Reflexões de Ano Novo

Sim, mais um post dentre tantos que veremos por aí sobre promessas de Ano Novo... mas este é diferente, porque é o primeiro que ocorre no meu blog. Acho.

O Ano Novo está presente em muitas histórias arturianas, com um começo bem manjado: "Era a festa de Ano Novo em Camelot, e o Rei Arthur celebrava no seu castelo". Uma história que lembro de cara que começa assim é a do Cavaleiro Verde. Essa história começa e termina em Ano Novo, como fechando um ciclo.

A virada de ano sempre teve um valor simbôlico. Nada muda de fato de um dia para o outro, é mais um dia que vira noite, que vira dia de novo. A princípio, nada demais. Não é marcado pela passagem de um cometa, por uma aurora boreal de proporções épicas, ilhas que surgem só nesse dia nem nada extraordinário. No fundo, a virada de ano é uma contagem, um meio de mensurar o tempo, um jeito que nós, na nossa humilde humanidade, inventamos para tentar controlar ou domar o tempo. Queremos ter controle do nosso tempo, de poder acelerá-lo quando estamos tristes ou chateados, e esticá-lo ao máximo quando estamos curtindo. Assim inventamos o calendário, o relôgio, e até Stonehenge, que com sua posição revela os solstícios e a troca de estação. E inventamos o Ano Novo, claro! Desde os tempos de Stonehenge que queremos domar o tempo. Falando em povos antigos, os nórdicos (sem saber nada de Jesus) faziam uma festa de arromba perto do Natal, que na verdade era a festa de troca de estação. Esta festa durava mais ou menos duas semanas; em nossos dias separamos isso em duas festas, uma no Natal e outra na virada do ano.

E o que simboliza essa virada de ano para a gente? É um tempo de reflexão; fazemos retrospectivas sobre tudo o que rolou no ano, bom e ruim. Recordar e viver, ou reviver.

Aprendi muita coisa neste ano; me dediquei muito ao trabalho, o que rendeu mudanças no meu dia-a-dia. Me dediquei aos meus hobbies, talvez não tanto quanto gostaria, mas não deixei nenhum totalmente de lado. Viajei, conheci, vivenciei. Entre as coisas mais loucas, estive em Stonehenge. E ainda volto, não sei quando mas volto com certeza.

E as promessas de ano novo? Todo mundo tem alguma. Eu percebi que nos últimos anos não fiz promessas, fiz propostas. Eu me propus fazer coisas, e fiz (como as aulas de batera). E essa fórmula tem dado certo, mesmo sem esperar a virada do ano; me propus frequentar a academia, fazer checkup e cuidar da saúde, e o estou fazendo. 

Minhas propostas para 2012 são simples. Quero retomar a frequencia do blog (não sei a partir de quando), e quero curtir um velho hobby meu junto à Marion, um hobby que abandonei por anos mas agora tenho condição de retomar: o ferreomodelismo. Sim, é um hobby familiar, embora não pareça. 

Desejos? Os melhores. Que tudo melhore, que tudo fique bem, que sejamos felizes com o que temos. E que curtamos nosso tempo, sempre.
Feliz 2012!








Christmas

O Natal está chegando, e com sua vinda a paisagem da cidade, das lojas e dos lares mudou. Vemos enfeites pendurados nas ruas, nas vitrines; bonecos enfeitados e muitas, muitas luzes penduradas dos lugares mais insólitos. Sem falar na árvore de Natal, lembrança de um inverno que nunca vimos em Dezembro por aqui.

As renas de arame agora fazem parte da fauna de todos os quintais, iluminadas ou não. Vizinhos concorrem sem se falar para ver quem coloca a cachoeira de lâmpadas mais espalhafatosa na janela, de preferência com musiquinhas sintéticas saindo de um chip chinês. Também tem as promoções nada baratas de doces e salgados, panetones com recheios incríveis e os tenders, que só lembram que a gente existe nesta época do ano.

A correria para encontrar presentes, as visitas aos shoppings desbordando gente pelas janelas, disputar um espaço no pátio de comidas entre compras e mais compras. A dificuldade em encontrar o presente certo, seja no tipo, número, grau... Faltou alguma coisa?

