Eu sei, faz tempo que não escrevo. Acho que meu problema é gostar de coisas demais, e com isso meus hobbies interferem uns nos outros. Tenho que me policiar para o blog não perder a constância, mesmo que com posts curtos (que não são muito meu estilo..).
Trago novidades. Não vi ainda, mas finalmente lançou o piloto do novo seriado Camelot. Faz quase 8 meses que fiz a menção deste seriado, aqui no blog mesmo. Finalmente aconteceu, e conforme previsto o piloto saiu na primeira metade de 2011. Por enquanto é só o piloto, que estou descolando ainda, mas o seriado começa para valer em Abril. E já estou ansioso para ver.
Assim que assistir venho contar para vocês o que achei da série. Por isso este post vai ficar com sabor de café curto; serve para acordar, mas para sentir o gosto mesmo precisa de outro.
Até breve!
O último post do Camelot 3000
Será? Será que vai ser mesmo meu último post sobre esta saga? Digo último, porque falei pelo menos 3 vezes sobre este HQ. Pois é. Até o post em vídeo, o Camelot TV, foi sobre estes quadrinhos.
Receio que seja o último por uma causa bem simples: terminei de ler. Acho que fui deixando o livro de lado não apenas por ter outras coisas para fazer também, mas por saber que era curto e quando fosse encarar o livro ia terminar logo. Foi o que aconteceu; peguei, deixei no criado mudo, e fui passando alguns capítulos todas as noites até acabar. Vamos ao resumo, ou colocando melhor, minha opinião pessoal sobre o gibi:
A história é muito fumada. Bom, na verdade está dentro do esperado para um gibi; quem lê histórias em quadrinhos sabe que a criatividade nunca foi problema para os roteiristas. Todos os super heróis são resultado da imaginação, do desprendimento da realidade e dos limites que ela impõe. Assim, o Camelot 3000 usa este recurso ao extremo, com relativo grau de sucesso a cada tentativa.
Como já disse nos posts anteriores, o mundo pode sucumbir, vítima de uma invasão alienígena. Os ETs lembram reptéis, talvez dinossauros bípedes, e chegam destruindo tudo, sem chance de negociação ou conversa. Qualquer esforço da humanidade parece não ter resultado algum. Nisso, me lembrou o filme "A Reconquista", onde o John Travolta interpretava um ET e em um dos dialogos com a resistência humana diz "Sabe quanto demoramos para destruir todas as defensas do seu planeta e invadir todas as cidades? Oito minutos". No livro não levou oito minutos, portanto o John Travolta é mais eficiente que os ETs do livro, mas não vem ao caso.
Um jovem se esconde nas ruinas de Glastonbury, e enquanto é perseguido pelos ETs esbarra no túmulo do Rei Arthur. É uma descoberta casual, importantíssima no sentido histórico, e o protagonista lamenta ter feito semelhante descoberta em uma hora tão infeliz para a humanidade, perto do seu fim. Assim, Arthur acorda do seu longo sono, enfrenta e derrota os aliens que seguem este jovem, e pede para ele que seja seu escudeiro até reunir novamente sua corte. Partem para Stonehenge, onde libertam Merlim da sua prisão de feitiços, recuperam Excalibur e chamam aos espíritos reincarnados dos principais cavaleiros.
Na medida que avançamos na história, vemos várias coisas muito inovadoras no gibi, e outras que denunciam cruelmente sua data de nascimento. Temos um texto dinâmico, mas que ao mesmo tempo se preocupa muito em fazer jus à lenda original. Há uma preocupação visível, muito nítida de representar dignamente todo o lendário arturiano; não apenas pegar carona na fama dos personagens, mas mostrá-los dentro das suas facetas próprias, de trazer suas características principais e construir estes personagens novamente. Há um cuidado especial na fidelidade ao caráter dos personagens. Isso é uma conquista e tanto, e com certeza serviu de referência para outros HQs "históricos" que vieram posteriormente. É delicioso ver quanto cuidado foi colocado nesta história, para torná-la não apenas um gibi que as pessoas iriam ler no metrô no caminho ao trabalho ou à escola, mas iam guardar e colecionar como volumes de um livro. Uma história com começo, meio e fim, da qual não haveria outra nem sequências. É um livro, um conto, no formato de gibi.
