Antes de começar (1), quero agradecer por aqui a quantidade de comentários recebidos, dicas, e-mails, toda essa troca de informação e opiniões que foram deixadas nas últimas semanas. Não arranjei tempo de responder no próprio blog, mas não ia deixar de agradecer a cada um pelo tempo dedicado a opinar.
Antes de começar (2), um muito feliz dia a todas as mulheres, afinal, é seu dia, ou não?
Agora sim: tudo surgiu como uma conversa informal entre colegas de trabalho, aí veio a idéia do post, escrevi e mandei por e-mail para alguns desses colegas. Agora esse texto finalmente chega ao blog, uns dias depois. Acrescentei algumas coisas ao mail original, para formatá-lo melhor ao blog, e arredondar melhor a idéia.
De certa forma, este post me faz morder a língua, já que não sou precisamente um fã do blah blah corporativo. E me peguei escrevendo um texto que se encaixa perfeitamente nesse critério.. ótima leitura, e aguardo os comentários!
Conquistando um castelo
Quem ia dizer que videogames podem ser ferramentas de desenvolvimento de talentos úteis no ambiente corporativo?
Faz aproximadamente 8 meses que participo de um jogo online, um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game). Para os que nunca ouviram falar, os RPG são jogos que representam uma situação real ou imaginária, e cabe ao jogador interpretar um papel dentro da história. Para o caso do MMORPG, a diferença consiste no fato do jogo acontecer pela internet e contar uma quantidade elevada de jogadores simultâneos. Geralmente, o servidor ao que me conecto costuma ficar na casa dos 200-300 usuários, chegando até 500 nos finais de semana. Para atingir números desse porte, obviamente falamos de uma comunidade internacional, com jogadores conectados de todas as partes do mundo.
Sem falar do nome, o jogo em que participo se baseia no período medieval. Três grandes reinos estão em conflito, lutando por território nas fronteiras. Cada reino tem características bem diferentes, servindo de pano para lendas arturianas, celtas e nórdicas, respectivamente. A geografia e raças do jogo representam muito bem as diferenças entre estes reinos, e seus vínculos com cada vertente lendária.
Como é de se esperar em um jogo com tantos jogadores, existe uma forte dependência nos talentos de outros jogadores. Cada tipo de personagem tem suas características, que tornam fundamental o trabalho em conjunto para cumprir as missões, os objetivos.
No domingo passado (2/3/2008) foi minha primeira incursão para invadir uma fortaleza, um castelo. Conversando pelo bate-papo do jogo, montamos uma equipe de 10 jogadores, e mais tarde outra equipe semelhante se juntou a nós na missão, que completamos com sucesso. Olhando de fora, parece simplesmente um videogame, mas temos várias lições para aprender deste jogo. A vitória que conseguimos sobre o castelo não foi apenas compartilhar o espólio, foi uma grande lição que mesmo muitas palestras de Recursos Humanos falham em comunicar.
Trabalho em Equipe
É impensável a possibilidade de invadir um castelo por conta própria; é indispensável a colaboração de um grupo jogando organizadamente para ter alguma chance de sucesso.
O interessante desta afirmação é como a sinergia do grupo surge naturalmente, e como a confiança dentro da equipe permite que cada membro trabalhe eficientemente.
Uma formação de ataque costuma seguir este padrão:
Na frente de ataque, ficam os jogadores com maior força física, os “tanks”. Estes jogadores têm somente uma responsabilidade, que é empurrar e guiar o ataque, sempre para a frente. Nesse frente de ataque, eles só precisam se preocupar com o ataque, e nada além disso, nem sua própria saúde ou vida. Atrás deles, entram os “healers”, com a função de manter a frente de ataque viva, seja carregando a saúde deles ou tirando efeitos negativos como envenenamento. Como força de apoio, entram feiticeiros que conseguem aumentar os talentos dos atacantes (buffing), e lançar feitiços que prejudicando os inimigos tornam o ataque mais eficiente.