Faltou sim... O presépio, talvez a única lembrança do que significa esta data. Lembrança do que celebramos, por trás de toda a parafernália luminosa, dos enfeites, das comidas e os presentes. Casualmente ontem conversava sobre isso com o chefe dos garçons de um restaurante bem pertinho de casa, sobre como era diferente. Ele disse, "quando era criança era muito diferente. Natal era especial. Lembro que esperava o Natal com uma vontade danada, meu pai comprava refrigerante para a gente. É, só tinha refrigerante no Natal".

Hoje em dia, o Natal começa logo depois que passou o dia das crianças. Parece que no meio de Outubro as lojas se transformam, e os supermercados enchem de panetone, de frutas secas, e das cores verde, vermelho e dourado. Fica bonito, mas ficamos quase dois meses pré-festejando o Natal, e com isso quando finalmente chega a data já estamos enjoados de tanto panetone, tanto vermelho e tantas luzinhas.

Mesmo assim gosto muito de ver tudo enfeitado. É sim, acho bonito (pelo menos o que não cai na breguice). Mas o exagero acaba provocando o efeito contrário. É como tudo, questão de bom senso. Por isso, não fiquemos como meu amigo que ganhava refri somente no Natal, mas também não façamos do Natal um evento puramente pirotécnico. Lembremos da data, do que aconteceu, do por quê celebramos o Natal. E sim, vamos repetir o gesto dos Magos: darmos presentes a quem gostamos.

Sobre os presentes, sempre gostei de surpreender. Procuro ver o que presenteado gosta, e como dar alguma coisa que sei que vai gostar, mas que definitivamente não tinha pensado. Isso só se consegue com o convívio, seguindo as pessoas no dia-a-dia e ouvindo suas alegrias e problemas. É ótimo presentear. E lembremos do sábio comentário do Inodoro Pereira: "Só não façam como os Reis Magos, que foram dar Incenso e Mirra para uma criança... Criança leva tudo para a boca!"

Ótimo Natal para vocês!!

Amante fácil?

Como traduz de forma correta a expressão "Easy Lover"? Bom, mesmo ouvindo e fazendo ouvir meus vizinhos até o cansaço a música do Phil Collins, não cheguei a uma conclusão certa sobre o que quer dizer Easy Lover. Talvez seja alguma coisa como periguete, sei lá... Por isso, ainda bem que não dediquei a música para ninguém.

Seja como for, esta música acompanhou meu dia-a-dia nas últimas semanas, nos ensaios da apresentação da escola de música. A apresentação foi hoje, e para delirio dos/as fãs, o vídeo terminou de subir no Youtube alguns minutos atrás. Já tiveram oportunidade de me ver pilotando a bateria? Não? Sério? Bom, agora tem, apenas a um click de distância:



Obrigado a todos os que vieram, e obrigado a todos os que não puderam vir mas ficaram torcendo de longe.

Bom, não tem post épico hoje, mas creio que mereço meu descanso, não é?

Até o próximo post!

Dragonborn

Depois de escapar da morte em Helgen, me encontrei com Ralof em Riverwood. Na casa onde ficamos, depois de cicatrizar minhas feridas e comer um pouco de pão, parti para Whiterun, onde encontraria a Jalr Balgruuf. Talvez tenha errado ao partir no meio da noite nessas encostas nevadas, onde lobos e bandidos assaltam os incautos. Mas, para o azar deles, meu punhal estava afiado, e minhas flechas encontram os inimigos antes que possam agir.


Essa foi minha manhã de domingo jogando Skyrim, e quem gosta de RPG vai encontrar um prato cheio neste jogo incrível lançado recentemente pela Bethesda. Ambientando na terra fictícia que dá nome ao jogo, você pode ser literalmente o que quiser, pouco importa a raça e o desenvolvimento do personagem. O jogo dá uma liberdade extraordinária na criação e desenvolvimento do personagem. Percebi isso de cara; uma das primeiras missões é se juntar a um personagem, mas ele mesmo sugere que se separem. Fiz isso, e fiquei perambulando nas montanhas por dois dias, desenvolvendo habilidades mágicas e de defesa, antes de encontrar o cara novamente, na cidade que ele tinha falado. Nesse meio tempo, fui atacado por bandidos, animais, e em alguns casos, até encarei o papel de bandido e invadi uma casa em um vilarejo para pegar armas melhores. 

