Hands On: King Arthur The Wargame


Faz algum tempo publiquei um post sobre a evolução dos videogames, focado em jogos sobre o Rei Artur e sua lenda. Nesse post mencionei que estava em desenvolvimento um jogo novo, um RTS (Real Time Strategy) com toques de RPG. A Neocore concluiu seu trabalho, e lançou o "King Arthur - The Wargame" no último 24 de Novembro. O jogo foi lançado em meio digital, e em algum momento será lançado também como mídia, com direito a manual impresso entre outras coisinhas.

Felizmente, a plataforma escolhida para o lançamento do jogo foi o mundialmente conhecido Steam, plataforma online para venda de jogos da Valve (Halflife, Left 4 Dead, e tantos outros). Usei minha conta para pesquisar o preço do jogo, e paguei uns 35 dólares na promoção; neste momento o jogo custa 40 dólares. E na minha opinião, vale cada centavo. No fim das contas, paguei uns 50 reais pelo jogo; bem abaixo da média nacional. Por coisas como essas que gosto tanto do Steam e do PayPal.

A Neocore apostou pesado ao desenvolver um jogo relativamente complexo, com uma curva de aprendizado bastante íngreme; leva umas boas horas aprender todos os clicks que a interface oferece. Aliás, a interface do jogo é uma das coisas mais mutantes. Vou tentar me explicar daqui a pouco.

A trama do jogo começa no instante em que Arthur puxa a espada da pedra, e é o soberano escolhido para governar a Britania. Os reinos estão em conflito, e fazemos inicialmente o papel de Kay, filho de Sir Ector. Como a lenda conta, Sir Ector foi o tutor de Arthur, e Kay o filho legítimo de Ector; é por isso que Arthur nutre amor fraterno com Kay, e o nomeia seu senescal. Voltando ao jogo, estamos no papel de Kay, e devemos enfrentar uma pequena rebelião provocada pelos que não aceitam Arthur como legítimo rei. Esta é a primeira batalha do jogo, e serve como tutorial para o que virá.

Como o tempo e outras batalhas (na mão do Kay e outros cavaleiros que vamos conhecendo) podemos conquistar o reino completo, e fazê-lo aliado do Arthur. O jogo vai apresentando situações conflitantes, onde dois reis pedem nossa ajuda para combater do lado deles; estas decisões são tomadas na batalha, não é preciso escolher qual o caminho que vamos seguir. Combater um lado implica se aliar ao outro. Estas decisões inclinam nossa conduta, tornando nosso rei Arthur um governante justo ou um tirano, conforme a escolha na batalha. Ao mesmo tempo, nossas decisões servem para apoiar os seguidores da velha religião, ou os novos cristãos. O peso desta orientação de conduta acaba habilitando novas possibilidades, como por exemplo chamar druidas para lutar do nosso lado, ou receber bençãos divinas; soltar nossos prisioneiros de guerra ou torturá-los por informação. Antes que me perguntem, meu Arthur é um rei justo, seguidor da velha religião.

O jogo tem um visual imponente. Tão imponente, que não consigo jogar na máquina que tengo, snif... vou ter que fazer o upgrade do ano. Lá se vá o 13 salário em hardware... O pior que aqui as coisas de micro custam uma fortuna. Bem que podia sair uma viagenzinha para outro continente mais civilizado...

Fiquei de falar sobre a interface. A mecânica do jogo é baseada em turnos, onde podemos fazer uma série de ações por estação do ano; por exemplo, no verão as distâncias que podemos percorrer são maiores graças ao bom tempo, enquanto no inverno todas as tropas ficam acampadas onde estiverem. No caso que nossas tropas se encontrem com qualquer outra, surge o confronto, e o jogo muda para o cenário 3D, onde acontece a batalha em tempo real. Podemos dividir os exércitos, coordenar cada tipo de ataque, posicionamento, estratégia, tudo enquanto o tempo corre. Para ganhar uma batalha, basta acabar com a moral do outro (no precisa matar todo mundo!). A moral é medida pela quantidade de pontos estratégicos conquistados, e pelo desempenho nos combates. Os arqueiros são mais eficientes ao atacar grupos fechados, assim como os cavaleiros são excelentes para provocar o caos em grupos abertos. Os combates são deliciosos, mas eu melhoraria um pouco o controle de câmera, que achei confuso demais, e meio desgovernado. Isso pode atrapalhar a estrategia ao perder de cena coisas que estão acontecendo. Cabe um pequeno comentário: o jogo está recebendo updates automáticos pelo Steam, que já melhoraram boa parte dos problemas das câmeras, e outras frescurinhas que são muito bem-vindas e fazem o jogo mais domesticado para jogar. Tomara continuem com essa boa vontade de melhorar as coisas!

Todo combate inclui como mínimo um grande cavaleiro, que pode fazer a diferença ao usar recursos especiais, como por exemplo chamar as brumas de Avalon (que escondem as tropas), ou o fôlego do dragão, que torna os ataques incendiários. É uma boa mistura e dá variedade aos combates.

Voltando à interface 2D, temos o mapa da Britania, que mostra os territórios aliados, neutros e inimigos; os objetivos, dispostos como um pergaminho com opções de escolha; a organização dos exércitos; a távola redonda (YESS!!!), onde gerenciamos os cavaleiros, os artefatos que carregam (que dão poderes especiais), os eventuais casamentos (onde uma dama fica sob os cuidados de um cavaleiro, o que pode dar vantagens estratégicas como por exemplo aliados), e os prisioneiros, que servem para cobrar imposto dos seus territórios.

O que ficou como impressão geral é que não descartaram absolutamente nenhuma ideia, todas foram colocadas no jogo. É como se os desenvolvedores jogaram vários jogos, e pegaram um monte de coisas de todos os RPGs e RTS que encontraram. O jogo é por turnos, as batalhas são em tempo real, tem mapa de alianças, armadura de todos os cavaleiros, planejamento de ataques, gerenciamento de recursos, orientação de caráter... É como se a Estrela decide juntar o Banco Imobiliário com o Jogo da Vida, o War e o super triunfo. Tentem imaginar o jogo de tabuleiro juntando esses quatro.

Agora, o que realmente é de responsa no jogo é o respeito à lenda arturiana. A Neocore fez o dever de casa, e pesquisou material à beça, e isso aparece nítido na maneira em que as missões batem certinho com muita coisa da lenda clássica do Arthur medieval. Coisas como o caráter dúbio do Rei Mark, e o jeito espirituoso do Gawain. Estou à espera do Tristão, e quem sabe nomes mais obscuros, como o Lamorak.

A imagem como disse é impressionante, colocar qualquer tela aqui é um despropósito. As cenas em movimento, a sensação de vento, a tensão dos arcos, o barulho ensurdecedor da carga dos cavalos, o cheiro do orvalho pisoteado pelos caval.. ok, exagerei. Mas serve como intro do que quero escrever no meu livro :-)

O som do jogo é perfeito. É um épico, ponto. Na medida que tinha que ser. Inspirador, variado o bastante para não aborrecer, e empolga sem se destacar mais do que o jogo em si.

Mais info sobre o jogo no site do desenvolvedor (link). Agora se me disculpam, o reino da Britania precisa da minha ajuda!!

Até a semana que vem!

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