A vida como ela era

Faz um par de semanas comentei a vocês sobre o Medieval SourceBook, uma biblioteca online que reune todo tipo de documentos da época medieval. Quando digo todo tipo de documento, é sério; passa por documentos sacros, redações de leis, listas de preços, básicamente tudo o que a gente puder imaginar que de um jeito ou outro chegou aos nossos dias de forma escrita.

Esta biblioteca fica na Fordham University, uma universidade jesuita em New York que possui um centro de estudos sobre medievalismo. Acho curioso um local destas características ficar nos Estados Unidos, já que a imagem que tenho dos Estados Unidos é de um país que olha pra frente sem se preocupar com o passado. Posso estar enganado, mas é uma cultura completamente diferente à européia, sem dizer com isso se algum deles está certo e o outro errado; é apenas uma questão cultural.

Magna Carta
Voltando ao Medieval SourceBook, passei um par de horas me divertindo com os textos que achei navegando pelas diversas categorias. É muito, muito interessante ver como era a vida medieval, o que se esperava das pessoas, os relatos de situações que ocorreram em alguns casos até 8 séculos no passado. É uma experiência enriquecedora; aprendemos que existia uma sociedade bem complexa e elaborada muito antes da América ser "descoberta" pelos navegantes mais audaciosos. 

Apenas para sentirem o gostinho da coisa e despertar a curiosidade de vocês, vou usar um assunto totalmente apelativo como isca: o sexo. Sexo sempre vende bem, não é?

Fui na categoria "Sexualidade e Gênero", e nela encontrei textos catalogados sobre o papel do homem e da mulher na sociedade, regras sobre o que esperar do casamento, e textos até sobre transgêneros. É, o Ronaldo Fenômeno ia gostar, acho.

Decidi trazer para vocês alguns textos sobre decisões judiciais relacionadas ao casamento; para mim é surpreendente perceber o grau de evolução social da época ao ponto de tratar estes assuntos perante uma figura judicial, ou seja, alguém empoderado para avaliar os argumentos e tomar uma decisão considerada correta e imparcial. O que vou reproduzir é uma tradução aproximada do que podem encontrar na página original. Vamos aos textos!

Primeiro caso: um casal que reata seu casamento após terem se separado:

Henry Cook de Trotteslyve (Kent) e sua mulher foram chamados porque ambos se separaram um do outro, e não vivem mais juntos. Ambos se apresentaram pessoalmente. Henry alegou que desconhece a razão pela cual sua mulher o deixou, mas que ela tem se comportado de forma péssima com ele, com palavras rudes e outras atitudes ruins. Sua mulher (sem nome no texto) alega que seu marido amou outras mulheres e por isso ele não a considera mais como é devido, e ela não pode mais viver com Henry por esta crueldade. Finalmente, ambos juraram após tocarem os Evangelhos que viverão juntos novamente de agora em diante, e darão um ao outro os costumeiros serviços conjugais, e que ela será humilde e gentil com seu marido, sem agredí-lo verbalmente ou insultá-lo; e que o seu marido a tratará respeituosamente com afeto marital a partir de hoje. [1347. REGISTRUM HAMONIS HETHE, ed. Johnson, p. 974, courtesy Larry Poos.]

Segundo caso: um casamento não acontece por causa das más línguas:

Alexander Wymer foi citado para responder Vincent Buncheswell em uma demanda de injúria, na qual (Vincent) alega que A.W. na Sexta-Feira após o dia do Papa São Gregório no 26o ano do Rei Eduardo (1298) na villa de Estrudham, veio e trouxe com ele pessoas não identificadas e outros falando atrocidades ao seu respeito para seus amigos, parentes e vizinhos do mencionado V., e escandalizado as pessoas ao seu respeito com termos chocantes, o que o fez perder 20 m. (um certo dinheiro) sobre Mary de Hecham, com quem ele se casaria, já que o citado Alexander disse a Mary que o Vincent não preparou nem plantou suas terras em boa época e que não era bom fazendeiro. Por causa disso, ele perdeu o amor de Mary e seu casamento, causando grandes perdas. Ele procura assim instaurar um julgamento sobre o caso. [Gressenhall Manor Court, July 8 1298, MEDIEVAL STUDIES xlix (1987), 509, n. 59.]