Outra conquista deste gibi que não posso deixar de lado é tocar em assuntos considerados tabu, com a seriedade necessária e a responsabilidade de passar uma mensagem. No gibi, o Tristão reencarna no corpo de uma mulher, e sofre muito com isto. Há uma dor constante, uma aflição de ser homem, preso no corpo de uma mulher. Todos o tratam (ou a tratam) como mulher, querendo protegê-la durante as batalhas ou mesmo dando tarefas menos arriscadas nas missões, e isso o frustra completamente. O grande Tristão, deixado de lado, como se sua capacidade fosse menor por ser mulher. A coisa fica ainda mais gritante quando Isolda é reencarnada, e tem seu encontro. Isolda não liga para o corpo de Tristão, enquanto ele se sente incapaz de dar a Isolda o que merece, incapaz de corresponder seu amor como homem (click na foto para ver maior). Ele chega a questionar à Isolda o que ela teria feito se reencarnasse como homem, ao que ela devolve a pergunta, "o que você, Tristão, faria se os dois fossemos homens?". É de uma coragem e audacia incríveis tocar em assuntos como homossexualidade e lesbianismo de forma tão direta em um gibi dos anos 80, considerando que até hoje, quase 30 anos depois ainda estes assuntos são tratados geralmente através do humor, para torná-los mais aceitáveis pelo grande público. As novelas e filmes colocam os homosexuais como pessoas engraçadas, ou em papéis engraçados, para facilitar a sua aceitação. Parecem deixar de lado a dificuldade em reconhecer, ou falando melhor, ignoram o confronto constante com familia e sociedade para mostrar que seus gostos e interesses não vão com o que a sociedade impõe. Homossexualidade não é uma preferência; se fosse, seria muito mais fácil seguir o que a sociedade quer, do que enfrentar tudo e todos para dizer que é diferente. Por isso, não posso deixar de elogiar o trabalho feito no Camelot 3000 ao introduzir na história um assunto tão sério de forma responsável, sem meias palavras.
No prefácio do livro, os autores comentam sobre isto, e contam que foi realmente uma maneira de puxar os limites da época, de trazer um texto completamente inovador e dar ao gibi o tratamento que um livro receberia. Posso afirmar que nesse aspecto acertaram em cheio, e de fato é um texto memorável.
Críticas? É dificil, mas tem algumas pequenas coisas, meio inconstantes. O livro mostra um futuro bem fantasioso, a cara do futuro que imaginamos durante muito tempo, mas me parece uma visão ultrapassada demais até para os anos 80, especialmente nas cenas espaciais. As roupas espalhafatosas são nítida influência dos 80s, mas assim como a lenda foi levada a sério, os aspectos tecnológicos foram ignorados na sua maioria. Ninguém usa capacete no espaço, por exemplo. Parece que o oxigênio deixou de ser uma necessidade, ou mesmo uma atmosfera para proteger da radiação solar. Para se situar, nos anos 80 não existia internet, nem celular, nem muitas das coisas que hoje fazem nosso dia-a-dia; por isso, aceitamos na boa que na visão futurista do gibi os comunicadores sejam caixas quadradas com antena, e a maior parte das conversas à distância sejam em vídeo-telefone. Mas, se o gibi foi escrito e publicado entre 1983 e 1985, ele é posterior a todos os filmes do Star Wars, ou mesmo posterior ao fantástico seriado Cosmos de Carl Sagan de 1980. Acho que poderiam ter dado à vida no espaço o mesmo respeito que deram à lenda arturiana, e nisso ficou um tanto aquém.
No resumo, vale a pena ler cada página, se encantar com a arte dos ilustradores e com uma das histórias mais piradas que já li no contexto do Arthur. Ok, tem os filmes cretinos baseados na novela do Mark Twain, "A Connecticut Yankee in King Arthur's Court". A diferença é que desta vez, o gibi é para ser levado a sério em vez do livro...
Boa leitura! Até o próximo post!
Duro como as Pedras
Finalmente. Somente saindo de férias e ficando desconectado COMPLETAMENTE do mundo externo que consegui ler e terminar o livro "Stonehenge", mais uma genial novela do meu autor favorito, o Bernard Cornwell. É sem dúvida alguma uma das melhores histórias que já escreveu.
