Destino Incerto

A tv ligada, passando o fantástico. Eu, meio que de costas para a TV, somente escuto uma musiquinha, meio clássica, e outras melodias conhecidas. Virei para olhar, e estava um carinha de óculos escuros fazendo caretas e brincando com efeitos especiais ao ritmo da música. Olhei assim ,e falei "tá bom, blz...", mas aí soube que o tal era famoso na internet, estava vivendo em New York faz 10 anos e literalmente vive desses videozinhos. Sem menosprezar a arte alheia, eu juro pra vocês que olhei pra cara da Marion e disse: "meu, como assim? Eu me mato pesquisando assunto no CoW, buscando o que escrever, e esse cara faz uns videozinhos furrecas e fica famoso? Onde estão os valores das pessoas? Que mundo é esse?"

Não me aguentei. Não foi inveja, mas de certa forma me senti lesado; é como se todo meu esforço, carinho e dedicação pelo blog não fosse reconhecido, ao menos não na mesma moeda que outros blogs online que falam sobre coisas muito mais fúteis. Não falo dos blogs de moda, afinal, quem não quer ser bonito, ou saber se arrumar? Isso mexe diretamente com o ego, e por isso acho até legal que existam esses blogs, digamos, de utilidade pública. Afinal, quem lucra com a beleza das mulheres não são só elas :P

Quando falo de futilidades, falo de coisas como esses videozinhos do carinha que comentei. Ou blogs que falam sobre o BBB. Não quem faz um post ou outro eventualmente, mas quem se dedica inteiramente a cobrir um programa de TV, de onde na maioria dos casos sairão apenas desconhecidos. Não conheço nenhum brother, nenhuma sister, e a lista dos que gostaria conhecer é bem pequena (Grazi, Francine, a casa é de vocês! Quem quiser vir em casa jogar videogame está convidada!). 

Voltando al blog, pensei em fazer um experimento. Assisti o filme "Metal: A Headbanger's Journey", e neste filme mostraram um cenário que achei épico. Foi este lugar:


Legal né? Vocês vão me ajudar com este post. É, assim, no susto mesmo.

A idéia é que vocês, por conta própria, descubram:

- Onde é este lugar
- O que representa
- Qual sua relação com a lenda arturiana

Deixem suas idéias nos comentários, e vamos ver o que sai... Está lançado o desafio!

Rolou

Antes que pensem besteira, vou avisando que o assunto é arturiano, como corresponde ao blog. Eis que finalmente, depois de três temporadas deturpando o mito, o seriado Merlin fez o que posso chamar de o melhor episódio (ou episódios, já que foram dois) de todos os tempos. O final da terceira temporada é simplesmente incrível, arturiano "en las venas y en la sangre". Apareceu tudo o que tinha direito de aparecer, dentro do contexto inventivo do seriado, sendo fiel ao mesmo tempo ao seriado e à lenda em si.

O seriado rendeu uma apoteose digna de filme, onde finalmente Morgana e Morgause tomaram toco, o Cenred virou patê e sobrou um bocado de coisa interessante.

Vamos às imagens:


O Graal. Sim. Finalmente, o Graal. Em toda sua magnificência. Mágico, tão mágico quanto o próprio Merlin. No seriado, o graal garante a vida eterna a quem jogar uma gota do seu sangue dentro dele; o que ninguém conta é que na verdade assim que a gota for retirada do cálice, a pessoa evapora na hora. Ou seja, é uma aposta e tanto... No seriado, esta "feature" do graal foi usada para construir um exército do mal, onde todos os soldados cortaram o dedinho para pingar o sangue dentro da taça, e assim ficarem invencíveis. Claro, no fim basta derrubar o Graal para que esvazie seu conteúdo, e acabou o exército imortal. O drama é chegar até o cálice, protegido por esse exército imortal. Então, como resolver isso?

Fácil, com outro objeto mágico, mítico e poderoso. Este.


