Oi gente, antes que nada quero agradecer a todos os que estão acompanhando o blog e o twitter do Camelot or What. Sem vocês, não teria a mesma graça!
No caso particular do Twitter, posso dizer que foi ganhando vida própria a cada tweet. Começou como todos, sem saber muito o que dizer; mas o tom imediatista do twitter acabou provocando um desenvolvimento diferente, bem diferente à proposta do blog. Enquanto aqui conto histórias, notícias, leio e comento livros e textos bem antigos, o twitter virou o lar dos personagens da lenda arturiana, porém com uma ótica bem moderna. Quero divertir, fazer rir, e sei que está dando certo.
Gosto de imaginar os personagens vivendo em seu mundinho medieval, na sua idílica Camelot, mas ao mesmo tempo enfrentando alguns problemas do nosso dia-a-dia, se encantando e sofrendo como nós, vendo tv, assistindo jogos de futebol, jogando videogame e por aí vai. Com isso vieram outras idéias, que devo explorar com o tempo.
Cada personagem que (re)inventei no twitter tem fortes traços da sua personalidade literária imbuida. Cada um deles é forte e fraco nos mesmos pontos que nas histórias do Malory, do Chrétien e de outros autores; bebi de várias fontes para modelar a personalidade de cada um. Mas, ainda assim, nunca parei para escrever sobre essas personalidades, sobre o que gera conflito entre eles. O fato é que inventei pouca coisa, apenas encaixei nas personalidades já construidas e muito bem fundadas algumas características que tem mais a ver com nossa atualidade, o que faz que nos identifiquemos mais ainda com um ou outro personagem.
Temos um Rei Arthur, com "h", que fica na dele a maior parte do tempo, sempre atento, sempre ouvindo. É um rei soberano, admirado, e que quando fala o faz depois de muito pensar. Não solta nada ao acaso, não é impulsivo. Não é um rei que fique apenas no seu trono, olhando de cima; participa, e quase sempre para dar fim ao assunto com sabedoria. Forte, justo, um pouco idealista talvez, embora já mais conformado com o nosso mundo. Barba curta, bem feita, e bom o bastante para carregar e usar a espada que lhe fora entregue. Não pretende ganhar em batalha de nenhum dos seus cavaleiros, já que seu lugar não é esse; seu lugar é o de comandante, e como tal, espera que seus cavaleiros também saibam honrar esse título. Por isso, é respeitado, e acima de tudo querido por seus mais fiéis amigos.
Nossa Guinevere é esplendorosa. É uma mulher como não tem outra. Até as pessoas mais desinibidas ficam sem fala perante sua beleza. Uma beleza natural, mas ao mesmo tempo divina. Não são suas roupas, suas jóias, sua tiara que a fazem rainha. Nasceu para ser rainha. Provoca admiração e uma certa inveja das mulheres que não a conhecem, barreira que é quebrada de imediato ao primeiro oi da Gui. Uma simplicidade encantadora, que mostra que o interior é tão belo quanto o exterior. Nossa Gui adora ver novelas, ler o horóscopo, comer mortadela quando ninguém está olhando; gosta de tudo bem limpinho, e isso atrapalha um pouco os passeios a cavalo e as caminhadas nas florestas de Camelot. Não é frescura, mas apenas uma questão de gosto; ela não vai fazer nojinho de cumprimentar os plebéus dos vilarejos, nem de comer ao relento com eles em volta de uma fogueira. Vai rir e dançar com eles, festejar muito, mas chegando no castelo vai lavar o cabelo porque de-tes-ta ir para a cama com cheiro de fumaça. É a nossa Gui, e por isso a amamos tanto.
