Daqui a pouco vou assistir um espetáculo, que inclui palhaços. Não sei o que as pessoas enxergam de engraçado neles, eu particularmente odeio palhaços. Acho medonhos... Uma pessoa fantasiada de maneira berrante, maquiagem exagerando os gestos, tem um tanto de aberração. Não sou o único que tem essa visão dos palhaços, afinal o Coringa do Batman e o Violator do Spawn não são outra coisa que palhaços revisitados. E medonhos.
Ainda assim, o palhaço é uma invenção bem antiga, e teve seu formato particular no periodo dos imperadores das dinastias chinesas, uns 1800 anos antes de Cristo. Com o tempo, foi assumindo formatos diferentes, sempre com a função de entreter. No periodo medieval, o formato popular do palhaço é o bobo da corte, que não era outra coisa que um artista encarregado de entreter o rei e seus convidados. Não era privilégio do rei contar com seu circo particular, a grande maioria dos nobres contavam com este serviço, em formas mais ou menos elaboradas. Muitas vezes, consistia mais em um humor inteligente, sarcástico, fazendo piadas dos fatos que ocorriam no momento. A velha piada de "bonita sua camisa, tem de essas para homem também?" é um exemplo do que se podia ouvir nos salões, depois do festim.
A corte do Rei Artur não foi esquecida, e também teve um representante da casta humorística. Seu nome é bem conhecido, porém nem sempre é descrito nessa função, e seus atos de heroísmo contrastam com sua profissão. Estou falando de Sir Dagonet, o bobo da corte.
Ainda assim, o palhaço é uma invenção bem antiga, e teve seu formato particular no periodo dos imperadores das dinastias chinesas, uns 1800 anos antes de Cristo. Com o tempo, foi assumindo formatos diferentes, sempre com a função de entreter. No periodo medieval, o formato popular do palhaço é o bobo da corte, que não era outra coisa que um artista encarregado de entreter o rei e seus convidados. Não era privilégio do rei contar com seu circo particular, a grande maioria dos nobres contavam com este serviço, em formas mais ou menos elaboradas. Muitas vezes, consistia mais em um humor inteligente, sarcástico, fazendo piadas dos fatos que ocorriam no momento. A velha piada de "bonita sua camisa, tem de essas para homem também?" é um exemplo do que se podia ouvir nos salões, depois do festim.
A corte do Rei Artur não foi esquecida, e também teve um representante da casta humorística. Seu nome é bem conhecido, porém nem sempre é descrito nessa função, e seus atos de heroísmo contrastam com sua profissão. Estou falando de Sir Dagonet, o bobo da corte.
Stultorum Plena Sunt Omnia
(Tem bobos em todo lugar)
Perdido na lenda celta, encontramos a primeira evidência em Lailoken (provavelmente uma deformação de "lalockin", traduzido como irmão ou gêmeo). É a história de um homem selvagem das florestas, e foi mencionado nos contos de St. Kentigern, para quem profetizou uma morte por apedrejamento, empalado e afogado (como em toda lenda, o impossível aconteceu). Em outro conto de Lailoken, ele conta para o rei que sua rainha é adúltera através de uma charada, e sua tripla morte acontece quando o rei entende o significado da tal charada.
Lailoken é descrito geralmente como um grande guerreiro que enloqueceu ao ver morrer seus homens em uma batalha que ele mesmo provocou. O rei de um dos lados, Rydderch, foi casado com a irmã de Lailoken, Gwenddydd (sim, com quatro "d"). Lailoken, profeta e bobo da corte de Rydderch, não somente começou a batalha, como supostamente até trocou de lado e chegou a lutar com seu cunhado.
Nosso já conhecido Merlin é provavelmente uma derivação da história de Lailoken, ou pelo menos ele influenciou a lenda do Merlin. Em várias historias sobre o Merlin (já no periodo arturiano) é dito que Merlin tem uma irmã gêmea chamada Gwenddydd, e a própria charada do Lailoken usa o nome de Merlin:
Pierced by a spear, crushed by a stone
and drowned in the stream's waters,
Merlin died a triple death.
