Dissipando as Brumas

Segunda-Feira. Finalmente acabei a epopéia de ler "Las Nieblas de Avalon", livro da Marion Zimmer Bradley. É claro quea demora não foi pela dificuldade de compreensão do idioma, mas pela extensão da história que se estende ao longo de mais de 850 páginas. Tanto é assim, que esse único livro foi relançado recentemente no Brasil como uma coleção de quatro livros separados vendidos em um box.
De fato o "Nieblas" é separado internamente em 4 livros, provavelmente por razões editoriais, como ocorreu com o Senhor dos Anéis.

Gostei do final. Gostei do quarto livro na verdade, onde todos os cabos soltos são finalmente resolvidos.

A base da história nesta releitura da lenda arturiana não é ação, é sentimento. É um universo totalmente feminino explorado até a exaustão.

A história toda gira em torno de Morgana, que interpreta todos os papéis imagináveis: criança, filha, irmã, deusa, mãe, e outros mais estranhos como fada ou mesmo como visão da morte. Mas é como sacerdotisa de Avalon que desenvolve o maior dos papéis, ao buscar o tempo todo o equilíbrio entre o mundo que cultua a Deusa (Avalon) e o mundo dos homens, que se deturpa ante a crença de um Deus cristão.

Nenhum dos personagens que gostamos faltou nesta versão emotiva da história. Temos o Arthur como o irmão mais novo de Morgana, que acaba ganhando Excalibur e virando o rei da Bretanha. Temos os começos do conto com Igraine e Uther se encantando. Temos o triângulo pivô das tramas novelescas entre o Arthur, a Guinevere e o Lancelot. E temos no mínimo três Merlins. Porque no conto, o Merlin é um cargo, uma profissão, e não um nome.

Tudo gira em torno à Deusa. Os homens nunca aparecem como donos do seu destino; em tudo há o dedo de uma ou mais mulheres que manipulam suas decisões, que inclinam a balança de alguma forma. Isto me irritou muito durante os dois primeiros livros, mas não ao ponto de largar a leitura. Tenho que admitir que é um exercício literário e tanto criar uma história tão complexa, mas ao mesmo tempo confunde ao conhecer versões mais antigas da lenda. Várias sacadas me surpreenderam, mas a maior delas foi a maneira na qual Guinevere ficou finalmente com o Lancelot. Não vou comentar disso por aqui, para não estragar o conto para quem for ler.

Como toda novela feminina, tem poucas, bem poucas batalhas. Quando os homens vão guerrear, o conto simplesmente fala da espera das mulheres pela volta, e de como o inverno é ruim. Na volta deles, pouco se diz sobre o resultado das batalhas; se eles voltaram, é porque tudo correu bem e pronto. Nisso fiquei esperando mais.

Apenas as batalhas individuas, um contra um, "mano a mano" que as lutas ganham cores. Mas onde a descrição atinge o ápice são nos momentos de transe das sacerdotisas de Avalon, especialmente no caso das Damas, como Viviana ou a própria Morgana. São momentos de agitação atordoante, ao ponto ler mais de uma vez para entender o que aconteceu. Em alguns casos, o que aconteceu de fato é revelado mais tarde, e fica essa dúvida até chegar no tal parágrafo revelador.

Outra coisa que curti muito no livro (embora percebi isso somente perto do final) é a passagem do tempo. Acompanhamos a vida da Morgana de criança até bem idosa, e no caso do Arthur de antes do nascimento até o fim. No livro ocorrem guerras, viagens, trocam as estações, as pessoas se casam, tem filhos, os filhos crescem, e por aí vai. Tudo isso mostra nítidamente as nuances do avanço do tempo, e assim faz sentir que a história avança mesmo quando não ocorre nada extraordinario.

Provavelmente não leia este livro (ou são quatro afinal?) tão cedo de novo, até pela quantidade de outros livros que estão na fila. Entre eles, os outros livros que completam a trilogia de Avalon: "A casa do bosque" e "A Dama de Avalon".

De resto, fica a satisfação de finalmente ter lido e terminado esse livro fujão, que durante anos e anos não conseguia em lugar nenhum.

Até a semana que vem!

