No post anterior comentei da exposição na Estação Ciência da USP, organizada pela Historiarte. Com o objetivo de conhecer o trabalho e poder mostrar mais para vocês, sai de casa armado de câmera e aliados para registrar tudo.
Tirando uma quase-batida de carro por causa de uma uneta preta que brecou de súbito na marginal por errar a saída, o trajeto foi tranquilo. Para meu espanto, pego menos trânsito para ir até a Lapa durante a semana do que no sábado, curioso isso... Mas enfim, por ser perto do trabalho achei bem fácil.
A Estação Ciência funciona em antigos galpões da Lapa, e cabe lembrar para que for que não tem estacionamento no local. O mais próximo é metros antes do semáforo, na mesma rua, na mão esquerda. Chegando perto da Estação, é só ficar na pista da esquerda e prestar atenção às placas.
Vou deixar à Marion contar tudo sobre a Estação Ciência, e me concentrar apenas na exposição de Castelos e Cavaleiros; só posso dizer que é um passeio ótimo, bem divertido para crianças e adultos.
Chegamos pouco antes das 11 da manhã, e depois de mexer e brincar com um monte de coisas do acervo permanente do museu, vimos as armaduras, reluzentes, no andar de cima. Subimos a rampa, e encontramos 5 bandeirolas representando várias "casas", ou nomes nobres. A heráldica sempre se valeu de símbolos para representar as casas, nomes ou linhagem nos escudos; era a forma fácil de mostrar quem é você, ou mais importante, para que lado você luta em uma batalha (especialmente onde o analfabetismo era a regra). Convenhamos, é mais fácil faltar "time amarelo contra time verde" do que explicar a árvore genealôgica... Mas quem sabia ler normalmente não estava guerreando, estava ocupado copiando documentos.
Na frente destas bandeirolas encontramos maquetes, explicando a evolução dos primeiros castelos (em madeira), até chegarmos castelos de pedra. Todas as maquetes explicam o periodo, assim como características dessas construções. Todos eles, sem exceção, são trabalhos excelentes de reprodução da vida e os cenários comuns a essa época. Claro, não tem como explicar absolutamente tudo (intervenção da igreja, vida no feudo, etc.) mas não sinto que essa seja a iniciativa; a idéia é incentivar a curiosidade das pessoas. Quem tem interesse e gosta de História, com certeza vai atrás e procura. Não fosse assim, este blog nem existia, não é?
Logo ao lado vemos as estrelas da exposção: as armaduras. Ordenadas por ordem cronolôgica, elas vão das primeiras armaduras de malha, passando pelas armaduras de transição (onde algumas placas de metal foram acrescentadas), até as últimas armaduras, o "topo de linha", ou a última palavra em tecnologia de proteção corporal por volta do século XV. Foram quase 1000 anos onde as armaduras acompanharam o homem na batalha; pena que a pólvora acabou com a graça. No fim, só ficou a imagem do príncipe reluzente na armadura. A realidade não era tão bonita nem elegante quanto os filmes mostram, mas de fato as armaduras tinham que ser polidas para não enferrujar.
Mas, é importante que se diga, a exposição não é só sobre armaduras e castelos. Em duas estantes acomodadas na lateral do espaço reservado a exposição, encontramos objetos de época, como instrumentos musicais e capacetes, assim como alguns jogos de tabuleiro. Neste caso os jogos não são de época, mas tem referências ao medievalismo. Embora a estante tivesse uma reprodução da távola redonda, o que mais me chamou a atenção foi um tabuleiro de xadrez. Este tabuleiro é uma cópia bem próxima do tabuleiro que vi no British Museum, e provavelmente o xadrez mais famoso do mundo: o
"Lewis Chessmen", encontrado na Escócia em 1831, e feito provavelmente Noruega por volta de 1120. As peças originais, feitas de dentes de baleia e marfim de leão marinho são reproduções de reis, bispos e outras peças que conhecemos, incrívelmente bem conservadas. Vejam no detalhe: as peças mais claras são as originais do museu de Londres, enquanto as amareladas, no tabuleiro, são as réplicas.
Por algum motivo que não conheço, entre o original e a cópia o Bispo perdeu a Bíblia, por isso na cópia ficou fazendo V de vitória. Vai que o time dele ganhou esse dia.
A expo inclui algumas brincadeiras, como tirar fotos no trono (real, não o de louça), com direito a capa, cota de malha (rebitada anel por anel como as originais!) e fantasiado de rei ou rainha, conforme sexo ou preferência, cada um sabe né? Assim, tirei algumas fotinhos bem engraçadas. Como fui a convite, tirei algumas fotos para divulgação, vestindo a parte superior de uma armadura. Quem quiser aproveitar e sentir como é vestir uma armadura, aproveita e vai no próximo fim de semana; para mais detalhes sobre dias e horários onde pode vestir armadura, consulte o site oficial.
É claro que ficamos dando risada o tempo inteiro. É bem divertido sentir como cada camada de ferro vai pesando cada vez mais no corpo; o mais impresionante é o capacete. Sério, não tem como enxergar nada naquela fenda, muito menos reconhecer se está se atacando alguém do seu lado ou do inimigo. O lado bom é que entre a cota (capuz) de feltro, a de malha e finalmente o capacete, o som fica muito abafado; não sei o resto do corpo, mas com certeza o ouvido está bem protegido. Às fotos!
Primeiro, a parte social e lúdica...
E finalmente, encarando o papel!
Galera, aproveitem, última semana! Mais fotos ainda nesta semana no meu Facebook. Obrigado mais uma vez ao pessoal da Historiarte pelo convite!
Até o próximo post!