Cadê O Respeito?!?!?

Então... essa foi uma das frases que mais ouvi na Segunda-Feira, tentando chegar em Curitiba de avião. Entre uma coisa e outra, levei 23 horas para fazer um trajeto de 400 Km, coisa que não me deixou nem um pouco contente (e logicamente acabou com qualquer agenda que eu tivesse planejado). Em resumo, acabou agora uma semana atípica, porém sem conseguir escrever nada durante a semana para ter o que postar neste fim de semana (e agora são vocês que gritam "cadê o respeito!!".. hehe).
Como falei a semana passada, sem saber como iam ser as coisas decidi não me comprometer com assunto nenhum, mas isso não pode passar de hoje. A decisão foi tomada, e cheguei no consenso comigo mesmo (afinal, só precisava da minha opinião enquanto não tiver uma equipe de redação) sobre o assunto que receberá updates durante o andamento da semana.

A partir de hoje, e por inspiração da minha passagem por um posto de gasolina em Registro às 11 da noite na Segunda-Feira, falarei de alguns objetos míticos que circundam a lenda arturiana, como o Graal, Excalibur, Stonehenge... lanço também a proposta, tem curiosidade em algum item? Comentem!



Agora a escrever... me aguardem, eu voltarei!

Meu Lar É Meu Castelo - Na Lenda (Finalmente...)

Oh, amigo, pra chegar em Camelot?


Uma rápida revisão de alguns dos tantos castelos na lenda arturiana:

Camelot: Capital de Logres, ao sul da Inglaterra. Era o centro de todos os grandes acontecimentos; foi aqui que Arthur foi coroado rei, aqui que surge a távola redonda e a busca do Graal. Diz a lenda que o castelo era tão monumental que ocupava o morro ao ponto de ofuscar a visão.

Corbin: castelo amaldiçoado, que não deixava ninguém repousar nele. Criaturas amaldiçoadas atacavam os visitantes que tivessem a coragem de dormir nele, mas foi neste castelo que Lancelot achou a cura de um surto de loucura temporária. Se não lembro errado, foi a própria Morgana que cuidou de Lancelot neste castelo durante esse periodo.

Guarda Alegre: este castelo de nome "colorfully friendly" que Lancelot e Guinevere se encontravam às costas do Arthur, e onde aconteceu a traição de fato. Traição à confiança do Arthur, mas ao mesmo tempo a entrega ao amor proibido entre os pombinhos. Lancelot passou seus últimos dias como religioso neste castelo.

Tintagel: Uma das histórias mais interessantes de toda a lenda acontece neste castelo: o nascimento de Arthur, através do encontro entre a rainha Igraine e o rei Uther. O detalhe é que Uther foi fantasiado através de magia como o marido de Igraine, e conseguiu fecundar a rainha com apenas este encontro furtivo e intrigante. Esta cena está muito bem produzida no filme das Brumas de Avalon; é um caso de fertilidade surpreendente mais o "tiro certo" do Uther. Oh pontaria... mas o destino era que Arthur nascesse deste encontro.

Avalon: a história não deixa claro se a ilha de Avalon possuia ou não um castelo, mas é aqui que acontece o encontro com Nimue, a dama do lago, que entrega Excalibur para Arthur. A espada retornaria ao fim para as mãos de Nimue, mas pelas mãos de outra pessoa. E pela enéssima vez, a espada que Arthur tirou da pedra não era Excalibur, era uma espada qualquer!!!

Camelerd: o lar do rei Leodegrance, pai de ninguém menos que a Guinevere. Loedegrance foi salvo por Arthur com a ajuda de outros reis, e foi aqui que Arthur conheceria sua esposa.

Carbonek: também conhecido como Corberic dependendo a versão da lenda, era aqui que supostamente estaria escondido o Santo Graal. Este castelo ficava oculto, e somente os dignos e limpos de coração podiam achá-lo. Cada lenda esconde o castelo como acha melhor, seja através de magia, seja colocando ele no mar ou defendido por leões.