Os desenvolvedores levaram a liberdade de ação no jogo até o limite. A experiência de jogar é fascinante, com espaço para aprender profissões como blacksmithing (forja), ou alchemy (alquímia), apenas por mencionar duas que testei rapidamente. Estou apenas começando, mas sem dúvida o jogo merece a atenção de todo fã de RPG.

O jogo mostra também um trabalho extraordinário nos cenários, ambientados em uma terra que lembra MUITO as lendas nórdicas, assim como as missões e nomes. As paisagens são de tirar o fôlego, e a imersão é total. É muito, muito fácil simpatizar com os personagens e com esse mundo incrível de Skyrim. 

Agora, se me dão licença, preciso voltar a Whiterun, e continuar a saga até encontrar com os dragões... 

Boa semana para todos!

Ao infinito, e além!

Para os que me conhecem fora do blog, sabem que também curto muito ciência-ficção espacial, videogames e seriados. Quando estas paixões se encontram (como na fantástica saga do Mass Effect, ou no seriados Battlestar Galactica e o novíssimo Pioneer One) eu viro fã de carteirinha em um instante.

Fiz uma descoberta este fim de semana totalmente por acaso, que junta praticamente tudo o que curto ao mesmo tempo, e achei pela mais pura casualidade. A história começa com uma visita aos sites da Disney e da Universal, fazendo planos para ir a Orlando nas férias. Entre outras coisas, inclui no roteiro o Medieval Times (óbvio.. imagina se ia perder isso), e o Cape Canaveral, famoso centro da NASA que inclui um centro para turistas com muitas atrações. 

Entre um click e outro enquanto buscava informação sobre o centro de visitas da NASA, cai em um nome que não podia ignorar. Na seção Commercial Space Transportation, tinha esta noticia:


 Excalibur? Tem um projeto na NASA chamado Excalibur? E ainda envolve exploração comercial do espaço? Era um prato cheio na minha frente, e comecei a ler. O tal de CCP é o Commercial Crew Program, projeto americano para financiar a exploração civil / comercial do espaço, o que logicamente pode trazer a renda que a humanidade precisa para continuar sua pesquisa espacial. Digamos, se os governos não destinam dinheiro para essa pesquisa, então cabe aos sonhadores e visionarios que por iniciativa particular podem financiar esses sonhos participar desse grande projeto. Assim, a NASA colocou um pé dentro da história toda, mantendo o interesse militar e governamental que sempre teve mas deixando claro que seu interesse é aportar sua experiência para avançar mais rápido e no rumo certo. Até aqui, o que me veio na mente foi o jogo Mass Effect, onde boa parte do jogo mostra esse lado de exploração comercial. Mas, onde entra Excalibur?

O buraco é mais em baixo.
Aqui que o negócio toma um rumo completamente diferente. Durante a Guerra Fria, a União Sovietica levantou uma questão sobre o uso do espaço para fins militares lá em 1964, e desta discussão saiu o projeto do OPS (Orbital Piloted Station, ou estação pilotada em órbita), e teria o codinome "Almaz" (Diamante em russo). Este projeto super secreto era a resposta ao MOL americano (Manned Orbiting Laboratory). Durante a maior parte dos 60´s, o Almaz ficou relegado a segundo plano, já que o interesse era ganhar a corrida espacial até a Lua. Entre outras intrigas, um rival do dono do projeto do Almaz entrou com outro projeto de uma estação espacial pilotada, mas finalmente em 73 o Almaz colocou seu primeiro objeto em órbita, o OPS-1. O projeto era secreto mesmo entre os militares da CCCP, e se referiam ao objeto em órbita como Salyut-2, para não dar bandeira. Mas, um acidente não explicado deixou o OPS-1 inoperante e despresurizado, abortando a viagem de cosmonautas para seu interior. Em 74, o OPS-2 entrou em órbita também com um falso nome (Salyut-3), e a tripulação do Soyuz-14 passou 15 dias em órbita dentro dele. O Salyut-3 foi desativado e colocado fora de órbita em 75. Outras missões aconteceram e novos módulos entraram em órbita, mas finalmente em 78 o governo sovietico matou oficialmente o desenvolvimento de estações tripuladas. O Almaz teve um downgrade, onde os módulos viraram satélites pesados de comunicações (não tripulados, claro). Décadas depois, a capacidade de telemetria e fotografia do Almaz o tornou interessante como projeto para venda comercial; ou seja, era um bom satélite para uso civil. Embora isto não aconteceu, a divulgação da existência do Almaz despertou o interesse de um empreendedor americano, que pensou no Almaz como um meio levar pessoas comuns para o espaço, e viver a experiência da vida em órbita: surgia assim o Almaz-Excalibur. Para que não digam que estou inventando tudo, as fontes são o site Russian Space Web, a reportagem no mesmo site sobre o projeto e o próprio Excalibur Almaz. Apenas como comentário para se orientar melhor nas datas, a estação MIR teve seu primeiro módulo em órbita somente em 1986, e foi decomissionada 15 anos depois, em 2001.

