Ha! Acharam que tinha esquecido? Tem mais um monte de filmes arturianos para comentar, só que quis fazer uma pausa nos posts para não ficar muito monótono. Afinal, meu blog não é sobre cinema, né?
Li o livro (como disse no post anterior), e dei de cara com uma história de paixão sufocante com final triste. Um livro curto, direto, sem enrolação, com mocinhos e vilões bem definidos. Um conto interessantíssimo, e na minha opinião de leitura obrigatória. Podem encontrar este livro em diversos formatos no arquive.org, através deste link.
Assisti o filme ontem, com o intuito de poder comparar com a história que tinha acabado de ler. Tenho que admitir: o livro é bem mais interessante, e não tinha percebido isso quando vi o filme primeiro. Não tinha me mancado de certos detalhes; algumas diferenças saltam à vista, enquanto outras, mais sutis, afetam menos à interpretação do conto. Vou contar várias coisas da trama, mas não conto o final. Já avisados do spoiler, vamos aos fatos:
A grande sacada do livro é conhecer um Tristão destemido e esperto. Sabia manipular as regras e as pessoas; era ardiloso, sem perder a bondade com isso. No filme, não mostra a mesma habilidade pessoal para lidar com as pessoas, mas ainda é um bom lutador.
No livro Tristão mata um dragão na Irlanda, e como prêmio recebe Isolda; ele não a quer para si, tanto é que Isolda o odeia por afastá-la da sua terra. Ele a leva para o Rei Mark, que ao casar com ela selaria um acordo com a Irlanda, e poderia garantir a paz entre os reinos. A criada Bragnae preparou um elixir de amor, que Isolda beberia junto com o rei Mark para que ambos se apaixonassem perdidamente; assim ela não sofreria, mas seria feliz na terra distante. Por um engano, Tristão e Isolda beberam o elixir durante a viagem de navio, e caíram de amores antes de que Isolda fosse desposada por Mark.
Enquanto isso, no filme vemos que Tristão conquista a mão de Isolda em um torneio, mas o trelelê deles vem de muito antes. No filme, eles se conhecem e ficam íntimos quando ela cuida do ferimento envenenado dele pela espada de Morholt, o guerreiro capanga do rei da Irlanda. Neste amor não há pócima misteriosa nem elixir, apenas encanto de juventude.
Afinal, James Franco e Sophia Myles fazem um baita casal. Acompanhando estas palavras, os wallpapers do filme, para alegrar os hormônios.
Afinal, James Franco e Sophia Myles fazem um baita casal. Acompanhando estas palavras, os wallpapers do filme, para alegrar os hormônios.
Essa é a principal diferença entre o livro e o filme, na minha opinião: a falta do elixir, que é o ponto de pivô principal do livro. Mas, o que seria dos contos medievais se não tivessem tantas versões diferentes, não é?
Fora isso, temos outras diferenças vem fortes entre as versões. O Rei Mark conhece Tristam quase que ao acaso no livro, mas no filme eles já vivem juntos como família desde o começo, e é criado como filho. Falando no Mark, ele fica maneta nos primeiros 10 minutos de filme, enquanto no livro isso não ocorre em momento nenhum. Aliás, a gente nem fica sabendo que fim leva o Mark. Uma coisa que respeitaram no filme: o coração do Mark. É um bom homem, em todos os sentidos. Nem Isolda, que é obrigada a querê-lo, consegue odiá-lo.
O amor de T+I leva os países à guerra no filme, enquanto no livro é apenas argumento de intriga para deleite de quatro cavaleiros que querem ver o Tristão se ferrar, apenas por ser o queridinho do Mark. É claro, estes quatro cavaleiros se ferram no fim.
Os finais dos contos são muito diferentes. Os dois tristes, mas o do livro me abalou. Me deixou pensando na vida por um tempo, pensando em como as coisas acontecem. Fiquei com pena do Tristão, das Isoldas da vida dele, dos seus amigos, do Mark, da Bragnae. No fim, o livro que era pra ser direto, bruto, acabou virando uma baita história, uma lição de vida.
Não percam.
Até a semana que vem!