Press "A" to ContinueOs que me conhecem sabem que curto muito videogame, ou como fala quem não entende muito da coisa, joguinhos de computador. Os tais "joguinhos" geralmente levam anos de desenvolvimento (tirando as palhasadas sofríveis que vemos hoje em formato flash na internet).
Tudo começou com o lançamento de algumas plataformas de jogo bem básicas, que dava para conectar na TV de casa e curtir o tal entretenimento eletrônico, onde posso colocar o Atari 2600 e o Coleco Vision como os primeiros consoles que vi e joguei. Lembro de algumas tardes curtindo River Raider e Adventure acompanhados de o copo de achocolatado e algum biscoitinho.
Nos anos 80 surgiu a possibilidade de ter um computador doméstico, coisa impensável antes dessa década. Digo, quem ia ter um computador em casa? Isso era coisa de cientista. Que cálculo você teria que fazer em casa para precisar de um HC (Home Computer)? Por isso, abençoados sejam os desenvolvedores de jogos, que alavancaram as vendas desses computadores e trouxeram a curiosidade para milhões de lares, onde crianças hoje adultas desenvolveram seus talentos na frente da TV. Os programadores mais experientes e atuais diretores de empresas desenvolvedoras de jogos vem de essa época, jogavam os mesmos jogos que eu joguei e tem básicamente as mesmas lembranças que eu tenho de como era legal jogar desse jeito.
Nessa mesma década de 80, as desenvolvedoras destes computadores tiveram que tomar uma decisão inevitável: ou continuavam trabalhando com computadores domésticos, ou partiam de vez para a industria do entretenimento, fazendo consoles de videogame. Entenda-se por console a caixa sem teclado, apenas joysticks, e sem possibilidade de programação pelo usuário. Estes consoles teriam como uso primário e fundamental os jogos. Era um modelo arriscado, afinal era de certa forma "a volta ao Atari". Mas quem fez essa aposta acertou, e assim surgiram Nintendo, Sega, e outras que entraram na jogada mais tarde. Até mesmo empresas que se dedicavam puramente a software acabaram investindo nesse nicho mais tarde (como a Microsoft com seu XBox), ou pessoas que eram completamente alheias a esse ramo (como a Sony, com o seu Playstation).
Tem uma história muito legal por trás da evolução dos consoles e dos próprios jogos, histórias que espero não se percam no tempo. Ainda bem que com a internet, tem muita gente escrevendo coisas parecidas à que escrevi acima :-)
Tem uma coisa só que me revolta, e fiquei contente de ver que tem muita gente que compartilha esse pensamento: a arte de jogar anda um pouco esquecida. Nessa sede absurda de fazer dinheiro de qualquer jeito, surgiu uma tendência de "idiotizar" os jogos. Tem uma leva gigantesca de jogos que são planamente idiotas, simplesmente muito fáceis, ou que nada tem a ver com jogar videogame. São empreendimentos puramente comerciais, sem outro objetivo que fazer grana. Não tiro deles o fato de muitas vezes serem divertidos, mas videogame não é só diversão, é também desafio. E especialmente, criatividade.
Leio vários blogs através de RSS, e um dos que curto bastante (mesmo com a baixa frequência que publica) é o VGCats. A idéia desse blog é sobre dois gatos que jogam videogame, e o autor coloca estes gatos dentro dos jogos em situações totalmente absurdas. É um humor muito azedo, e reconheço que não é para qualquer um. Tem algumas piadas em particular que ultrapassam o limite do bom senso e podem considerarse de péssimo gosto, mas eu acho renovador ou mesmo refrescante ver gente que não se importa com isso, que não liga para moralismo chato, e que usa a internet para usufruir da liberdade de expressão. E cada vez que foram massacrados nos comentários, simplesmente vieram com um balde de água ainda pior na próxima edição. Bom a questão é que o post desta semana no VGCats
falou exatamente do que comentava acima, de como os jogos estão idiotizados, e me deu a idéia para postar esta semana.