Entre os que mais amam Guinevere, está Lancelot. O cavaleiro perfeito, ao menos como é visto por todos. Sabem aquele cara que entra e todo mundo fica contente? É ele. Anima qualquer churrasco, faz de qualquer encontro uma festa. Nosso Lancelot tem uma imagem a zelar, e com isso é muito, mas muito preocupado com a aparência, quase como um TOC. Ele espera a hora certa para entrar no salão, para que a luz do sol que entra pela janela faça reflexo nos outros e brilhe até cegar todo mundo; espera para que o vento sopre de forma que sua capa seja uma bandeira flamulante, quase uma moldura dele mesmo. O cabelo sempre encebado, o sorriso de artista dos anos 30, o ouro do cinema. Valente como poucos, é daqueles cavaleiros que topam qualquer missão, sem questionar se é impossível. Ele quer viver suas aventuras, que é o que o fazem se sentir vivo. Admirado e desejado pelas mulheres, mas só tem olhos para Guinevere; isso o faz sofrer, mas ao mesmo tempo o faz ser quem é. Assim, todas as damiselas continuam desejando o cavaleiro perfeito, e ele continua livre, para todas porém para nenhuma. Tem apenas uma pessoa que consegue tirá-lo do sério: Morgana. Basta ela ficar olhando fixo para ele que explode em um "QUE FOI??", o que acaba em risos no salão inteiro, e finalmente com ele rindo também.
Morgana é uma criatura estranha. Não é feia, mas também não é bela. Faz questão de provocar, quer ver o circo pegar fogo, se divertir com o caos. Usa piercing, é tatuada, raspa o cabelo de moicano, faz o que quer para chamar a atenção. No fundo, quer sentir ódio de Guinevere por a inveja horrores, mas Gui é tão boa com ela que a desmonta por completo, e assim viraram amigas. É um contraste e tanto ver as duas juntas; no fundo, é bem possível que somente Guinevere entenda a Morgana, e que a conheça melhor que ninguém. Morgana quer odiar Guinevere, mas não consegue, e assim se deixa levar por essa amizade esquisita que a Gui oferece sem pedir nada em troca.
Gawain... ah, Gawain. Ele é uma figura. O melhor amigo de Lancelot, e sobrinho de Arthur. É um galanteador, um poeta, um romântico. Ele ama estar apaixonado, mesmo que sua paixão pule de moça em moça. Ele quer amar todas, não por mal, mas por ser doente de amor. Sabe aquele cara que você sempre vê rodeado de garotas, e todas dando risadinha? É o Gawain. Ele gosta de ouvir músicas bregas, qualquer coisa que fale de amor, para bem ou para mal. Canta no chuveiro, desafina pra caramba, e tem a coleção completa das coletâneas de Love Songs no ipod. Mas, como todo barco tem sua âncora, o porto seguro de Gawain é Brancaflor. E finalmente, quando a fase de vida louca do Gawain acabar, será para ela que ele vai voltar. Ele sabe bem disso, e não se decide; quer ser o homem de Brancaflor, é o que mais deseja, mas ao mesmo tempo não sabe como largar sua vida de solteirice. E assim, enquanto não se decide, vai deixando que a vida o leve onde quiser. Por outro lado, Brancaflor sabe que ele vai vir, quando cansar dessa vida; foi com essas palavras que ela o conquistou de vez. Do lado dela, resta a paciência, e a certeza de que é só questão de tempo para ele ficar de vez.
Ainda temos muita gente na história; Kay com seu jeito cavalo de ser, tolerado com carinho e paciência por Arthur, que sabe que no fundo ele é um cara legal. Temos nosso Merlin, inventor, cientista, gênio, velhinho simpático, de riso fácil e sempre com boas histórias para contar. Foi ele que insistiu para colocar tv a cabo no castelo, e é sempre ele que fica antenado no que tem de novo. Foi ele que comprou o primeiro iPad em todo Camelot, e o primeiro ao ficar chateado quando não abriu flash. Está na fila para comprar o iPhone G4, mas enquanto isso fica usando, com amor e ódio, seu velho N95. Temos um Mordred peçonhento, mas que por enquanto fica pacato, querendo aprontar mas sem conseguir. Ele tenta, mas desta vez, todos sabem que ele é recalcado com a vida, e por isso não vão deixar que ferre com a vida de ninguém. Ele até tenta, incentivado pela mãe, mas não chega muito longe. No fim, ele só quer ser aprovado, reconhecido, ser mais um... só que muito invejoso.
Assim, reis, cavaleiros, donzelas, magos e tantos outros personagens invadem o twitter, comentando a vida como ela é, ao menos da sua perspectiva, desde o olhar do seu castelo nessa Camelot que é moderna e medieval ao mesmo tempo.
Até o próximo post!