Cada membro da equipe tem objetivos e responsabilidades claramente definidas. Fica muito evidente a dependência entre os participantes, e como o trabalho de cada um torna o ataque eficiente. É por este motivo que cada pessoa é inserida na equipe na posição onde seus talentos serão mais bem aproveitados.
Outra lição que aprendemos disto é a eficiência da comunicação. Olhando sob outro ângulo, uma equipe internacional consegue atingir suas metas, sem necessidade de reuniões presenciais, sem precisar se conhecer fisicamente. A comunicação eficiente não conhece fronteiras.
A maior lição que tiramos vem da próxima observação. Pessoas do mundo todo coordenam uma missão com um objetivo em comum, que é atingido graças ao trabalho em equipe. Cada pessoa se preocupa apenas com sua parte do projeto, contando e sabendo que não precisa se preocupar com o resto. É criada uma consciência coletiva, que determina como cada membro é dependente do esforço coletivo. Não posso fazer a missão sozinho, mas basta que cuide apenas minha parte.
Como mencionei acima, pouco depois de começarmos outra equipe se juntou a nós para colaborar na missão. Era uma equipe mista como a nossa, eficiente e consolidada. Por esse motivo o entrosamento foi imediato, e bastaram poucas frases para coordenar o ataque em duas frentes, juntar as forças no pátio do castelo (quando os portões finamente caíram) e concentrar o ataque no ponto principal, revezando ondas de “tanks”, “healers” e “casters” conforme o desgaste de cada um. Para cada membro tinha um substituto pronto para entrar quando precisar, sabendo exatamente o que fazer. Somente uma equipe entrosada consegue enxergar a necessidade do outro, e agir no momento certo.
Quando finalmente levantamos nossa bandeira na torre do castelo, todos nos juntamos no exterior, e começamos a repassar os espólios para uma única pessoa, um dos líderes do ataque. Esta pessoa contabilizou o total, e distribuiu eqüitativamente entre todos os jogadores. A vitória é de todos, e mais uma vez a consciência coletiva aparece mostrando que somente fomos capazes de atingir o objetivo pelo comprometimento e bom trabalho de cada um, sem importar sua função na equipe. O sucesso é coletivo.
Por citar outro exemplo de colaboração, é possível montar máquinas de sitio para invadir o castelo, como catapultas, logo eu que gosto tão pouco disso... Logicamente, ninguém consegue carregar uma catapulta na sua mochila, o que quer dizer que a catapulta deverá ser construída no lugar do ataque. Para que isso aconteça, é necessário que o engenheiro de “siegecrafting” (a arte de construir maquinaria de sitio) peça para os membros mais fortes da sua equipe trazer madeira, cordas, couro de animais, e ferro nas quantidades necessárias. Assim que todos os componentes foram recolhidos, no lugar do sitio, o engenheiro poderá começar seu trabalho, e durante este período é incapaz de se defender. Portanto, assim como a equipe depende do trabalho do engenheiro, o engenheiro depende da equipe não somente para trazer a materia prima, como também para fechar um círculo defensivo enquanto constrói a catapulta. A recompensa deste esforço coletivo é a “vantagem tecnológica”, capaz de virar completamente o rumo de uma batalha.
Depois dizer por aí que videogame é coisa de criança...
Antes de começar (2), um muito feliz dia a todas as mulheres, afinal, é seu dia, ou não?
Agora sim: tudo surgiu como uma conversa informal entre colegas de trabalho, aí veio a idéia do post, escrevi e mandei por e-mail para alguns desses colegas. Agora esse texto finalmente chega ao blog, uns dias depois. Acrescentei algumas coisas ao mail original, para formatá-lo melhor ao blog, e arredondar melhor a idéia.
De certa forma, este post me faz morder a língua, já que não sou precisamente um fã do blah blah corporativo. E me peguei escrevendo um texto que se encaixa perfeitamente nesse critério.. ótima leitura, e aguardo os comentários!
Conquistando um castelo
Quem ia dizer que videogames podem ser ferramentas de desenvolvimento de talentos úteis no ambiente corporativo?