Terceiro caso, e o mais polêmico. Marido troca uma das suas esposas por um porco, mas se arrepende depois...

John Page e Agnes sua espesa apareceram com seu advogado John Chupm contra John Baker em uma demanda de quebra de acordo alegando que John Baker vendeu para Agnes Page (a esposa do John Page) a Matilda, uma esposa do John Baker por um porco (costando 3 shillings), onde John Baker tomou posse deste porco e se deu por satisfeito (É isso mesmo que entenderam. Um cara vendeu sua própria mulher para a mulher do outro pelo valor de um porco). Mais tarde John retornou e solicitou para ter sua esposa novamente, e deu a Agnes 2 shillings, e sobre isto é feita a acusação (Então, se arrependeu da troca, e quando foi pedir a mulher de novo devolveu somente 2 shillings, quando o porco valia 3). Assim, John Baker instaura a reclamação, alegando que não quebrou o acordo e não recebeu o pagamento certo, e assim também declara sua mulher Agnes.[m. 2, July 30 1330]

Ementa 1: John Page e Agnes sua esposa vieram através do seu advogado Peter Godsone contra John Baker e Matilda sua esposa em uma demanda de quebra de acordo alegando que John Baker vendeu sua esposa Matilda para Agnes Page por um porco (3 shillings). Posteriormente John Baker retornou e reclamou sua mulher de novo e ofereceu 2 shillings que não foram pagos. Declara que não fez nenhum acordo com ele, e solicita um inquérito. [m. 3d, November 13 1330]

[Penalidade 1 Penny] Devido a que John Baker perdeu no inquérito contra John Page, fica assim declarado que John Baker é culpado, e que John Page recupere seus 2 shillings mais suas perdas, ao custo de 2 d. [m. 3d, Feg 5 1331] [Lewisham, Kent, Referências de P.R.O., SC2/181/58, John Beckerman.]


Interessante, né? Todos os casos acima foram casos reais, documentados, dos quais existem textos declarando estas coisas. Estamos falando de 7 séculos atrás... E já tinha julgamentos e até advogados, não na forma que conhecemos hoje, mas como defensores ou representantes nas causas.  Ler isso e outros tantos textos é um exercício de aprendizado, e conhecer nosso passado para orientar nosso futuro. Fica a dica, se divirtam no site!

Até o próximo post!

Templar Studios

Vocês já viram o site da Templar Studios? Pois deviam. O site é isso que vocês estão vendo aqui.




Esta produtora independente de jogos já fez trabalhos para grandes marcas, não apenas fazendo jogos mas também animações e outros materias interativos para publicidade. Vejam o site, e se divirtam clicando em tudo! Valeu ao Sir Havra pelo link.

Já pensaram se o Camelot or What chega nisso algum dia? É agora que vou ter que estudar Flash pra valer, ou chamar alguém pra fazer (quando o site se bancar sozinho econômicamente, claro).

Agora parem de enrolar e vão ver a página mesmo!

Twitter

Então, faz tempo que me perguntam isso, me pedem isso... O Camelot or What tem que ter Twitter? Agora podem votar por sim ou não no Pool na lateral do blog aqui comentando neste post, já que o poll do Blogger não quer funcionar como deve. A votação fica aberta até às 23:59 do 31/7. A decisão é de vocês, depois não quero ouvir!

Visual Novo!

Quarta-feira 21/7/2010, data que será lembrada pela troca do visual do Camelot or What. Junto com esta mudança, veio um fundo novo, capa nova, mais espaço para escrever (afinal, os monitores hoje são maiores e tem mais resolução), e mais uma porção de botões, como a opinião instantânea em todos os posts, e atalhos para redes sociais.