Castelo do Rei Marcos: não lembro se o castelo dele tinha algum nome, mas cabe mencionar ele como Rei da Cornualha, e inimigo declarado do Arthur por ele ter acolhido Tristão, sobrinho do Marcos. Tristão apenas aprontou com quem não devia: ficou com Isolda, a mulher do seu tio. A história de Tristão e Isolda merece um post só para ela, portanto me aguardem.

Tem muitos outros castelos e territórios na lenda, mas vou deixar para cuidar de cada lugar em particular, na hora certa de contar os fatos que envolveram cada um.

Eu só queria uma xícara de chá...

O mega-post sobre castelos acaba aqui, espero tenham gostado! Não decidi ainda o assunto para o próximo post, já que não faço idéia quanto tempo livre vou ter para escrever, nem se vou ter acesso a Internet para isso. Portanto, na próxima semana: surpresa! (até para mim...)

Meu Lar É Meu Castelo: Vivendo Como Um Rei?

Living La Vida Loca

O post anterior acabou comparando os castelos-fortaleza com aqueles criados somente como moradia real. Pelas fotos que a Marion mostrou no blog do seus passeios nas férias e como vimos em tantos filmes, temos provas de que a vida dos senhores dos castelos modernos era muito luxuosa, farta, regada a luxo. Mas, como era a vida dentro de um castelo medieval?

A realidade é que os castelos medievais não ofereciam estrutura ou conforto para seus ocupantes. A rotina de um castelo começava bem cedo. O senhor do castelo e sua familia acordavam no quarto, rodeados de empregados (muitos deles dormiam no chão desse mesmo quarto!). Depois de se vestirem, os senhores tinham seu café da manhã no salão, geralmente pão, queijos... Logo depois, participavam da missa na capela do castelo.

O almoço tinha vários pratos principais; algumas vezes, o almoço contava com malabaristas para entreter. Depois do almoço, o senhor cuidava das tarefas administrativas: cuidar dos impostos, da justiça, dos problemas. A senhora cuidava da educação dos filhos e do serviço do castelo, conferindo que tudo esteja em ordem com os empregados.

Chegada a noite, uma sopa, e volta para o quarto, mais uma vez rodeados de empregados. De fato, a vida no castelo não era fácil nem para os senhores, nem para a "plebe".

Cada castelo é único, desde a pedra fundamental até o escudo da familia. Ainda assim, os castelos tinham algumas coisas em comum no que diz a sua estrutura. Praticamente todos os castelos contavam com um salão onde eram servidas as refeições, que era o equivamente a um quarto amplo com pequenas janelas fixas sem vidros na parte superior, e servia de dormitorio para os empregados no final do dia.
Outras dependências comuns nos castelos eram os armazens, onde grãos e carnes salgadas ficavam estocadas. A cozinha geralmente ficava afastada, para diminuir a chance de provocar incêndios.
Todas as manhãs, a capela tinha missa: as vezes as capelas tinham dois níveis, assim os empregados ficavam na parte baixa enquanto os donos de casa ficavam na parte superior. Em outros castelos, a capela era subterránea.
Banheiro? Essa era uma das exclusividades do senhor de casa, embora contava apenas com o vaso, que conectada a um sistema de calhas descartava tudo em uma fossa.
Os castelos sempre eram instalados perto de alguma fonte de água, e também recolhiam água de chuva do telhado em cisternas dentro dos muros.
Finalmente, todos os castelos tinham uma torre. A torre tinha vários andares, e servia para vigiar as redondezas, e no caso de uma invasão era o último refugio usado pelos donos do castelo. Ela era o ponto mais facil de defender do castelo, e geralmente continha mantimentos que permitiriam um cerco durante um certo tempo até as coisas se acalmarem ou enquanto chegavam reforços.

Na próxima e última edição do assunto castelos, vou falar dos castelos da lenda arturiana (por fim!!)