Faz aproximadamente 8 meses que participo de um jogo online, um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game). Para os que nunca ouviram falar, os RPG são jogos que representam uma situação real ou imaginária, e cabe ao jogador interpretar um papel dentro da história. Para o caso do MMORPG, a diferença consiste no fato do jogo acontecer pela internet e contar uma quantidade elevada de jogadores simultâneos. Geralmente, o servidor ao que me conecto costuma ficar na casa dos 200-300 usuários, chegando até 500 nos finais de semana. Para atingir números desse porte, obviamente falamos de uma comunidade internacional, com jogadores conectados de todas as partes do mundo.
Sem falar do nome, o jogo em que participo se baseia no período medieval. Três grandes reinos estão em conflito, lutando por território nas fronteiras. Cada reino tem características bem diferentes, servindo de pano para lendas arturianas, celtas e nórdicas, respectivamente. A geografia e raças do jogo representam muito bem as diferenças entre estes reinos, e seus vínculos com cada vertente lendária.
Como é de se esperar em um jogo com tantos jogadores, existe uma forte dependência nos talentos de outros jogadores. Cada tipo de personagem tem suas características, que tornam fundamental o trabalho em conjunto para cumprir as missões, os objetivos.
No domingo passado (2/3/2008) foi minha primeira incursão para invadir uma fortaleza, um castelo. Conversando pelo bate-papo do jogo, montamos uma equipe de 10 jogadores, e mais tarde outra equipe semelhante se juntou a nós na missão, que completamos com sucesso. Olhando de fora, parece simplesmente um videogame, mas temos várias lições para aprender deste jogo. A vitória que conseguimos sobre o castelo não foi apenas compartilhar o espólio, foi uma grande lição que mesmo muitas palestras de Recursos Humanos falham em comunicar.
Trabalho em Equipe
É impensável a possibilidade de invadir um castelo por conta própria; é indispensável a colaboração de um grupo jogando organizadamente para ter alguma chance de sucesso.
O interessante desta afirmação é como a sinergia do grupo surge naturalmente, e como a confiança dentro da equipe permite que cada membro trabalhe eficientemente.
Uma formação de ataque costuma seguir este padrão:
Na frente de ataque, ficam os jogadores com maior força física, os “tanks”. Estes jogadores têm somente uma responsabilidade, que é empurrar e guiar o ataque, sempre para a frente. Nesse frente de ataque, eles só precisam se preocupar com o ataque, e nada além disso, nem sua própria saúde ou vida. Atrás deles, entram os “healers”, com a função de manter a frente de ataque viva, seja carregando a saúde deles ou tirando efeitos negativos como envenenamento. Como força de apoio, entram feiticeiros que conseguem aumentar os talentos dos atacantes (buffing), e lançar feitiços que prejudicando os inimigos tornam o ataque mais eficiente.
Cada membro da equipe tem objetivos e responsabilidades claramente definidas. Fica muito evidente a dependência entre os participantes, e como o trabalho de cada um torna o ataque eficiente. É por este motivo que cada pessoa é inserida na equipe na posição onde seus talentos serão mais bem aproveitados.
Outra lição que aprendemos disto é a eficiência da comunicação. Olhando sob outro ângulo, uma equipe internacional consegue atingir suas metas, sem necessidade de reuniões presenciais, sem precisar se conhecer fisicamente. A comunicação eficiente não conhece fronteiras.
A maior lição que tiramos vem da próxima observação. Pessoas do mundo todo coordenam uma missão com um objetivo em comum, que é atingido graças ao trabalho em equipe. Cada pessoa se preocupa apenas com sua parte do projeto, contando e sabendo que não precisa se preocupar com o resto. É criada uma consciência coletiva, que determina como cada membro é dependente do esforço coletivo. Não posso fazer a missão sozinho, mas basta que cuide apenas minha parte.