Faz tempo que queria fazer a mudança; tinha visto uns padrões no Blogger mas nada parecia encaixar. Eis que hoje gastei um tempinho olhando com mais atenção, e meio que vislumbrei o visual novo. Foi minha visão do graal, por assim dizer. E assim editei as configurações, e mudei a capa como faz tempo já tinha pensado.

Passou pela cabeça fazer um visual de capa meio "terra dos teletubbies", e no meio disso a espada na pedra, mas o blog não é sobre isso. É muito maior. É sobre lendas, histórias, textos, imagens, e assim decidi brincar de papercraft e grudar um monte de coisa.

A espada é do péssimo filme "The Last Legion"; o filme é ruim, mas a espada ficou legal, e ganhou seu espaço no logo para representar o lado mais pop, como os filmes atuais.

Na ponta oposta, temos o castelo Harlech. Situado em Gwynedd (Wales, obviamente pelo nome), este castelo data de 1283, e faz parte da segunda fase do Programa de Aquisição de Castelos (PAC?) feito pelo Edward I. Piadinhas à parte, o Edward I é responsável pelo que hoje conhecemos como Inglaterra; durante seu reinado os Dinamarqueses invadiram a ilha bretã, e conquistaram todos os reinos, menos Wessex. A partir de Wessex e da mente brilhante do seu rei que Inglaterra recuperou terreno, até a expulsão (e em alguns casos absorção) dos dinarmaqueses em solo inglés.

Edward I não foi um guerreiro, nem teria como. Era uma pessoa extremamente culta, e se deve a ele a redação de incontáveis leis e decretos, que de uma forma ou outra colocaram ordem no caos, e deram forma à nação conhecida como Inglaterra. Antes disso, era uma bagunça de reis querendo um dominar o outro, conquistar terras, brigando entre si o tempo inteiro. Graças às leis do Edward, foi possível instrumentar os mecanismos de justiça que regiram os primóridios da Inglaterra como reino unido, garantindo um tratamento igualitário e criando assim regras de convivio em sociedade. Grande visionário o Edu. Foi para minha capa.

O graal, no centro de tudo, representa isso, a busca de conhecimento, de esclarecimento; propósito principal do CoW (Camelot or What... ok?). Não podiam faltar as imagens antigas, como a representação da távola redonda, o Arcturus Rex e finalmente Excalibur, nas mãos da Dama do Lago depois da batalha final entre Arthur e Mordred.

A fonte ainda é a Celticcmd; não vejo motivos suficientes para trocar de fonte, e essa encaixou bem com o resto, novamente.

Agora... Opinem! Gostaram do visual novo? Ficou melhor? Ficou pior? Faltou a vaca do Monty Phyton?

Até o próximo post!

Wally meets Walt

Os que seguem o blog faz tempo sabem como reclamo cada vez que vejo quantas visitas caem no meu blog procurando por castelos da Disney... Bom, desta vez o assunto até que tem a ver, já que vou falar de umas historinhas com os personagens criados pelo grande Walt.

Foi lançada no Brasil uma coleção de HQs chamada "Clássicos da Literatura Disney", que celebra os 60 anos do quadrinho "O PATO DONALD", publicado no país sem interrupções desde seu lançamento em 1950. Como se fosse pouco, é a primeira revista publicada pelo grupo Abril, ocupando assim um lugar de honra na história da imprensa brasileira. Esta e outras informações aparecem na contracapa dos livros, para que não digam que não cito as fontes.

A coleção está composta por 20 volumes, que exploram clássicos da literatura onde os personagens da Disney são os protagonistas; assim, encontramos historinhas publicadas há muito tempo, e outras inéditas no Brasil. Assim, encontramos os contos do Guilherme Tell, o Mágico de Oz, Dom Quixote, e tantos outros monumentos da literatura. E eis que para minha surpresa, perambulando na seção de revistas da Livraria Cultura do Shopping Market Place, dei de cara com o Volume 4, "Os Cavaleiros da Távola Redonda". Pois é. Finalmente vou falar da Disney sem fugir do assunto do blog, hehe..