Na hora que vi essa cena, disse para mim mesmo, "É ISSO QUE VOU ME TATUAR. PQP." Me diz se tem alguma coisa mais power do que esse momento totalmente Grayskull na lenda arturiana. Ok, quando o jovem Arthur tira a espada da pedra a levanta nem que He-Man, com a exceção que o Arthur era bem macho, coisa que não posso dizer do príncipe Adam. Mas, fazer o quê, os tempos eram outros mesmo. Nos 80, o mundo era gay e ninguém ligava, não é?

Voltando ao que interessa, somente Excalibur, a espada forjada com magia (e no seriado, no bafo de um dragão) é capaz de derrotar um exército imortal. É como Narsil, uma vez que foi forjada novamente para enfrentar o exército dos mortos no Senhor dos Anéis. Mas, o que é uma espada se não tem quem a possa empunhar? Assim, a história do seriado levou o jovem príncipe Arthur e seus mais próximos amigos até um castelo ancestral, onde encontraram mais uma relíquia. 


A relíquia é a mesa, não o tiozinho que está sentado. Estamos falando da távola redonda, onde todos são iguais, e não há cabeceira. Foi nesta mesa que Arthur teve a idéia de tornar cavaleiros esses amigos mais próximos, que estavam com ele à mesa, mesmo sem esperança de vencer. Estavam com ele incondicionalemente, e assim o Arthur os tornou cavaleiros, onde cada um deles, com o tempo, se tornará uma lenda pelo próprio nome.

No fim do episódio, fica com o Merlin garantir que Excalibur não seja usada por ninguém que não a mereça; assim, ele poderia ter ido até o lago e devolvido a espada ao fundo das águas, mas não... O seriado ainda guardava uma surpresa. 


Merlin, usando sua magia, incrusta a espada na pedra, de onde ninguém pode tirá-la. Qual será o destino de Excalibur no seriado? É cedo para saber, já que ainda o Uther vive e não vemos nada que o tire do poder. Mas, sem dúvida nenhuma, a terceira temporada nos deixou todo o tabuleiro pronto para que o Arthur se torne o líder da Britania e Rei de Camelot. 

Gostei demais desse final, tanto que até relevei todos os sacrilégios que o seriado faz, como a Guinevere fulera, o Uther estar vivo nos tempos do Arthur, o Merlin ser pouco mais do que um adolescente... e claro, a espada na pedra ser Excalibur. Porque no fundo, a espada na pedra e Excalibur não são a mesma espada, ok? Lembram?

Com isso, posso dizer que finamente, rolou tudo o que tinha que rolar no seriado. A história foi contada, e o que temos em mãos é um cenário pronto para a revelação de um Arthur pronto para ser rei. O que falta ainda? O Merlin virar o conselheiro do Arthur em todo o sentido da palavra, e grande mago da corte (assim que a magia for permitida, claro). 

Teremos uma quarta temporada? A BBC não disse nada no seu site, mas temos todas as peças para que isso aconteça. Veremos... Afinal, nesta temporada ficou evidente que a BBC está investindo pesado, já que os efeitos, a imagem e a produção em geral ficou muito mais caprichada.


Até o próximo post!

Raves de Antigamente

Era o último dia de 2010, era de tarde e sem muito pra fazer salvo esperar pela noite, e decidi usar esse tempo livre para assistir um documentário que estava dormindo no gravador da NET faz meses.

O documentário foi ao ar no History Channel, como episódio número 8 do seriado Mystery Quest, e falava sobre Stonehenge. Claro, há poucos assuntos mais apropriados do que Stonehenge para falar no meu blog, e por isso acho que é um ótimo post para começar 2011 dentro dos nossos assuntos arturianos.

Eu vinha me perguntando "o que será que estes caras vão inventar para falar sobre Stonehenge", já que na minha opinião não resta muito assunto (pelo menos, não enquanto acabarem as pesquisas sérias sobre bluehenge e o mapeamento da região em volta ao grande círculo de pedra). Mas, para minha surpresa, a equipe do documentário encontrou uma coisa para pesquisar que ainda ninguém tinha falado: os pesquisadores foram descobrir qual era o SOM de Stonehenge. É, o som. Isso mesmo.