Enquanto lia esse lance todo do projeto secreto da CCCP, foi inevitável a comparação com o seriado Pioneer One, disponível somente online (é, não passa em nenhuma TV!), e cujo episodio final de temporada está previsto para o 13 de dezembro deste ano. Nesse seriado, o roteiro também gira em torno de um projeto secreto da CCCP no meio da corrida espacial, mas não posso contar mais para não estragar o mistério. 

O que não consegui descobrir é por quê chamaram o projeto de Excalibur. É a força do nome, ou tem alguma referência escondida, escura e supersecreta? Quem ficou com a pulga atrás da orelha nem que eu, me ajude a descobrir! 


Até o próximo post!

Cavalaria era outra coisa!

Que dia é hoje? Dia de escrever no blog. Para minha própria surpresa, mesmo com todos os imprevistos e correria do dia a dia consegui escrever um post todos os dias da semana. Teve posts mais brilhantes que outros, mas em geral mantive a meta: escrever todos os dias. Parabéns para mim mesmo pela perseverança e disciplina, e que sirva de exemplo para quem for adotar o desafio!

Caramba.. Postar todos os dias cansa...
Quero explorar um pouco mais o post de sexta, onde falei da Cavalaria. Como comentei, o Llull fez um texto no século 13, descrevendo os valores da cavalaria. Até perguntei no post o que os leitores achavam que era a Cavalaria e suas regras, o que trouxe respostas muito bacanas. Mas, vamos ver agora a visão de quem vivenciou isso na época "certa". 

Vamos deixar um olho experiente nos ajudar: o texto abaixo é minha conclusão de outro texto, o "Of the Vertues that Apperteyne to Chyvalry" de John Chamberlain, um cavaleiro da era moderna. Como isso é possível? 

John Chamberlain é membro do SCA, o Society for Creative Anachronism.Esta entidade busca recriar o estilo de vida e costumes da Europa Antiga, e assim John (hoje Conde Chamberlain) usa outro nome como cavaleiro: Sir Garick von Kopke. Com isso, ele tornou-se um dos cavaleiros da era moderna, e estudou profundamente os textos antigos para definir o que realmente é a cavalaria. Desses estudos, ele destaca o texto do Llull, que comentei no post anterior.

Não vou nem comentar sobre esse assunto, mas eu sei o que vocês estão pensando, e concordo... Vamos ao poema de Llull.

Knigts ougt to take coursers to juste & to go to tornoyes
to holde open table
to hu(n)te  at hertes
at bores & other wyld bestes
 For in doynge these thynges the knygtes exercyse them to armes
for to mayntene thordre of knigthode Thene to mesprise & to leue (th)e custom of (th)t which (th)e  knygt is most apparailled to vse his office is but despising of thordre
& thus as al these thynges afore said appertyne to a knygt as touching his body
in lyke wise justice
wysedom
charite (/) loyalte
verite
humylite
strength
hope swiftness & al other vertues se(m)blable appertyne to a knygt as touchyng his soule
& therfor the knygt that vseth the thynges (th)t apperteyne to thordre of chyualry as touchyng his body
& hath none of these vertues that apperteyne to chyualry touchyng his soule is not the frende of thordre of knygthode.