Li o livrinho bem rápido, e devo ler mais algumas vezes ainda. É muito divertido ver a transformação dada às histórias, o trabalho de adaptação para a linguagem típica das tirinhas. Heróis e vilões muito evidentes, muitas piadas rápidas, e roteiros simples, sem enrolação. Tudo como tem que ser, tudo no lugar.

No começo do livrinho temos uma explicação, ou falando melhor um profundo detalhamento das tirinhas contidas no livro, o que dá um sabor real de coleção, e mostra o cuidado e carinho com que foi feito este trabalho. Vou transcrever para vocês estas descrições, com o nome dos 4 quadrinhos que vieram no livrinho. E é claro, com minhas participações e comentários em letra menor.

Mickey e os Cavaleiros da Távola Redonda
Roteiro: Sisto Nigro
Desenho: Giampiero Ubezio
Data: Fevereiro de 1988

As quatro HQs deste volume são inspiradas nas célebres histórias do rei Artur e nos personagens que habitam as páginas dos romances medievais. Mas será que o lendario rei e os famosos cavaleiros de Camelot existiram mesmo? (Claro que existiram! Herege!) Na primeira aventura deste volume, inédita no Brasil, Mickey e Pateta decidem investigar por conta própria. Viajam em uma máquina do tempo e desembarcam no reino do Artur. Na ficção, claro, tudo é possível. Muitos estudiosos gostariam de fazer o mesmo (tipo assim, eu...), mas devem se ater aos registros históricos. Estes indicam que, na verdade, nem rei Artur foi (Err.. discordo. Bom, mais ou menos). O mais provável é que ele tenha sido um valente guerreiro que viveu no século 6 na Bretanha, região que hoje corresponde ao norte da França e ao Reino Unido (era mais Inglaterra e Gales, mas tudo bem). E, em 517, teria sido um militar poderoso na batalha de Monte Badon, na qual os bretões derrotaram os invasores saxões. Suas primeiras histórias, unindo alguns fatos reais e muita fantasia, só ganharam as páginas dos livros em 1136, com a publicação do História dos Reis da Bretanha, do inglés Geoffrey de Monmouth, que transformou o guerreiro em um dos mais relevantes monarcas do Reino Unido (grande Geoffrey). O sucesso foi imediato e fez surgir um novo gênero literário, chamado de romances da cavalaria. Um dos seus principais autores foi o francês Chrétien de Troyes (de pé senhores, palmas para ele!), que no final do século 12, escreveu cinco livros sobre Artur. O mito cresceu ainda mais. Em 1470, o romance A Morte do Rei Artur, do inglês Thomas Malory, deu contornos definitivos ao personagem e às proezas protagonizadas pelos cavaleiros da corte.
(Gente, achei o máximo essa descrição. Encontrar isso em um gibi me espantou).

Nos Tempos do Rei Artur
Roteiro: Vic Lockman
Desenhos: Paul Murry
Data: Janeiro de 1966

Na segunda HQ, publicada no Brasil pela primeira vez em ZÉ CARIOCA 759, de 1966, Mickey torna-se monarca da Inglaterra ao extrair da rocha uma espada mística. Os desenhos foram criados por Paulo Murry (1911-1989), que ganhou fama produzindo as melhores aventuras policiais de Mickey e Pateta, publicadas originalmente de 1953 a 1984 em capítulos na revista Walt Disney's Comics and Stories. Tímido e avesso a badalações, o artista concedeu apenas uma entrevista na vida. Foi para o fanzine americano Duckburg Times em 1981. Sobre as centenas de aventuras que ele criou ao longo de décadas, Murry humildemente declarou: "Fiz o melhor que pude". (Grande Murry. Foi um cara e tanto. E seguindo o exemplo dele, também faço o melhor que posso, espero que continuem gostando!)