Vi muitos jogos onde quando aparece uma cena de ação e tem que apertar um determinado botão ou fazer qualquer ação, aparece essa ação na tela. Digo, qual a graça se não posso sequer descobrir o que tenho que fazer? Esse tipo de jogo limita a experiência a apertar botões, e jogar é muito mais do que isso.
Eu lembro muito bem que me juntava para jogar com amigos, e a grande maioria dos jogos eram para jogar em conjunto. Tenho verdadeira saudade da tela dividida. Hoje, quem quer jogar a dois tem que combinar,
e cada um vai para sua casa para jogar online um contra o outro. A exceção a isto são os jogos de luta e de esportes, mas hoje nem mais os jogos de corrida usam tela dividida. E como fica quando você quer juntar gente na tua casa para curtir uns jogos?
Hoje tem uma leva de jogos que não são exatamente jogos, são algum outro tipo de diversão eletrônica que rola usando os consoles existentes e controles específicos, desenvolvidos apenas para esses jogos e que não servem para nenhum outro. Exemplo: Guitar Hero, Rock Band, Screen It, Lips... Para mim, por mais que ache extremamente divertidos, não são jogos. São imitações de coisas que poderiamos fazer na vida real, como tocar guitarra, participar de uma banda, uma gincana de perguntas e respostas ou karaokê, respectivamente. E posso garantir para vocês que não tem a menor graça de jogar sozinho. Quer dizer, a verdadeira diversão desses jogos é o fator social, juntar a galera para jogar e dar risada. O jogo não é divertido, o divertido é o sarro de fazer isso entre amigos.
Bom, dei meu rant, e desviei totalmente do assunto que ia postar hoje... vamos voltar ao ponto.
Up, Up, Down, Down, Left, Right, Left, Right, B, A, Select, StartQuem segue o blog deve lembrar que joguei o Dark Age of Camelot durante quase dois anos. Era ótimo ver um jogo bem feito, que respeitou o legado arturiano e se valeu dele para criar un jogo sensacional. Mas o DAoC não foi o primeiro jogo baseado em lendas arturianas; nossa querida Camelot tem inspirado os desenvolvedores de jogos desde o começo, e vou compartilhar com vocês um curto passeio por alguns desses jogos. Nem de perto pretende ser uma lista completa, mas apenas um passeio do que considero criatividade sobre um mesmo assunto.
Atari 2600: O ConsoleEncontrei dois títulos que quero compartilhar do console que para mim foi o pioneiro dessa historia toda. O Atari 2600 foi um console bem limitado em recursos, embora ele foi o precursor de um bocado de tecnologias usadas até hoje, e dono da maior lista de copyrights de idéias, entre elas "mover um objeto na tela usando um joystick", ou "juntar pixels para representar caracteres". O hardware de 1976 era bem limitado, com apenas 128 bytes de RAM. Quer dizer, o parágrafo acima não cabe na RAM de um atari. Mas ainda assim serviu de base para aprender a explorar ao máximo essas limitações, e fazer alguns joguinhos até que interessantes.
Atari 2600: King ArthurO jogo tem básicamente duas fases, dentro e fora do castelo. O lance é desviar dos fogos dos dragões, e pegar os objetos. Idéia simples, mas nem por isso fácil de jogar. Bons reflexos são fundamentais.
Atari 2600: Sir LancelotO herói dos heróis do mundo arturiano também teve sua homenagem, neste caso cavalgando um pegaso (unicórnio alado) e enfrentando dragões em pleno ar. Os gráficos eram até que elaborados, com detalhe para o penacho no capacete do Lancelot.
Sega Genesis: O ConsoleO Sega Genesis foi o representante de 16 bits da Sega, e ainda trouxe a revolução de permitir diversos adaptadores, como o X32 que adicionava chips de 32 bits, ou o Mega CD, que adicionava um leitor de CD para jogos ainda maiores que os que cabiam em um cartucho.
Sega Genesis: The Legend of GalahadO filho de Lancelot foi o protagonista de um jogo muito bonito, um clássico jogo de plataformas onde na minha opinião o maior destaque foi a música: complexa, elaborada, e cheia de nuances.