Eu sei, é horrível. Mas o que conseguimos tirar deste poema de 1400 e tralalá? Ok, 1483 até 1494.


Habilidade.

Logicamente, a cavalaria vinha de uma ordem militar, a dos homens montados; assim, uma forma de identificar a essência de um cavaleiro vem da sua habilidade no manejo de armas, na sua destreza na luta e na caça. É, por assim dizer, uma forma de colocar ordem na Ordem da Cavalaria.

Coragem.

Essa é bastante óbvia, mas na visão medieval é a coragem de enfrentar situações onde o mais confortável (e seguro) era fugir. É enfrentar o risco de morte (porque à Morte ninguém enfrenta, ela sempre ganha mesmo). Assim, coragem e outra característica que define um verdadeiro cavaleiro.

Honestidade.

A palavra honestidade tem a mesma origem no latim que a palavra honra (Honus), assim honestidade e honra são duas coisas que não podem separar-se. A honra de um cavaleiro inclui sua honestidade, assim como da sua honestidade depende sua honra. Nos dias de hoje temos conceitos separados para estas definições, mas na sua origem são a mesma coisa. Ser honesto é ser honrado, pelo menos para um cavaleiro.

Lealdade.

A lealdade vai de mãos dadas com a honestidade, principalmente por causa de um juramento o de um voto. Assim, os cavaleiros juravam lealdade, o que os tornava fieis seguidores das suas causas, devido à honestidade. Estas juras eram para reis, donzelas, igrejas, desavantajados, o quem estivesse precisando de um "reforço" de um cavaleiro. A jura era a palavra, e a palavra era o contrato. As palavras tinham o mesmo peso de um contrato assinado, assim as juras de cavaleiros eram a garantia. 

Generosidade.

Quando o texto fala de "holde open tables" fala mais precisamente de ser generoso. É dificil ser generoso na questão de posses e bens, mas a generosidade de um cavaleiro consiste em não ser ganancioso. São pequenas coisas, como dar a vantagem da dúvida para um oponente no caso de uma disputa, de um torneio. 

Fé.

A fé tinha um cunho fundamental na era medieval, e assim os cavaleiros participavam de rituais religiosos. Mesmo antes de ser nomeado cavaleiro, todo candidato devia passar uma vigilia em penitência, entre outras provas. Mais tarde, sabemos até que ponto os cavaleiros eram influenciados pela religião por causa das Cruzadas. 

Cortesia.

Podemos entender a cortesia do cavaleiro como um adendo às outras qualidades. É quase impossível imaginar um cavaleiro que não seja gentil e tenha todos os outros atributos que já conversamos. Assim, o trato cordial e respeituoso era outro identificador inequívoco da Ordem da Cavalaria.

Nobreza.

Embora não fosse um requisito exclusivo, era muito raro que alguém sem um título nobre pudesse se tornar cavaleiro. Manter um cavalo, armadura, armas e criados e coisa que só a nobreza e um título forte na família podia garantir. Mas, cabe dizer que em alguns casos, a presença de todos os outros atributos tornavam uma pessoa "nobre" o bastante para ser nomeado cavaleiro, mesmo sem títulos. Se uma pessoa fosse constate nos outros preceitos, podia sim chegar a cavaleiro por seus próprios méritos.


Encerrando...

O conceito do cavaleiro existe na mente popular, mas é dificil criar uma definição exata do que era ser cavaleiro. Mesmo com os conceitos acima, ainda é um exercício mental pensar no que implica cada um desses predicados, mas não deixa dúvidas que não era para qualquer pessoa. Os cavaleiros continuam capturando nossa imaginação e admiração, e sempre vão render um post interessante.

Boa semana para todos!

Cavalaria era outra coisa...

Uma coisa que percebi com o desafio de escrever todos os dias é a mudança nas visitas ao blog. Embora a quantidade de visitas não aumentou (se o fez, foi bem de leve mesmo), os posts mais recentes tem pulado para as primeiras posições do ranking da semana; quer dizer, tem gente do outro lado lendo o que escrevo. Por exemplo você. Eu SEI que VOCÊ está LENDO meu blog AGORA.. 

Outra coisa que mudou foi o quesito comentários. Faz tempo que não vejo tanto movimento nos comentários dos posts, ao ponto que ainda nem respondi por lá. Ainda respondo, tenham paciência!