O lance é assim. Nas pesquisas recentes (aka 2008), encontraram muitos ossos humanos carbonizados nas imediações do círculo de pedras, restos estes datados de uns 1000 anos a.C., e a uma distância próxima porém fora do círculo, apareceram restos de ossos de porcos, que o carbono datou como de 1300 a.C., ou seja uns 300 anos antes dos restos mortais. A conclusão dos pesquisadores é que eram restos de grandes festins, mas que os restos mortais eram de sacrifícios humanos. Aqui quero fazer uma chamada, que não foi mencionada no seriado mas que na minha opinião faz mais sentido do que a teoria deles. Insisto, o que segue é apenas a minha opinião, ok?

- Os ossos de porcos não implicam festins, ao menos não diretamente. Tem que ver se esses animais não eram sacrificados para algum deus, ou para algum festival; afinal, Stonehenge está alinhado aos soltícios, portanto as tribos que viveram tinham não apenas conhecimento das estrelas, mas também davam importância a essas datas, ou seja, eram verdadeiros feriados de importância. Se até hoje tem o perú de Natal, ou mesmo o turkey do Thanksgiving, não seria nem um pouco estranho ter porcos no solstício, não é?

- Ossos humanos carbonizados não implicam diretamente em sacrifícios humanos. Por ser dentro do círculo de pedra, podem ser os restos de grandes shamans ou líderes das tribos. Sabemos que os povos antigos usavam piras funerárias (especialmente os nórdicos e povos antigos da Europa), portanto se os restos estavam carbonizados, eles podem ser os restos destas piras funerárias.

Em resumo, eu gosto de ver estes documentários, mas assisto com um olhar muito crítico, e nem sempre compro ou embarco nas idéias dos pesquisadores. Mas vamos voltar ao assunto.

Dentre os restos mortais, há um conjunto de ossos relativamente bem preservado, mas que prova uma morte violenta (e é o único corpo relativamente inteiro, diferente aos restos carbonizados). Entre os ossos das costelas e do esterno, havia não somente marcas como também pontas de flechas de sílex incrustadas. Em outras palavras, essa pessoa foi morta a flechadas, de uma distância tão curta que as pontas das flechas penetraram o corpo e ficaram presas aos ossos. As pontas de sílex eram a melhor tecnologia da época (estamos falando de mais de 3000 anos atrás, ou seja prehistória da humanidade), e eram usadas não apenas para caça como também para defesa. Eram parte do dia-a-dia, e ninguém saia de casa sem seu arco e suas flechas, afinal o jantar e a vida dependiam disso. A questão é que o sílex fazia pontas muito afiadas, porém pouco resistentes. Eram pontas serrilhadas, o que facilitava o corte, mas era comum que a ponta ficasse dentro do corpo do animal (ou do inimigo). Essa ponta frágil quebrava fácilmente, por isso ao ver as pontas presas no corpo encontrado em Stonehenge só podemos concluir que atiraram a uma distância de uns 5 ou 6 metros no máximo; qualquer distância maior do que isso não deixaria marca alguma nos ossos.

Quando soube desta história, não consegui evitar meu sorriso de descoberta. Estou lendo o livro "Stonehenge" do Bernard Cornwell, e fica evidente que sua idéia para o livro surgiu dessa mesma descoberta. E os que leram ou estão lendo o livro como eu, com certeza estão sorrindo também.

Bom, seja como for, os pesquisadores do documentário se convenceram que os restos eram de sacrifícios rituais, e com isso tiveram a idéia de imaginar o ritual e entender como funcionaria. Nessa linha de raciocínio, pensaram nos sons e imagens, e com isso decidiram se armar de microfones, tambores antigos e computação para gravar dentro do círculo de pedras.