A Lenda do Rei Artur

Roteiro: Sauro Pennacchioli
Desenhos: Sandro Dossi
Data: Março de 1988

A disputa pela espada e pela coroa também inspira a terceira HQ desta edição, inédita no Brasil. As lendas arturianas trazem duas versões para a origem da mística Excalibur. Na primeira, Artur é coroado rei após retirar a espada mágica da rocha. Na outra, ele a recebe das mãos da Dama do Lago (principal sacerdotisa do reino mágico de Avalon), que habitava em um local sagrado. (Bom... de novo gente, a pedra na rocha não era Excalibur e ponto. Não sei por que a confusão... quem quiser procura no meu blog que acha tudo. E por sinal, Avalon não era um reino, era uma ilha). Em 1963, os Estúdios Disney lançaram o desenho animado A Espada Era a Lei, baseado na lenda da espada encravada na rocha, que tem a forma de uma bigorna. (O filme é legal, e se inspira no texto do T.H. White. Acho que faltou comentar isso no texto, mas enfim, deixa que eu faço).

Tristão e Isolda (What? Sacrílegos!)
Roteiro: Alberto Auteliatano e Luciano Bottaro
Desenho: Luciano Bottaro
Data: Outubro de 1996

A história de Tristão e Isolda, que inspira a última HQ, também inédita por aqui, tem origem na cultura celta, povo que, entre o século 11 a.C. e o século 1 a.C., habitou o território que hoje compreende a Irlanda, a Grã-Bretanha e a França. Transmitida oralmente por gerações, a trama foi imortalizada no romance Tristão em Prosa, de autoria desconhecida. Escrita entre 1230 e 1240, a obra incorporou as desventuras do casal às lendas do rei Artur e narra a história de Tristão, que se apaixona por Isolda, esposa do seu tio, o rei Marcos da Cornualha (se bem que os fatos não foram bem nessa ordem). Talvez a mais célebre (adaptação?) seja a ópera composta pelo alemão Richard Wagner entre 1857 e 1859.

E até aqui a intro do livrinho. Uma coisa que não comentei, é que como em todo gibi que busca traduzir uma lenda para o universo das HQs é que a história está totalmente deturpada em relação às lendas aceitas por oficiais, mas, o que seria de um gibi se tiver que ficar sério e seguir outros textos à risca? Vale como diversão, como curiosidade, e porque não, como pavio de curiosidade para incendiar a molecada e fazer que procurem mais livros e coisas sobre o assunto. Bom, quem for procurar na internet com certeza vai passar por aqui, assim que até daqui a pouco para vocês, curiosos!

Até o próximo post!

Reflexão de Hoje: Ctrl-C

Percebi que nos últimos tempos tenho lido muito pouco, por diversas razões. Isso é uma pena, porque além de curtir muito a leitura, é uma atividade que enriquece a mente e nos dá uma perspectiva diferente das coisas. Este meu trabalho no blog é resultado de muita leitura e pesquisa, de correr atrás de textos e em práticamente todos os casos traduzir algumas partes do texto para colocar aqui.

Acredito muito que o que faz as pessoas voltarem ao blog é justamente essa riqueza de informações, através de um idioma que possam entender e muitas vezes usando um discurso bem mais amigável que os livros históricos.

Tem um contador de visitas aqui no blog, que hoje está na casa dos 21.800 acessos. Por trás desse contador há muitas outras estatísticas que o contador guarda e não aparecem para todo mundo. A questão é que tem gente que caiu no blog fazendo pesquisas na internet sobre os termos mais variados, mas que por uma causa ou outra apontaram pra cá e trouxe essa gente toda e checando esses acessos, vi que nos últimos meses tem crescido MUITO a quantidade de pesquisas sobre trabalhos escolares relacionados ao Rei Artur e suas lendas. É. Pasmem. Parece que o Artur chegou nas nossas escolas...

