O post da semana passada vai ser difícil de superar; fez um baita sucesso! Obrigado a todos os que o visitaram e aos que deixaram seu comentário.
Nesta viagem a Munique, consegui aproveitar muito bem o tempo pela noite, graças ao verão européio. Eram 9 da noite e ainda estava claro! Foi uma delícia andar por essas ruas, cortar caminho entre as ruelas menos conhecidas, e jantar nos famosos biergartens espalhados pela cidade.
Na praça principal e centro turístico da cidade (chamada de MarienPlatz) fica uma construção muito antiga, destruída na segunda guerra e restaurada ao seu visual tradicional: é o prédio da prefeitura, ou Rathaus. Tem uma fachada incrível, atulhada de estátuas, detalhes, contornos e seu famossísimo Glockenspiel; é um símbolo da cidade, e um símbolo do barroco medieval. Tem vários livros que tratam do assunto, mostrando o barroco alemão e italiano, e explicando porquê este prédio é uma referência na arquitetura. Não sou um especialista no assunto, apenas um admirador da beleza desta construção. A foto ao lado mostra a fachada, com o Glockenspiel no meio, a foto abaixo mostra a riqueza de detalhes que comentei acima. Nessa foto, na esquina do prédio, vemos um dragão escalando as colunas, atacando as outras estátuas, que fogem apavoradas pela visão do dragão. Cada vez que vejo isso me encanto de novo com essa cena.
AHHH!!!! |
O prédio segue uma estrutura típica dos castelos, com um grande pátio central e a construção contornando este pátio. Durante o verão este pátio alberga um biergarten, aberto ao público e com mesinhas bastante disputadas. Fui uma noite por volta das 9 e meia, horário que é bem atípico na Alemanha, e para minha surpresa fui atendido na boa, e fiz a minha refeição tranquilo, rodeado de locais e turistas, e circundado pelas fachadas antigas, apenas iluminadas pelo reflexo de luz de cartazes do lado de fora. Uma belíssima noite, comida incrível, antiga como a própria Baviera, e o barroco ao meu redor. E uma sensação longamente esquecida voltou.
Dia e Noite no mesmo Pátio |
Alemanha tem um efeito curioso, estranho em mim. Me vi nesse pátio, que durante séculos viu gente passar, no meio aos prédios que remetem tempos já perdidos no medievalismo. Comecei a olhar para as paredes, para as janelas, com mais detalhe. Me senti mais alerta, mais ciente do meu entorno, como se enxergasse além da escuridão por trás das janelas. O idioma alemão, falado nas mesas à minha volta, começou a ficar muito, muito familiar. Dei um pequeno gole na cerveja, apenas para degustar, enquanto olhava. E a sensação foi mais nítida ainda. No meio desse barroco, percebi de vez esta sensação. Eu, de alguma forma, já estive aqui, mas não foi nesta época.
Não acredito em vidas passadas, mas o que sinto é uma sensação bem real, estranha e muito forte. A princípio parece como se alguma coisa estivesse fora do lugar, deslocada. É como olhar para uma prateleira cheia de livros, e tem um livro de ponta-cabeça. Não sei dizer se meu fascínio pela lenda arturiana tem alguma relação com isso tudo, mas no fundo, no inconsciente, é bem provável que tenha alguma relação.
Quero deixar bem claro: eu não acredito que tenha sido um cavaleiro medieval, nem que estive numa parede de escudos, nem nada nessa linha. Não me preocupo com as vidas passadas, se elas de fato existem, apenas com a atual. Tem que ter foco, e não vou gastar meu tempo nesta vida pensando em outras, certo? Mas não posso ignorar a sensação esquisita quando visito alguns lugares na Europa. Por exemplo, na visita do Residenz, não tive essa sensação, nem de perto; mas na Rathaus acontece, e também na igreja da Odeonplatz enfrente ao Residenz. Ao mesmo tempo, isso não me aconteceu no Berliner Dom, que é a igreja mais impressionante que visitei na minha vida.
Um coisa eu sei: no pátio da Rathaus, enquanto comia e bebia, ficou muito claro que tenho que escrever meu livro. Organizar a viagem, visitar Wales, Inglaterra, a França normanda, e fazer um roteiro digno de tudo o que quero deixar no papel.
Tem uma coisa que tem me apavorado um pouco; perdi a conta das vezes que fui para a Alemanha, que entrei e saí da Europa, mas tenho muito receio da minha entrada na Inglaterra. São tantas as notícias de gente deportada no aeroporto, aparentemente sem motivo, que meu receio cresce cada vez que penso nesta cruzada. Talvez deva entrar por outro país como minha sempre receptiva Alemanha, ou mesmo pela França e atravessar o canal, que deve ser uma experiência e tanto. É, cruzar o canal de barco, vendo o mesmo mar que os romanos atravessaram ao encontrar a grande ilha borrifando saxões. Ainda bem que o blog serve para anotar essas coisas!
Conversando com alguns colegas na Alemanha, vi que o livro não vai bastar. Vou ter que filmar. Gravar depoimentos de pessoas do lugar, entrevistar pessoas na rua fazendo perguntas simples sobre as lendas, as histórias. Quero manter o tom mais relaxado do blog, mais pop; ver como as pessoas reagem ao perguntar, e contar um pouco qual a idéia por trás disso tudo. Vai dar um baita trabalho, mas será minha herança para as próximas gerações. Uma cruzada pelas terras do Arthur, com um olhar bem informal.
Já vi que a melhor época para viajar deve ser sem dúvida o verão. Poucas chuvas, dias longos, tudo aberto para visitação. Vou começar a bolar o roteiro, e colocar tudo o que gostaria de ver; depois ordenar de forma que faça sentido, para não gastar muito tempo na estrada; e finalmente, entender o que preciso de papéis, quanto vou gastar, e mais importante, quanto tempo preciso para ver isso tudo. E é claro que conto com a ajuda de vocês! Podem dar pitacos, sugerir assuntos e lugares, comentar coisas que gostariam de ouvir, e por aí vai. Como já disse, vai ser quase um serviço de utilidade pública!
Até o próximo post!
5 comentários:
Que missão, hein? Tô aqui torcendo pra essa cruzada dar certo! Tenho certeza que vai ser um relato muito mais rico do que vemos os historiadores e arquitetos fazendo.
Quem sabe com um plano bem detalhadinho não role até um patrocínio?
Beijos!
Cada vez fico mais ansiosa pra ler seu livro!!! Será que demora muito pra ficar pronto, será? =P
beijocas
Gostei, o blog já foi pros meus favoritos... Força aí irmão...
lindas as fotos. beijos, pedrita
@Rê, patrocínio era uma boa! Não tinha pensado nisso. De fato é uma cruzada moderna, só que no lugar de buscar o graal, estou em uma campanha pela minha própria visão das coisas. Talvez como Pellinore, algum dia encontre meu Glatisant.
@Mara, eu também quero que não demore. Só que o projeto não para de crescer! Por enquanto o alimento como um sonho, só que bem plausível, bem palpável. Vai sair sim.
@Mateus, Valeu mano, é nóis! Acho...
@Pedrita, obrigado! Tem mais um monte de fotos de outras viagens, e estas encaixaram bem na idéia do post, além de serem bem novas.
Obrigado pelos comentários!
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