Meu Lar é Meu Castelo

Aula de História

O assunto desta semana gira em torno a tudo o que se refere a castelos. Por isso, vamos nos ambientar primeiro com um pouco de história, para depois entrar na questão épica da coisa.
Os castelos sempre tem chamado a atenção de crianças e adultos; afinal, era o lar de reis e rainhas, príncipes e princesas e seus cavaleiros. Os contos infantis andam de mãos dadas com o medieval; os castelos sempre foram um cenário recorrente, com donzelas de longos cabelos prisioneiras em torres, bruxas com espelhos falantes, e palco de danças onde se encontram sapatinhos de cristal e feras com louça dançante.
A Disney traduziu estes contos para uma linguagem animada, visual e musicalmente esplêndida. Nesta tradução foi incorporada a imagem do castelo medieval, com torres altas de tetos cônicos e bandeirinhas coloridas. O exemplo mais massivo desta visão aparece nos castelos dos parques temáticos.

O velho Walt (nem eu nem o de Lost, o Disney) não se inspirou em um castelo antigo para fazer os dos seus parques; na verdade ele seguiu a mesma idéia de um jovem rei alemão, que fez um castelo novo só para ele com cara de antigo e o resultado foi tão espetacular que Disney usou esse castelo como modelo base para os seus. Ainda vou falar desse rei e seu castelo dos sonhos.

Os castelos desempenharam diversas funções durante sua existência. No começo, as fortificações serviram de proteção para a familia real durante os periodos de guerra. Eram fortalezas desenvolvidas para suportar investidas ferozes, enquanto mantém uma vida quase normal para seus hóspedes. Tirando a primeira linha de defesa (arqueiros, caldeirões com oleo quente e outras sutilezas) o castelo fornecia abrigo para "as oligarquia das elite" como também os plebeus que se encarregavam dos mantimentos. Pode parecer tiránico, mas as pessoas que conseguiam ficar por perto dos poderosos (mesmo que seja para os serviços mais básicos) garantiam a segurança deles e de suas familias, ficando dentro dos muros.
Com o fim dos sitios aos castelos, os mais afastados perderam sua função ou se transformaram em pequenas guarnições militares, enquanto outros com localização avantajada se converteram em residência de verão de reis ou príncipes. O conceito de castelo/palácio não serve aos objetivos de proteger a vida nem os bens dos seus ricos proprietários, serve apenas para moradia de luxo. Muitas propriedades foram chamadas de castelos por albergar governantes, sem lembrar em nada o formato de castelo que conhecemos. Um ótimo exemplo disto são os castelos franceses, entre eles o Louvre (hoje transformado em museu).

Verdade/Mentira

Então... Disney fez o desenho do seus castelos se inspirando no visual do castelo Neuschwanstein, na Alemanha. Tive a oportunidade de visitar este castelo duas vezes até hoje, a última delas faz bem pouco tempo, nas semanas de férias. Visitem o velho blog da Marion para ver um pouquinho mais do lado lúdico do passeio, sei que vão gostar. Este castelo foi construído por ordens do jovem rei Ludwig II, conhecido como o rei louco pelos gastos exorbitantes que ocasionou ao reino da Baviera. Ele morreu sem sequer usar seu castelo de sonhos como moradia; ele foi afastado do cargo de regente da Baviera alegando sua saúde mental, e curiosamente no dia seguinte ao seu afastamento acharam seu corpo morto por "afogamento" em um lago bastante raso.
O castelo é um legado ao bom gosto do rei, que construiu no século 18 um castelo com visual medieval em um local impressionante, mas sem abrir mão do conforto nem dos seus gostos pela cultura e arte. As salas do castelos são ricamente decoradas com cenas de peças teatrais e grandes operas, lendas gregas e contos de Shakespeare. No quarto particular do rei, a decoração e até a mobília homenageia o conto de Tristão e Isolda. As lendas arturianas são revisitadas com a história do Perceval contada nas paredes e no teto do salão principal.
É um castelo belíssimo, candidato ao estranho concurso das 7 Maravilhas Modernas que aconteceu faz pouco, mas...
Mas, é um castelo "estético". Ele não tem nenhum tipo de defesa; é uma representação puramente poética do que seria um castelo medieval, porque a crua realidade é que esse castelo seria facilmente invadido.