Internet, A Nova Alexandria

As vezes penso na internet como uma versão moderna e revisitada a Biblioteca de Alexandria. Para quem não lembra das aulas de História ou por umas e outras nunca ouviu falar, a Biblioteca de Alexandria foi o maior acervo de conhecimento da humanidade no mundo antigo, iniciada provavelmente por Ptolomeu uns 3 séculos a.C e destruída em 646 d.C na invasão árabe ao Egito. Contam os textos antigos que o acervo tinha mais de 600.000 papiros, mas outros cálculos rezam mais de 1 milhão de papiros. Todo esse conhecimento reunido em um só lugar, um hub de cultura dedicado à literatura e ciências. Só a idéia de um lugar assim é de arrepiar.

Penso na internet dessa forma, como um acervo gigantesco de conhecimento, parte ao alcance de nossas pesquisas e procuras, parte oculto por não conhecer o endereço, o idioma, ou mesmo não saber exatamente o que se procura.

Em 1996, um grupo sem fins de lucro (hoje chamados de ONGs) se associou para reunir um acervo de informações, e com ajuda de outros grupos e organizações criaram o www.archive.org. Este site reúne conteúdo que dificilmente encontraríamos de outra forma, especialmente livros bem antigos escaneados por parceiros como MSN, Yahoo e outros. É de uma série de livros que quero comentar hoje, disponíveis no archive.org para livre download.

Quero falar para vocês de uma série de livros sobre a lenda arturiana, escritos por Howard Pyle (1853-1911). É claro que não li os livros ainda, pelo menos não mais do que algumas páginas para poder escrever, mas estão na lista cada vez maior de pendentes para ler. Pyle escrevia livros como atividade paralela a sua real vocação; foi um dos ilustradores mais importantes da sua época, e seus livros eram a forma de dar nexo às imagens, de criar uma história entre um desenho e outro. Estes livros são ricamente ilustrados, e mesmo quem não conhece Inglês tem a oportunidade de apreciar ilustrações muito elaboradas, e ver como era diferente publicar livros nessa época. Pyle faleceu um ano depois de concluir seu último livro desta saga, mas nem de perto foi o único trabalho literário dele. No arquive.org consta uma lista enorme de títulos no seu nome, entre eles as aventuras de Robin Hood.

Deixo aqui o nome dos livros e o link para a página no arquive.org, onde está disponível para download nos mais diversos formatos, entre eles alguns de palmtop e similares:

The story of King Arthur and his knights (1903)

The story of the champions of the Round table (1905)


The story of Sir Launcelot and his companions (1907)

The story of the Grail and the passing of Arthur (1910)

Até poderia comentar sobre os livros, mas tenho uma proposta mais interessante. Usem os links acima, e baixem qualquer um dos livros em PDF. A sensação de redescobrir um livro tão antigo é tão particular e única que não posso nem quero tirar esse prazer de vocês. Ver como era a escrita, a impressão, a riqueza das ilustrações. E não percam os comentários do autor e editores nas contracapas, são bem interessantes e refletem o estilo de uma época bem distante da nossa.

Não, o post de hoje não vai ter ilustrações. Quem quer uma, procure por ela!

Até a semana que vem!

O Filme Somos Nozes

Por umas e outras acabei entrando no FaceBook semana passada, e lógico que o primeiro que fui olhar foi se tinha alguma comunidade, perdão, "grupo" sobre o o rei Artur ou coisa parecida. Achei uma comunid.. grupo muito legal, criado pela Prof. Edileide Brito, a.k.a. "Lady Britain", quem além de ensinar o idioma de Shakespeare está cursando um mestrado em Literatura Arturiana. Deu uma invejinha branca... heehe!

Quem sabe um dia não ganho um level up e chego nesse patamar também. Já pensaram, engenheiro em comunicações e mestrado em lendas arturianas?

Bom, voltando ao assunto, o legal desse grupo (acertei, eba) é que participam pessoas que de fato tiveram algum contato escolar ou acadêmico com a lenda arturiana, e a curiosidade os levou a se aprofundar mais em determinados textos como por exemplo o Malory, que é uma referência obvia no estudo do Inglês.