O jogo ainda incluia a participação de Vivian, a dama do Lago nos "cutscenes", onde explicava cada missão. As missões geralmente envolviam pegar um objeto em uma ponta do cenário, e voltar para a outra ponta para usá-lo.
Super Nintendo: O ConsoleA Nintendo também teve seu console de 16 bits, e foi uma evolução digna do seu console anterior, o NES, que fez um sucesso estrondoso. O SNES trouxe uma nova riqueza de cores e sons, e junto a uma capacidade muito maior, permitiu o lançamento de títulos bem elaborados.
SNES: King Arthur & The Knights of JusticeEm um enredo bem "sessão da tarde", o Rei Arthur e seus cavaleiros são congelados por Morgana, e Merlin decide usar sua magia para trazer do futuro um time de jogadores de futebol americano, onde o líder deles é justamente um tal de Arthur King. O jogo começa em Camelot, onde os agora cavaleiros ganham armaduras, e o jogador escolhe 3 membros para formar uma equipe para a primeira missão.
O objetivo é juntar 12 chaves, uma para cada cavaleiro, e usá-las no fim para liberar o verdadeiro Rei Arthur do feitiço. O engraçado deste jogo (pelo menos para mim) é que um dos cavaleiros se chama Wally, modestamente.
Na imagem ao lado eu, quer dizer, o Wally veste sua armadura verde, com escudo luzindo uma águia azul.
O jogo me pareceu muito bacana, mesmo para o pouco que joguei para poder comentar; quem sabe dedique mais um tempo a ele e volte a escrever sobre essa experiência de 16 bits.
SNES: King Arthur's WorldO jeito mais fácil de explicar este jogo é dizer que se trata de um jogo de estratégia que usa um mecanismo de control muito semelhante o do Lemmings. Aos que nunca jogaram Lemmings, primeiro vou dizer que perderam de jogar uma das coisas mais divertidas que já foi feita em termos de videogame, e em segundo lugar, consiste em controlar um monte de unidades, soldadinhos ou como quiser chamar dando ordens simples, como andar, atacar, parar.
A potência dos consoles de 16 bits já permitiam o desenvolvimento de jogos de estratégia complexos, com múltiplas unidades, e o único pecado deste jogo é a falta de um mouse. Jogar este jogo com joystick é sofrível...
Só para comentar a evolução dos jogos, olhem o detalhe da torre do castelo na imagem ao lado, e comparem com os castelinhos do Atari 2600 acima... melhorou bem, né?
O Brilhante FuturoO
Arthur blogueiro me passou faz um tempinho uma notícia que tinha visto na internet, um lançamento para Wii chamado Sonic and the Black Night. Este jogo é a sequencia do primeiro épico do Sonic, chamado de Sonic and the Secret Rings. Nesta inspiração arturiana, o inquieto e pontudo azul tem a oportunidade de ajudar uma feiticeira chamada Merlina, e para isso ganha as vestes de cavaleiro, e uma espada. Os controles são a parte mais legal, onde o nunchuck controla os movimentos sempre histéricos do Sonic, enquanto o Wiimote serve como espada. Quem for jogar, cuidado com os objetos e outras pessoas por perto. o Wiimote machuca.
Mas o que mais me animou foi descobrir que uma empresa de software húngara (a
NeoCore) decidiu fazer um jogo de estrategia com elementos de RPG baseado no universo arturiano, e pelas imagens que vi no site deles está ficando um baita Lord of The Rings. Em poucas gírias, o jogo tá animal. E o melhor de tudo, está previsto para 2009. Só para não me animar depois, vou esperar pelo jogo no primeiro semestre de 2010. E por um jogo assim, troco de PC facinho facinho. Esta obra de arte se chama "
King Arthur - The Wargame", e podem conferir mais detalhes no link acima. Termino o post com telas do jogo (clicar nas imagens para ampliar):
Mapa e Tela de Objetivos. Amanhecer em Camelot. Os Cavaleiros do Rei. Só tenho uma palavra para vocês: Promete. Confiram o vídeo no site, com imagens reais do jogo, e pasmem.
Até a semana que vem!