Aqui o documentário mostra um especialista em instrumentos antigos tocando um pequeno tambor em diferentes locais dentro do círculo, e chegam a "surpreendente" conclusão de que dentro do círculo tinha eco. Wow. Eu pensando, como esses caras conseguiram uma permissão para entrar em Stonehenge, mexer nas pedras, tocar as pedras, acariciar as pedras, se esfregar nas pedras, gravar nas pedras, isso tudo para chegar na conclusão mais óbvia que qualquer um pode tirar de um círculo de pedras feito de monolítos de mais de 40 toneladas. Convenhamos, se meu banheiro faz eco, quanto mais Stonehenge... Vou pensar alguma desculpa estúpida para pesquisar dentro do círculo e ganhar essa autorização também. Se consigo vou até blogar de lá, podem anotar. Poderia fazer uma pesquisa sobre o CHEIRO de Stonehenge.. mmm... convidar um cheirólogo renomado... vou pensar no assunto.

Depois dessa reveladora descoberta, os pesquisadores levaram estes dados até um laboratório, onde novamente, chegaram a mais uma incrível descoberta: os sons rítmicos provocam efeitos nas pessoas. É, sério. Quando as pessoas vão para uma rave, elas na verdade prefeririam ficar quietas conversando, mas a música deixa todos zuretas e não conseguem parar de dançar. Eles ficam viciados no som. A mesma coisa acontece com os headbangers, é uma coisa incontrolável. As pessoas falam "não, não vou balançar a cabeça com essa música do demônio", mas lá estão elas balançando a cabeça incontrolavelmente. Todo culpa dos sons rítmicos. É resultado de uma pesquisa séria!
Com isso, a conclusão no fim do documentário é que o som com eco dentro do círculo era parte de um "showzinho" feito pelos shamans para incitar a tribo a entrar em transe, e pensar que de fato o espírito dos mortos estava pairando no círculo. Isso, acompanhado de uns bons caldinhos de cannabis e umas estrobos feitas de tochas completavam a rave prehistórica.

Pequenos porém importantes detalhes. Até onde vi, não foi achado nenhum vestígio de instrumentos musicais na região, portanto não sei em que momento associaram a idéia de tocar tambores. Outra coisa, para reforçar a tese proposta no seriado, os pesquisadores se valeram de um voluntário para ficar ouvindo sons "de Stonehenge" e do tránsito enquanto sua atividade cerebral era monitorada com um magnetoscópio. Como era de se esperar, os padrões com um ritmo constante (como o de tambores) é relativamente linear, enquanto o do tránsito tinha picos em vários lugares, que correspondiam aos pontos onde uma buzinha ou uma brecada quebrava o burburinho do tránsito. Mas, novamente, ninguém pode afirmar que se de fato tocavam os tambores, ninguém cantava ou recitava frases místicas enquanto tocava.

Perdi meu tempo? É claro que não. Descobri várias coisas interessantíssimas (agora sem sarcasmo), como a fonte de inspiração de um dos últimos livros de Cornwell, e descobri também que há uma réplica do círculo completa e funcional construída em Washington, feita como monumento aos caidos na primeira guerra mundial. Este círculo fica em Maryhill, e é feito de concreto, porém com as mesmas dimensões e disposição do original.

Não quero tirar a seriedade da pesquisa, mas ficou com sabor de enrolação. É mais ou menos como dizer "temos este orçamento, e temos que gastar em alguma coisa". Não vi outros episódios do Mistery Quest, mas se são no mesmo tom provavelmente chegue em conclusões semelhantes. É bom como entretenimento, mas não achei revelador nem nada pretensioso. Mas, como TV é entretenimento, que sejam bemvindos estes documentários! Tenho mais uma pilha de coisas para assistir (especialmente material da BBC), e na medida quer for dessovando conto para vocês.

Boa diversão, Bom 2011 para todos vocês, e até o próximo post!