Ainda assim, ficou na cara que tem um outro problema por trás disso. Primeiro, essa molecada está fazendo o dever de casa, mas acho que estão fazendo errado. Quando alguém pesquisa sobre um assunto, é bom pesquisar na fonte; até por isso que sempre coloco as referências de onde pego conteúdo, e tento localizar alguma outra versão para confirmar a teoria. Nossos pirralhos, os futuros cidadãos brasileiros, estão fuçando aqui no meu blog para fazer seu trabalho da escola, ou falando melhor, para COPIAR o trabalho da escola. Assim aparecem expressões de busca "brilhantes" como éstas:

- lancelot e guinevere resumo
- no livro a demanda do santo graal o que disse lancelote na entrada da floresta antes da demanda

- quero um texto sobre o rei arthur e os cavaleiros da távola redonda

- analise do texto sir gawain e o cavaleiro verde

- resumo do livro do rei arthur frank thompson

- graal a nau do leao resumo

- tristão e isolda as diferenças entre o filme e o livro

- trechos da obra "os cavaleiros da tavola redonda"

- resposta das questoes arthur and merlin

- trechos da demanda do santo graal traduzido para portugues


E a duas grandes finalistas para o maior título de aluno preguiça 2010:

- como podemos comparar a távola redonda nos dias atuais

- o cavaleiro sem nome so resumo para trabalho

- explique qual é o tema central do filme tristao isolda


Meu... O quê que é isso. A última é particularmente revoltante. Tristão e Isolda é um clássico, um baita livro, com uma história que trascende o tempo e é lida como se fosse nos dias de hoje (e não, não podem copiar essa última frase no trabalho da escola).

Não bastasse isso, a pergunta é sobre o filme... Não tem duas horas para ver um filme? Mesmo? Sério? Ainda um filme desses? Tenho certeza que o Avatar todo mundo viu, o Homem de Ferro todo mundo viu, os três filmes do Homem Aranha e os três do Wolverine também, mas o Tristão e Isolda não. Faltou tempo, não deu, não achei, etc., etc.

Agora, falando aos copiões que vem fazer Ctrl-C no meu blog. Vocês sinceramente acham que ganham alguma coisa com isso? Mesmo? Vocês acham que os professores são idiotas? Eles também tem internet, e para cada palavra que vocês colocam, eles pesquisam por essas frases na internet, da mesma forma que vocês. E chegam no meu blog. E percebem que vocês copiaram o trabalho, e não se deram sequer o trabalho de ler ou assistir qualquer coisa. No fundo, quem perde com isso tudo são vocês. Há uma razão para receberem esse conteúdo; se chama cultura. Os professores estão se esforçando para que tenham cultura, que não sejam uma boiada que se deixa levar sem pensar. Mas o que vocês estão fazendo é exatamente o contrário; estão pegando o caminho mais preguiçoso, não estão pensando, e assim nunca vão pensar também.

Falando aos professores: fiquem todos convidados para conversar comigo. Admiro sua dedicação, e especialmente com usa paciencia ao aturar coisas como essa. E desculpem meus erros de portugués, embora minha desculpa seja boa para errar. Espero poder ajudá-los desde aqui a melhorar a cultura de um país e de futuros cidadãos que muito precisam dela. Parabéns pela escolha de um assunto tão rico e interessante.

Às visitas de sempre: Muito Obrigado pela preferência. Temos um longo caminho pela frente!

No próximo post, quero contar algumas das preciosidades que encontrei no IMS, o Internet Medieval Sourcebook. Para quem não conhece ou não lembra, é um arquivo gigantesco de textos antigos, principalmente do periodo medieval, com todos os assuntos possíveis. É texto medieval sem importar sua índole. Legislação, doutrinas, contos, tickets de supermercado, etc. Quem quiser ler um pouco antes do meu post e quiser conversar comigo sobre o assunto, a dica está dada, e o link aqui também.
Até o próximo post!