Como mencionei acima, pouco depois de começarmos outra equipe se juntou a nós para colaborar na missão. Era uma equipe mista como a nossa, eficiente e consolidada. Por esse motivo o entrosamento foi imediato, e bastaram poucas frases para coordenar o ataque em duas frentes, juntar as forças no pátio do castelo (quando os portões finamente caíram) e concentrar o ataque no ponto principal, revezando ondas de “tanks”, “healers” e “casters” conforme o desgaste de cada um. Para cada membro tinha um substituto pronto para entrar quando precisar, sabendo exatamente o que fazer. Somente uma equipe entrosada consegue enxergar a necessidade do outro, e agir no momento certo.
Quando finalmente levantamos nossa bandeira na torre do castelo, todos nos juntamos no exterior, e começamos a repassar os espólios para uma única pessoa, um dos líderes do ataque. Esta pessoa contabilizou o total, e distribuiu eqüitativamente entre todos os jogadores. A vitória é de todos, e mais uma vez a consciência coletiva aparece mostrando que somente fomos capazes de atingir o objetivo pelo comprometimento e bom trabalho de cada um, sem importar sua função na equipe. O sucesso é coletivo.
Por citar outro exemplo de colaboração, é possível montar máquinas de sitio para invadir o castelo, como catapultas, logo eu que gosto tão pouco disso... Logicamente, ninguém consegue carregar uma catapulta na sua mochila, o que quer dizer que a catapulta deverá ser construída no lugar do ataque. Para que isso aconteça, é necessário que o engenheiro de “siegecrafting” (a arte de construir maquinaria de sitio) peça para os membros mais fortes da sua equipe trazer madeira, cordas, couro de animais, e ferro nas quantidades necessárias. Assim que todos os componentes foram recolhidos, no lugar do sitio, o engenheiro poderá começar seu trabalho, e durante este período é incapaz de se defender. Portanto, assim como a equipe depende do trabalho do engenheiro, o engenheiro depende da equipe não somente para trazer a materia prima, como também para fechar um círculo defensivo enquanto constrói a catapulta. A recompensa deste esforço coletivo é a “vantagem tecnológica”, capaz de virar completamente o rumo de uma batalha.
Depois dizer por aí que videogame é coisa de criança...
UPDATE2: No link sobre o nome do jogo, tem como baixar o mesmo e jogar na faixa por 14 dias. É muito pouco tempo, mas dá para sentir o gostinho... Se alguém for baixar, recomendo baixar imediatamente os pacotes extras disponíveis de graça (acho que até o Catacombs), que mehoram muitíssimo o visual do jogo. A cada pacote foram atualizando o visual, as missões e a jogabilidade, portanto não tem nada a invejar dos jogos mais recentes...
Até a semana que vem!
2 comentários:
...aí vem um chefe e fala que HOJE é importante saber trabalhar em equipe, que HOJE quem não compartilha experiências não tem lugar no mercado...
Pois o HOJE nada mais é do que tudo o que o homem já desenvolveu há muito tempo, em épocas que não havia telefone, computador ou outras tecnologias, e mesmo assim tudo funcionava perfeitamente.
Acho até que HOJE ninguém é capaz de invadir um castelo como invadiam os medievais. Ou construir pirâmides como construíam os egípcios antigos...
Beijos!
infelizmente o segmento corporativo tem muito preconceito com o mundo virtual. com games não seria diferente. e eproveitam muito pouco o que pode proporcionar até no estímulo a criatividade. eu nunca participei de jogos onlines e sua interação. já bisbilhotei, mas acabo ficando fechada no meu mundo na hora de jogar. acho bem interessante essa participação. bacana o que fala sobre trabalho em equipe. eu aprendi no the sims por exemplo que tenho menos problemas com os filhos se os pais servem as refeições e sentam juntos pra conversar. se conversam mais com os filhos, se lêem para eles e ajudam na lição escolar. filhos que os pais dão mais atenção vão melhor na escola. acho muito bacana algo que um jogo pode mostrar com uma certa "sutileza". adorei o post. beijos, pedrita
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