Bricolage

 O termo bricolage vem do francês, e se usa para descrever aquelas atividades de construir ou transformar coisas para uso pessoal a partir de sobras, retalhos e material bruto. Tem um pouco a ver com artesanato, só que a diferença é o tom pessoal.

Quando era criança gostava bastante de bricolage. Acho que todas as crianças devem gostar, afinal, o primeiro que aprendemos na escolinha é colar papel, pintar, desenhar, e montar coisas com nossas mãos. Muitas vezes pegava as caixas que sobravam dos remédios para fazer brinquedos; forrava com papel, cortava os quadrados onde iam as janelas, pegava uns botões ou cortava círculos com a sobra dos quadrados das janelas e colava no lugar das rodas, e pronto, tinha um caminhãozinho, uma kombi, ou o que viesse na cabeça.

Foi por volta dos 8 a 10 anos de idade que ganhei um kit de tijolinhos, como se fossem da lego, só que nacional, que na livre tradução chamaria de "meus tijolinhos". O kit estava inteiramente focado a construir casas, sobrados e etc, e por isso vinha com janelas, portas e telhas já prontas. O telhado eram duas láminas de papelão forradas em plástico com uma dobra no meio, como se fosse um livro de capa dura porém sem nenhuma página. Brinquei muito com esse kit; de criança tive bastantes problemas de saúde, e por isso não brincava muito na rua, ao menos não tanto quanto outras crianças. Não posso reclamar, me diverti muito e aprendi muita coisa também. Explorei muito minha criatividade, e com o tempo o kit que era para fazer casas via nascer carrinhos, aviões, ou coisas mais complexas como um parquinho com direito a carrousel, ou um taxi espacial. Foi meu jeito de ter todos os brinquedos caros que via nas propagandas, e ainda com o gostinho de saber que fui eu mesmo que fiz. 

O legal é que minha criatividade não se limitava aos tijolinhos, e assim com a habilidade manual ganhei talento para mexer com ferramentas, e foi questão de tempo para que fizesse alguns brinquedos de madeira. Lembro muito bem de uma fase onde gostava de brincar de guerra, talvez pela quantidade de filmes e seriados da época onde todo mundo atirava em todo mundo e ninguém se machucava. Fabriquei uma espingarda com sobras de madeira e ferro, e embora era muito feia e tosca eu achava idêntica aos filmes. Depois desmontei e virou lenha, por decisão minha mesmo. A madeira estraga, e usei os ferros em outros brinquedos, e as vezes para consertar coisas de fato.

Hoje vivemos num mundo muito conveniente; práticamente tudo o que podemos precisar e o não precisamos já foi inventado, e tem alguém vendendo barato, tão barato que nem compensa pagar os componentes para fazer. Mas, mesmo assim, ainda tenho meu fascínio por bricolage, e volta e meia me pego fazendo alguma coisa aqui em casa. As vezes é simples, como fazer um ajuste em uma tomada ou um cabo que não está certo, e as vezes é tão complexo quanto fazer uma gaveta para um móvel que não tem nenhuma (e adaptar as portas, ferragens e etc). Eu sei que quando falo de mim fujo um pouco do propósito do blog, mas neste caso há uma razão para contar isso tudo.
 
 Há um par de semanas encontrei o blog de uma garota que gosta de jogar videogames, chamado Whisky Tango Foxtrot (é.. atenção à sigla). Neste post ela conta que um casal de amigos tiveram filhos, e ela decidiu dar um presente bem nerd/geek para as crianças, mas que ao mesmo tempo fosse bem de criancinha. Assim, decidiu usar suas habilidades com a tesoura, comprou uns tecidos muito bacanas, e fez duas mantinhas super especiais para as crianças. E quando vi o tecido, pensei como são sortudas essas crianças lá fora. Olha isso:


Os motivos do desenho são todos relacionados à lenda arturiana. Se clicam no desenho, vão poder ver em mais detalhes nomes como os de Lancelot, Guinevere, Merlin, a espada na pedra, a távola redonda, os castelos e locais onde todas as histórias acontecem. E assim essas mantinhas juntaram duas coisas que fazem parte da minha vida: a lenda arturiana e bricolage.

Tem gente muito habilidosa, e que fez da bricolage uma profisão, ou mesmo um hobby levado muito a sério. Acho que o caso mais radical que já vi é o Volpin Props, que faz fantasias e armas de videogames e seriados, com um grau de realismo espantoso. Quem gosta de videogame e cultura pop, com certeza vai gostar das criações nesse blog.

Talvez seja minha vez de fazer alguma coisa arturiana. Me inspirar nos dois blogs que comentei, e fazer uma fantasia bem feita, uma espada ou alguma coisa parecida. Imagina só, uma réplica da távola redonda no meio da sala, hehe!

Vocês curtem bricolage? Gostam de fazer suas próprias coisas? Arrumam ou consertam coisas nas suas casas? Comentem! 

Até o próximo post!

3 comentários:

Marion disse...

Amor, este post me emocionou. Gosto de ouvir suas histórias.

Eu quando criança tinha uns tijolinhos para fazer casinhas, o nome se não me engano era Meu pequeno Engenheiro. Mas não eram peças de encaixar, era blocos que a gente somente colocava um em cima do outro.

Bom, habilidader artesanais nunca foram o meu forte. Sou um desastre pra ser bem sincera.

Aprecio muito a sua habilidade para construir e transformar coisas. E isso é muito útil no dia a dia né?

Um beijo e adorei a mantinha do Rei Arthur!

Anônimo disse...

Eu não tenho muita habilidade manual não. Tinha mais quando criança, gostava de desenhar, costurava roupas pras bonecas (fazia com pano e com jornal) mas hoje não consigo fazer muita coisa, acho que falta tempo para praticar. Mas essas habilidades são importantes, seja para o lazer quanto para necessidade (como vc mesmo falou, apesar do mundo prático e "comprável", contratar alguém só pra arrumar uma tomada em casa beira o absurdo além de inconveniente né?)

E adorei a mantinha! Tá faltando o Arthur virar personagen da Discovery Kids pra começar a pipocar coisinhas sobre a lenda por aqui :-)

Beijos!

Wally disse...

@Marion, você tem a vantagem de poder ouvir essas histórias ao vivo, sempre que quiser... Ainda vou descolar uma mantinha dessas.
@Rê, de fato é inacreditável chamar alguém para arrumar tomadas ou coisas parecidas, fora ter que esperar para ser atendido em horário comercial. Fico muito irritado com isso de cobrar disponibilidade o dia inteiro... Para marcar consulta médica ou qualquer outra coisa, eu tenho que chegar na hora e minuto certo. Por quê quem nos atende em casa não consegue fazer o mesmo?
Agora, se o Arthur virar desenho de sucesso, estou perdido, hehe! Vou gastar fortunas!

Obrigado pelos comentários!