Finalmente, como emenda ao post anterior, queria comentar uma série de coisas sobre a tal propaganda.

1) Arthur não era um empreendedor. Era herdeiro do trono da Britania, gosta-se ou não do fato. Tanto é que era o filho de Uther Pendragon, coisa que veio saber pouco depois de puxar a espada da pedra.

2) Se eu vejo um monte de marombado puxando um negócio sem conseguir, eu também não ia tentar. Digamos, não é questão de chance; é questão de lógica. Arthur puxou a espada da pedra sem saber o que fazia, ele simplesmente foi buscar uma espada para seu meio-irmão Kay, e achou uma "largada" em uma bigorna na praça. Daí apareceu com a espada, e Kay quis assumir que foi ele que tirou e viraria rei, mas sentiu remorso ou culpa e desmentiu logo, declarando que foi o franzinho Arthur que tirou a espada. Como ninguém botava fé, Arthur teve que tirar a espada da pedra repetidas vezes, sempre colocando-a no lugar de novo e com uma galera tentando tirá-la (em vão). Ou seja, se Arthur tivesse visto todo mundo tentando, é bem capaz que nem tenta-se tirar a espada daí. Foi sem saber, no susto mesmo. 

3) Mais um desserviço da propaganda: os verdadeiros "empreeendedores" da propaganda são os marombados. Eles tentam, forçam, sofrem e se esguelam tentando tirar a espada na pedra, e mesmo assistindo o fracasso dos outros continuam tentando. Ou seja: a propaganda mostra empreendedores falhando, e ainda insistindo em um negócio que não dá certo. Bom exemplo, hein?

Bom, chega de desabafo... acho que passei meu ponto de vista.


Como resta bem pouco tempo para concluir o dia de hoje (e me arrisco a perder o desafio se não postar logo), vou mostrar apenas um site que encontrei, e que pode servir de base para outros posts. Este site é dedicado ao Cavaleirismo, e aos cavaleiros como eram durante o periodo medieval:


Dentro da seção Chivalry vão encontrar algumas referências ao que se considera ser cavaleiro, e as famosas "regras da cavalaria". Cabe dizer que não existiam tais regras, mas há um consenso sobre o que seria este "guideline de conduta" do mundo antigo. Através destes documentos descobrimos uma figura quase mítica, o Ramon Llull, também conhecido como Raymond Lull. Este senhor, nascido em 1232 em Majorca (Espanha) se dedicou à religião, filosofia e poesia, mas tem um destaque especial no catolicismo romano por ter visões do Cristo Crucificado pelo menos cinco vezes. Após sua conversão para o catolicismo, se dedicou ao evangelismo e ensino de idiomas dos infiéis (arabe, basicamente). Embora mais conhecido pelos seus escritos religiosos, o Ramon Llull redigiu no século 13 um trabalho chamado Libre del Orde de Cauayleria, ou livro da Ordem de Cavalaria. Neste livro o Llull exalta as qualidades dos cavaleiros, especialmente a coragem e a fé. Outro documento (neste caso um poema francês anônimo do século 12) ressalta nas qualidades dos cavaleiros a fé (cristã), cortesia, honestidade, e simplicidade, em contraste ao orgulho, retidão (olha só) e lealdade.

Em outro post vou entrar mais a fundo nestas qualidades, mas por hoje é só...

Quais são as qualidades que vocês acham que um cavaleiro deve ter? Além de saber cavalgar, claro.

Alguém chuta? Aliás, será que o desafio do blog acabou?

Por essa não esperava.

Eu até pretendia fazer um post decente hoje, mas vi um negócio na TV que não tive como ignorar. Agora em novembro acontece a Semana Global do Empreendedorismo, um evento mundial que reune... empreendedores. Ou algo assim.

O que tem a ver com a lenda arturiana? A propaganda que fizeram. Olhem só isso.



O que acharam? Da minha parte, só posso dizer o mesmo que digo sempre: o Rei Arthur é pop mesmo!

Agora falta menos para concluir o desafio!