A diferença de outros livros do mesmo autor, não é uma trilogia, nem uma saga gigantesca (por exemplo, faz 15 livros que acompanho o Richard Sharpe nas suas batalhas pela Europa). Este livro é individual, é um único volume. Assim, o autor se viu obrigado a abrir todas as perguntas, e respondé-las até o fim; não ficam cabos soltos. A história que ele se propôs contar tem começo, meio e fim. E um clímax empolgante, com revelações e reviravoltas que misturam o mítico com o real. Nisso, me lembrou muito a trilogia do Rei Arthur do mesmo autor, onde o Merlin se vale de toda sua astúcia para mostrar como suas profecias acabavam acontecendo. O livro não engana ao leitor; não há milagres, mas há profecias que se cumprem só no fim.
Sem spoilers, como de costume: o livro conta uma novela criada a partir do nada, apenas do que restou das pedras que conhecemos hoje como Stonehenge, e do resultado das excavações e pesquisas feitas no lugar. Encontramos o arqueiro com o protetor de pedra, encontramos os túmulos, encontramos os sacrifícios; tudo o que sabemos está no livro, como fonte de inspiração para uma fantasia, uma novela, uma história completamente originada na cabeça do Cornwell. Assim, no livro conhecemos uma tribo onde três irmãos terão suas vidas profundamente relaciondas ao monumento, e viajamos no tempo até a costrução de Stonehenge. Para quem leu o livro, gostei do Camaban. Do começo ao fim. E a Aurenna não faz sentido pela região, acho dificil imaginar índio loiro, sabe?
Não sabemos os motivos pelos quais foi feito, apenas podemos constatar alguns fatos. Nas próprias palavras do Cornwell, "somente sabemos que está alinhado com os Solstícios, mas isso não quer dizer que as cerimônias feitas lá tenham qualquer relação com esse fato. As igrejas na Inglaterra estão orientadas de leste a oeste, e se formos olhar dessa forma a entrada está alinhada com o sol. Isso não implica que nossa religião seja solar, e por isso não podemos afirmar o mesmo de Stonehenge; se nossas igrejas forem encontradas em excavações daqui a 5000 anos e vem um Cristo na cruz, pensarão que faziamos rituais sangrentos de sacrificio para cultuar ao nosso deus sol". É triste, mas não sabemos nada de Stonehenge, e de fato nunca saberemos. não há nenhum registro sobre seu propósito, e após seu abandono muitas das suas pedras foram usadas em outras construções prehistóricas. Somente podemos imaginar, e nisso Corwell nos deu de presente uma ótima história para contar.
Aliás, falando em tudo e nada, como disse, estive de férias. Um cruzeiro incrível de 8 dias, partindo de Santos e com destino Buenos Aires, Montevideu e Punta del Este. Não deixem para outra vida a oportunidade de fazer um cruzeiro, é uma experiência única, inesquecível. Nesta viagem, tive a oportunidade de conhecer outro círculo de pedras. Não tem "henge", porque não tem dinteis suspensos entre as colunas, mas ainda assim forma um meio círculo monumental. Claro, a foto é pequena, e não mostra a grandiosidade das pedras. Por isso, peço para gentilmente descerem até o fim do post, para ver a foto inteira. Podem ir, eu estou lá esperando.
Mais um pouco.
Mais um pouco ainda, estamos chegando.
Aqui mesmo.
Pronto. Foto original. Tudo bem, eu sei que não é Stonehenge, mas ainda assim é bem melhor que as pedras fuleras que estão em baixo do viaduto da 23 de Maio perto de onde era a CET. Quem viu as pedras sabe do que estou falando.
Este monumento (o da foto) é chamado "A Mão", e fica em Punta del Este, na praia dos Dedos (do lado da praia brava, ou seja, a do lado do mar mesmo). Fácil de ver, fica no começo (ou fim) da principal rua comercial da cidade. é um dos cartões postais da cidade, entre tantos lugares lindos de se conhecer.
Bom, eu estou de férias, curtindo o tempo livre... me invejem, desde que seja inveja branca.
Até o próximo post!
Aliás, alguém arrisca responder a pergunta lançada no post anterior?
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