Em outra oportunidade fui até Salzburg na Austria, cidadezinha do Mozart. Além do nome ilustre, esta cidade me esperava com um castelo monumental, e o mais interessante, um castelo de verdade.


Este castelo passou por varias reformas na medida que seus ocupantes trocavam, com o que a arquitetura dele é bastante particular, mas em todos os casos é estritamente funcional. Muros, torres de defesa, novos muros, interligações entre os prédios foram incorporadas cada vez que a necessidade apertava, como foi no caso de refugiar mais pessoas ou estocar munição. Com a vinda da pólvora, mais reformas. Este castelo foi o único que vi na minha vida com marcas de bala de canhão nos muros, arquibancadas de tiro e um acesso complicadíssimo se quem está dentro decidir que você não deve entrar. Este castelo tem por nome Festung Hohensalzburg (Fortaleza Alta de Salzburg).

Este castelo guarda uma história bem pitoresca: durante um dos tantos sitios (sitio: ato de fechar todas as saídas de uma fortificação para evitar a fuga do seus ocupantes) os moradores da cidade pediam a renuncia do arcebispo, refugiado no castelo. Eles sabiam que cedo ou tarde teria que ceder, porque os mantimentos acabariam e o arcebispo se veria forçado a aceitar as condições do povo. A coisa ficou feia e após algumas semanas, sobrou apenas uma vaca. Como isto não era de conhecimento público para quem estava do lado de fora, o arcebispo teve uma idéia bastante inusitada: mandou um criado passear com a vaca por um dos corredores altos, de onde todos os cidadãos abaixo podiam vê-la. No dia seguinte, pintaram a vaca de preto (passaram carvão na coitada), e passearam de novo pelo corredor alto com ela. Mais um dia, e pintaram a vaca de branco. Depois, de cores misturadas.
O povo se convenceu de que o castelo estava muito bem abastecido, e que o sitio era inutil. Sim, o plano deu certo, e em homenagem à vaca que salvou o arcebispo a mesma nunca foi abatida, e uma estatua da vaca existe até hoje no patio do castelo.

E Camelot?

Quando comecei a escrever sobre este assunto, logo percebi que teria que separar o post em vários menores. Vontade de colocar tudo como um post único não faltou, mas estive tão ruim esta semana no quesito saúde que não tive nem condição de pesquisar e pensar em como iria compor o blog, quanto menos para escrever. Confesso, escrevi este post meio que às pressas, mas prometo completar o resto do assunto no que vai da semana. Até o próximo fim de semana o assunto muda, mas por enquanto vão ter que me aturar falando de castelos!!!

Merlim? Que Merlim?

ATENÇÃO: este é um blog semanal, portanto não precisam ler tudo de uma vez, hehe.. meus posts serão geralmente longos, portanto aproveitem as divisões de assunto no post para distribuir a leitura durante a semana. Agora sim...

Quando pergunto para qualquer pessoa se sabe quem é o Merlim (aquele do Rei Artur, sabe?), todo mundo diz conhecer... O que é bem provável. O que as pessoas não devem conhecer ao certo é quantos Merlins há descritos por aí, e qual deles conhecem de fato. Cada autor colocou sua marca pessoal na descrição do feiticeiro mais badalado da Idade Media, e é disso que vamos conversar hoje. Sim, conversar, porque blog também é interativo!
Então, começando pela descrição mais popular de todas:

O Merlim Feiticeiro



Todo mundo lembra do Merlim como um grande mágico (não exatamente como no desenho acima), mas acho que ele não é conhecido por nenhuma mágica em particular. Na verdade, após pensarem uns segundos, todo mundo lembra exatamente do mesmo momento mágico: o jovem Artur tirando a espada da pedra.
A quem devemos a imagem de bruxo? Afinal, de onde veio toda essa lenda, se ninguém lembra das mágicas dele? É por isso que vamos revirar a biblioteca para contar um pouco melhor de onde vem e
sse bruxo famoso.
Material de consulta: "A História do Mago Merlin", de Dorothea e Friedrich Schlegel. No meio do tumulto da guerra Napoleónica, este simpático casal chega em Paris em 1803, e recopila em um único livro as melhores histórias románticas do periodo medieval. Dorothea era 9 anos mais velha do que seu "namorido", e precisava dele para publicar suas obras; uma mulher de espírito inquieto, que nessa época lutava pela emancipação dos direitos das mulheres, e era filha de um berlinense influente no senado.
O curioso desta coleção de histórias envolvendo o Mago Merlin (como vo
u chamá-lo daqui em diante), é que a lenda foi alimentada pelas mais diversas origens; as lendas nórdicas serviram de base para escritores alemães, que por sua vez tiveram seus textos traduzidos e enriquecidos por poetas italianos, caindo nas mãos de mais e mais pessoas que fizeram a lenda crescer ainda mais.
Não posso colocar aqui todas as histórias do livro, nem colocá-las por inteiro, mas vou me esforçar por resumir apenas alguns episódios.

A torre do Rei Vortigern

Vortigern era um homem poderoso e respeitado, que usurpou o trono dos filhos do rei Constans, (eram eles Moines, Uter e Pendragon). O primeiro deles e mais velho foi morto por ordens e intriga do próprio Vortigern, o que fez os tutores dos outros meninos fugirem para o estrangeiro. Vortigern fez muitos inimigos pelas suas decisões, mas especialmente por ter desposado uma mulher não-cristã (e eu tenho certeza que essa é mais um dos detalhes da lenda que devemos aos frades faze
ndo as traduções, porque não tem cabimento na trama).
Ciente do risco dos herdeiros do trono voltarem, Vortigern mandou fazer uma torre onde pudesse se refugiar em caso de uma emergência. O problema foi que a torre não parava em pé. Cada vez que a construção chegava em uma certa altura, o chão tremia e a torre simplesmente se desfazia em cacos.
Vortigern chamou toda classe de adivinhos para interpretar o motivo pelo qual a torre não vingava. Todos os adivinhos chegaram na mesma conclusão, porém ésta não tinha relação com a torre: eles morreriam por causa de um menino chamado Merlin. Foi assim que os adivinhos disseram para Vortigern que deveria derramar o sangue de um menino com as caracteristicas do Merlin para que a torre não caísse. Ô galera esperta... tirando o corpo fora.
Enfim, foram atrás do Merlin, que ao encontro com os guardas deu provas de não ser qualquer menino; imediatamente descreveu toda a cena que os adivinhos fizera
m para Vortigern, e disse que se poupassem a vida dele, ele daria os verdadeiros motivos para a torre cair. Os guardas ficaram espantados com o garoto, e levaram ele até o Vortigern.
Chegando lá, Merlin pronunciou que se estivesse errado, podiam fazer com ele o que os adivinhos quisessem, mas se estivesse certo, então o destino dos adivinhos seria o que desejaram para ele. Feito este acordo, Merlin falou:

Embaixo da torre (não muito fundo) passa um rio subterrâneo, e aos lados dele descansam dois dragões, um branco e o outro vermelho, onde um não pode ver o outro. Eles sustentam dois rochedos que acabam sustentando a torre, mas peso da torre é demais para eles. Por esse motivos se estremessem, o chão treme e a torre cai.

Ele disse também que os dragões sairiam para a superficie quando sentissem o ar, e lutariam entre si até a morte. O dragão branco era menor, mas venceu a batalha soltando labar
edas que queimaram o dragão vermelho. Tudo aconteceu como jovem Merlin disse.

Esta luta ainda se revelaria um simbolismo dos atos que estavam para acontecer, onde Vortigern (repressentado como o dragão vermelho, poderoso e rico) morreria queimado na sua própria torre pelos filhos do rei Constans, que foram repressentados pelo dragão branco.