No meio dessa gente toda (mais de mil membros), alguém comentou de um filme caseiro sobre o Arthur. Na verdade é assim: sabem o Jonas Brothers, a banda pop familiarmente correta? A dos moleques que não beijam na boca e tal? Bom, a sociedade americana tem hoje censores família, que o que fazem é editar o conteúdo dos filmes e seriados para amenizar o conteúdo que poderia ser ofensivo. Logicamente boa parte destes censores se baseia nos conceitos religiosos, mandamentos e afins para determinar o que pode e o que não pode ficar em uma fita qualquer. Em paralelo a este movimento, existem grupos e empresas cristãs "bem família" que produzem conteúdo que não precisa de filtro, que é "church people friendly". Um deles é o Burns Family Studios, que como reza literalmente na sua página, é um grupo de famílias que inspiradas por Deus e guiadas por Ele produzem filmes que possam orientar e inspirar outras famílias, para que possam compartilhar a visão de Deus que levam através dos filmes.

Nossa.

Dá um pouco a impressão de bolha.. isolamento.. sabe, não é por acreditar mais ou menos em Deus que não vou curtir o Lord of The Rings, ou mesmo Wolverine, ou tantos filmes de zombies como teve ultimamente.. Digo, como você faz um filme de zombies cristão? Como um cristão fervoroso encara a ressurreição dos mortos representada em um filme de zombie? Nem tudo é heresia gente. Tem que saber rir, e entender o humor das coisas. Uma das maiores bençãos que Deus nos deu foi a imaginação, não joguem isso fora!

Pendragon, Sword of his Father

Voltando ao Arthur, não consegui o filme em lugar nenhum como para fazer uma resenha. Só vende o DVD nos Estados Unidos, e é até possível comprar o kit cineminha, que vem com cartazes, arquivos para imprimir, etc... é bem curioso como a idéia deles é cineminha em casa mesmo. Não me inspira comprar o DVD e pagar uma fortuna de impostos para um filme que nem sei se quero ver, sabe? Quem quiser arriscar, vai o link, e dentro da página tem o teaser.

Pendragon - Sword of His Father

O filme, como toda produção caseira, não tem atores. Bah, tem sim, só que não são profissionais. E pelos comentários por aí, tem gente que duvida que sejam mesmo atores amadores; o elogio mais fervoroso falava "o figurino é perfeito, mas a atuação é lastimável". Desanimador, né? Pergunto eu, custa tanto fazer um bom filme arturiano?

Produção Nacional

Vou propor um jogo para vocês. Como faz tempo que moro no Brasil, nem lembro mais dos atores da minha terra natal, mas como filho adotado do país verde-amarelo vejo a Globo na tv todos os dias, e com isso conheço minha parcela de atores globais. Vamos torcer para a alguém na Globo Filmes ler meu post e roubar a idéia, eu não me ofendo... Vamos bolar um filme arturiano produzido aqui?

Embora esta brincadeira tenha um certo parecido com o Casting Nerd (uma brincadeira sensacional do Jovem Nerd), minha idéia é escolher atores globais para escalar em uma hipotética produção nacional sobre a lenda do Rei Arthur. Podemos pensar em um filme, ou mesmo uma minisérie como as que rolam no fim de ano, de poucos episódios. Nem pensem em me lembrar da novela da Guillotine, ok?

Eu particularmente escalava o elenco presente na versão atual da novela Paraiso. Acho que o Zeca dava um bom Arthur, inspirador de confiança, como deve ser. Ou até um Lancelot, se pegar o fato da mulherada ficar caidinha por ele. A pergunta é, se ele vai de Lancelot, quem fica como Arthur? Só não me inventem de chamar o Raj ou o Bahuan, peloamordedeus. Estou pedindo atores, ok? Acho que talvez um Henry Castelli, ou um Fábio Assunção.

A mãe da santinha da uma Morgana per-fei-ta. Se formos fazer um seriado, temos que pensar em diferentes idades e escalações para as fases da história; usem sua memória novelesca para encontrar papel para todo mundo.

Guinevere.. a santinha é bonitinha e tal, mas não sei.. tenho minhas dúvidas. Gosto mais do rosto da Sophie Charlotte, embora tem que ver como ela ficaria ruiva... Taí, a Rachel Ripani é minha Guinevere. E mais adulta, a Flora talvez? Melhor, já sei. Eu fico com a Camila Morgado para o papel.