Atravessado por uma lança, destruído por uma pedra
e afogado nas correntezas
Merlin morreu uma tripla morte.
Por outro lado, Sir Dagonet provavelmente nasceu da cabeça de Malory, já que não consta nenhuma menção anterior do seu nome na lenda arturiana. Por esse motivo, podemos dizer que Sir Dagonet nasceu junto com Le Mort d' Arthur, de 1470.
Dagonet aparece numerosas vezes nos contos arturianos: ele foi mandado para lutar contra um cavaleiro, somente para constranger o tal cavaleiro por lutar contra o bobo da corte. Em outra ocasião, Tristão afundou Dagonet em um córrego até a cabeça (Tristão estava na época meio chapado com o lance da Isolda...). Dagonet já se fantasiou de Lancelot para amedrontar o rei Mark de Cornwall, e o fez recuar de uma batalha. Ele é descrito como um covarde, mas quando sua esposa foi seqüestrada ele mesmo perseguiu o malfeitor o cobrou justiça com suas mãos, matando quem o ofendeu.
Essa imagem do Dagonet covarde vai de encontro com a visão que temos dele no filme King Arthur, onde Dagonet não somente é um valente cavaleiro, como se sacrifica em um lago congelado para que o resto da companhia possa fugir da exército saxão.
Será que o filme pegou carona na história de Lailoken, que foi um grande guerreiro até pirar de vez?
Lailoken é descrito geralmente como um grande guerreiro que enloqueceu ao ver morrer seus homens em uma batalha que ele mesmo provocou. O rei de um dos lados, Rydderch, foi casado com a irmã de Lailoken, Gwenddydd (sim, com quatro "d"). Lailoken, profeta e bobo da corte de Rydderch, não somente começou a batalha, como supostamente até trocou de lado e chegou a lutar com seu cunhado.
Nosso já conhecido Merlin é provavelmente uma derivação da história de Lailoken, ou pelo menos ele influenciou a lenda do Merlin. Em várias historias sobre o Merlin (já no periodo arturiano) é dito que Merlin tem uma irmã gêmea chamada Gwenddydd, e a própria charada do Lailoken usa o nome de Merlin:
Pierced by a spear, crushed by a stone
and drowned in the stream's waters,
Merlin died a triple death.
Atravessado por uma lança, destruído por uma pedra
e afogado nas correntezas
Merlin morreu uma tripla morte.
Por outro lado, Sir Dagonet provavelmente nasceu da cabeça de Malory, já que não consta nenhuma menção anterior do seu nome na lenda arturiana. Por esse motivo, podemos dizer que Sir Dagonet nasceu junto com Le Mort d' Arthur, de 1470.
Dagonet aparece numerosas vezes nos contos arturianos: ele foi mandado para lutar contra um cavaleiro, somente para constranger o tal cavaleiro por lutar contra o bobo da corte. Em outra ocasião, Tristão afundou Dagonet em um córrego até a cabeça (Tristão estava na época meio chapado com o lance da Isolda...). Dagonet já se fantasiou de Lancelot para amedrontar o rei Mark de Cornwall, e o fez recuar de uma batalha. Ele é descrito como um covarde, mas quando sua esposa foi seqüestrada ele mesmo perseguiu o malfeitor o cobrou justiça com suas mãos, matando quem o ofendeu.
Essa imagem do Dagonet covarde vai de encontro com a visão que temos dele no filme King Arthur, onde Dagonet não somente é um valente cavaleiro, como se sacrifica em um lago congelado para que o resto da companhia possa fugir da exército saxão.
Será que o filme pegou carona na história de Lailoken, que foi um grande guerreiro até pirar de vez?
3 comentários:
Palhaços são medonhos mesmo. Perfeitos pra serem monstros em filmes :-)
E até isso tem representação na lenda, que legal! Mas é engraçado como os autores (ou roteiristas) não se contentam com a lenda e sempre criam novas versões com personagens opostos...
Beijos!
eu não gosto muito dos personagens do circo, nem era muito fã dos bobos da corte, mas todos tiveram papéis importantes na história, principalmente para mostrar a hipocrisia nos castelos. beijos, pedrita
Fiquei com medo de verdade dessa foto.
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