Pendragon virou rei, e venceu muitas batalhas ao lado do seu irmão Uter, mas o destino quis em uma batalha onde cada um coordenou um exército próprio para cercar o inimigo, a batalha foi terrível, e mesmo vencendo, Pendragon não resistiu e tombou morto. Com isso, Uter assumiu o reino e o nome do seu irmão, virando o famoso Uterpendragon. O túmulo de Pendragon pode ser visto até hoje com as pedras que o Merlin trouxe sozinho da Irlanda, e que conhecemos como Stonehenge. Temos que enxergar a lenda na época que ela foi escrita; não tenho nenhuma dúvida de quanta curiosidade inspirava um monumento como Stonehenge na Idade Media, e fazer dele o túmulo de um rei lendário é uma desculpa ótima para poetas inspirados.

O Menino Merlin

Quantos de vocês sabiam antes de ler aqui que o Merlin era filho do capeta? Sério! Bom, tão sério quanto a lenda, claro. Merlin é filho de uma artimanha do Demon
io, que em inveja de Deus por ter um filho como Jesus para salvar a humanidade de seus pecados, ele mesmo quis ter um filho na terra para condenar a humanidade por toda a eternidade. Mais um aporte criativo de nossos amigos os frades e suas liberdades de tradução.
As coisas não sairam nem um pouco do jeito que o diabo amassou, e a jovem virgem grávida (a Maria do mal) era uma mulher muito piedosa, e a criança ganhou os poderes do diabo no corpo, mas a razão de Deus no coração e a mente. Assim, Merlin tinha poderes vindo de cima e de baixo da terra; o moleque era o bicho. Poder de profetizar, essa foi a principal dádiva de Deus, e a que mais aparece nas lendas.

O Merlin Malandro

Gosto muito da versão malandrona criada por
Cornwell sobre o Merlin, mas falo disso daqui a pouco. Ainda mantendo as historias coletadas pelo casal Schlegel, o conto da espada na pedra é uma das malandragens mais geniais de Merlin; era a maneira de fazer o jovem Artur ganhar o reino e ser respeitado por todos, mesmo sendo apenas um jovem desconhecido (até revelar suas origens de sangue como filho do rei Uter). Merlin passa a maior parte do tempo aparecendo sem ser chamado e sumindo quando todos precisam de conselho. Usa seus poderes para se fantasiar de velho, de criança, de mulher, tudo para direcionar os eventos do jeito que é interessante para ele. Mas, como malandro de novela, acabou ensinando o único feitiço que podia parar ele para uma mulher, que foi quem finalmente o aprisionou como eterno amante.

Bernard Cornwell criou um outro tipo de malandro para sua releitura da lenda arturiana; absolutamente todas as pessoas estão convencidas dos grandes poderes do Merlin, o Druida; não saem de casa se ele disser que a lua está ruim, ou o vento acordou virado. Ele é muito poderoso e influente, mas não passa de um esperto malandrão; todas as grandes mágicas dele se baseiam no medo e desconhecimento das pessoas. Os soldados na sua simplicidade e ignorância confiam cegamente nas "macumbas" do Merlin, que não passam de encenações. Tem algumas que são particularmente engraçadas, como a serie de sinais de que os deuses estavam do lado dele. Ele tem uma pupila, a Nimue, que aprendeu de cor cada uma de suas artimanhas, e dá shows de interpretação aumentando ainda mais a lenda. Crendices populares, a arte de fazer política até nos dias de hoje.

Merlin, a lenda

No fim das contas, quando surgiu Merlin? Tudo indica que a referência mais antiga vem dos escritos do bispo Geoffrey de Monmouth por volta do ano 1100. Ele foi o primeiro a introduzir um poderoso feiticeiro como conselheiro do Arthur, e capaz das grandes façanhas contadas nas histórias. Como disse ao principio, cada escritor colocou sua pitadinha de criatividade, o que fez a lenda se adaptar às epocas. O melhor exemplo disso é fazer dele um druida, um feiticeiro, ou um filho do ceú e do inferno ao mesmo tempo.

Gostaram? Ficou longo? Ficou curto? Querem saber mais? Só na semana que vem!

Na próxima semana: meu lar é meu castelo!