A dama do lago é a indiscutível Cláudia Raia. Duvido que escalem alguma outra mulher com mais presença, com a imponência dela. É Viviana, a mãe de Lancelot, a Rainha, a Senhora do Lago mesmo.

E o Merlin? Tem tanta gente legal para colocar nesse papel... Vou desde o Tony Ramos até o Reginaldo Faria, porém este último tem muita cara de boa gente para o papel, sabe? Daria um Merlim bonzinho, quem sabe mais para a fase onde se encanta com Nimue. Para Nimue sobram candidatas, mas acho que ia gostar da Cláudia Abreu...

Idéias gente, idéias!

Até a semana que vem!

Metaaaaaal!!!


As vezes encontro cada coisa enquanto pesquiso... Quantos de vocês já ouviram falar do Grave Diggers? Vou ilustrar um pouquinho.

O Grave Diggers é uma banda de Heavy Metal alemã formada em 1984, e desde então mudou várias vezes de formação. Agora, eles entraram no meu blog por um fato marcante: Eles lançaram uma trilogia de álbuns inspirados em contos da Idade Média, começando pela história da Escócia, seguindo com um álbum sobre os cavaleiros templários, e finalmente... O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, em um álbum lançado em 1999 com o título "Excalibur".

A banda é muito conhecida no circuito Heavy Metal, e estiveram aqui no Brasil recentemente; a música deles é bem marcante, poderosa, ritmada, e forte, como se espera do Heavy. Eles continuaram lançando álbuns temáticos, passando pelos contos de Edgar Allan Poe, e mesmo até os últimos dias de Jesus na Terra. Para quem quiser pesquisar um pouco mais sobre a banda, segue o link do fã clube no Brasil; recomendo que leiam os detalhes da banda, é bem legal.

Assim como Iron Maiden tem o Eddie como personagem de todas as capas, o Grave Digger tem seu ícone nas capas também, o Reaper. A beeem conhecida imagem da Parca, quem vem ceifar as almas na hora da morte, gadanha em mãos. E na capa que abre o post, representa uma cena clássica do lendário arturiano...

Excalibuuuuurrrr!!!

Eu não podia falar do álbum sem ter ouvido antes, e por isso fui atrás, achei, e ouvi. O som deles lembra bastante as guitarras e a força do Iron Maiden, banda que curto muito, e por isso o Grave Diggers entrou no meu playlist. Pena não ter conhecido antes, mas ainda bem que descobri a banda... acho que isso deve acontecer com muita gente, descobrir bandas que existem faz um tempão.

As músicas refletem muito bem a lenda arturiana; é muito fiel às histórias, contando papéis e sentimentos dos personagens. Assim, Arthur, Lancelot, Mordred, Morgana e tantos outros passam música a música, e os refrões vão ficando na cabeça. A música título do álbum (Excalibur) conta a história da mítica espada na pedra e seu destino ao desvendar Arthur como o único e verdadeiro rei da Britania, enquanto Pendragon conta os acontecimentos que levaram à concepção de Arthur.

O álbum Excalibur teve como convidada a banda Subway to Sally (também alemã) para executar instrumentos medievais, nitidamente presentes na primeira música do álbum, que serve de introdução. Aliás, todas as músicas tem uma breve introdução na letra de cada música, explicando brevemente a história na qual a música é baseada.

A música não é para ser explicada, é para ser ouvida. Por isso, vou compartilhar com vocês a letra e música de uma faixa; quem estiver a fim de ler um pouquinho mais pode encontrar mais músicas neste link, e algumas traduzidas neste outro link.

Excalibur



Unknown heir
Orphaned page
A King to be
Come his Age
For God's sake

Sorcerer
Sword in Stone
Release will
Bring the Throne
For the Chosen One

The Almighty will point out
The only royal blood in the crowd

Excalibur
Sword of the kings
Take me on your wings
Back where I belong
Excalibur

Unworthy
Bound to fail
Noble Heart
Bound to gain
Challenge your faith!

Sorcerer
Sword in Stone
Release it
Ascend the Throne and
Take the crown

The Almighty now throws the dice
Arthur the man without a vice

Precious Sword
Arthur's hand
He deserves
To rule the land
Lead Britannia

Excalibur lights up the sky
Hard times have been passing by

Aproveitem os links que deixei e conheçam um pouco mais da banda, tem muita coisa interessante.

Até a semana que vem!