hoje tem um peão segurando a bandeirinha :-)

Bis nexte woche!


3 comentários:

Anônimo disse...

eu falei no meu blog, acho que na semana passada, sobre uma exposição com fotos e roma e são paulo antigas. mas não dessa época. entre 1815 e 1920. http://mataharie007.blogspot.com/2008/01/cidades-no-espelho.html no meu blog só tem fotos de sampa. uma das fotos tem uma peregrinação de carroças para um evento no vaticano. milhares delas. acho incrível como na antiguidade eles seguiam muito bem pelas estrelas, sem a metade dos nossos conhecimentos de astronomia. beijos, pedrita

Anônimo disse...

Não só as estradas como todas as construções desse povo nessa época são surpreendentes, simples e ao mesmo tempo muito bem executadas, tanto que duram séculos, coisa que o que construímos hoje provavelmente não vai durar...
Mas fiquei aqui quebrando a cabeça e não consegui entender como funciona o groma :-/
Bjos!

Wally disse...

Pedrita,
Estou devendo uma visita ao teu post. As estradas romanas eram muito organizadas, como a maioria das coisas. Apenas a cidade de Roma era realmente bagunçada, porque cresceu desordenadamente. Isso acontece ate hoje com as cidades de grande porte; nao tem muitas chances de planejar.
Renata,
veja o link, acho que consegue explicar como funciona o groma:
http://legioneromana.altervista.org/foto/groma_allinea.gif