Taliesin

Terceiro post do desafio "Pega teu teclado e escreve, pô!".. Quem diria que ia chegar até aqui? O fato é que hoje, por ser feriado, é bem mais fácil sentar para escrever um post. A dificuldade de hoje não é no tempo; é na procura de assunto. Por mais rica que é a lenda arturiana, ainda assim é dificil falar todos os dias sobre ela. Meus parabéns aos docentes, professores e colaboradores amadores que conseguiram fazer de falar todos os dias o mesmo assunto uma profissão. Eu estou bem longe disso, mas pelas buscas no google e os hits do meu site sei que tem muitro trabalho de escola copiado do meu blog. Professores e alunos são bem-vindos no meu blog, desde que seja para estudar!

Falando em estudar, trago hoje um nome citado em várias fontes: Taliesin. Em alguns livros Taliesin é associado (de forma fictícia, puramente poética) com Merlin; é como se Merlin fosse o nome, enquanto Taliesin é um título, um cargo a desempenhar. Posso estar enganado, mas acho que foi o Bernard Cornwell que usou dessa forma (quem lembrar de cabeça pode me corrigir, ok?), mas também aparece em outros livros. O primeiro livro da saga "The Pendragon Cycle" de Stephen R. Lawhead se chamou "Taliesin", e coloca seu personagem fictício como pai do Merlin. Tudo bem que neste primeiro livro, a saga mostra o fim da Atlântida e a migração de Taliesin para Ynys Prydein (Britania), mas isso é assunto para outra hora.

O Taliesin histórico viveu pelo fim do século 6, é mais conhecido pelo Llyfr Taliesin (O Livro de Taliesin), provavelmente o manuscrito mais famoso da literatura galesa. Mais do que um livro, o Llyfr Taliesin é na verdade um pequeno manuscrito com 56 poemas inteiros e um do qual sabemos pouco mais do que o título: Darogan Katwal. A última palavra está incompleta, e a convenção geral diz que esta palavra era "Katwaladr", portanto ficaria "Darogan Katwaladr" (as predições de Catwaladr). Entre os poemas mais famosos encontramos a saga de Urien Rehged e seu filho Owain ab Urien, os poemas Armes Prydein Fawr e o Preiddeu Annwfn, que já comentei aqui mesmo onde o Rei Arthur parte com seus cavaleiros na busca de um caldeirão mágico. Outro fato importante deste livro é ser o primeiro registro em Occidente dos feitos de Alexandre e de Hercules. Este manuscrito data do século 14 (bem depois da morte do Taliesin), e se presume que o manuscrito foi compilado por uma única pessoa em Glamorgan. O manuscrito era pouco conhecido, e só ganhou renome no século 17, onde foi trascrito em outras cópias.

O primeiro manuscrito está guardado hoje na  Biblioteca Nacional do País de Gales, ou no idioma original, Llyfrgell Genedlaethol Cymru. Quem pronunciar o nome corretamente sem saber galês ganha um post dedicado aqui no blog.

A tradução que usei para escrever este post fica aqui, que é a de William Forbes Skene de 1858. Obviamente, meu galês não está assim aquelas coisas, portanto me contento com ver a tradução do Inglês. Mas, para os curiosos de plantão como eu, o manuscrito foi digitalizado pela Biblioteca Nacional do País de Gales, e está disponível online para consulta neste link. Para ilustrar e encerrar o post, deixo com vocês a primeira página do Marwnat Vthyr Pen., traduzido para o inglês como Death-Song of Uthyr Pen(dragon).


Pelo sugestivo nome (Uthyr Pen), tudo aponta a ser nada mais e nada menos que o pai de um certo Arthur que virou rei, também de sobrenome Pendragon, mas ao ler a tradução em Inglês não encontrei nenhuma referência interessante ou no mínimo óbvia o bastante para incluí-la no post.Quem quiser pesquisar mais a fundo, a tradução fica aqui, o texto em galês aqui, e a imagem que ilustra o post abaixo aqui, junto com as outras digitalizações.

Meu post de hoje termina por aqui. Quem sabe o que vem amanhã?

Anglo-Saxon em 1 Minuto

Rá! Apenas duas horas e trinta minutos para escrever e não perder meu próprio desafio. É assim que tem que ser afinal... se fosse fácil, qual a graça?

Para quem estiver boiando nem que a moça do último post, este é o segundo post do desafio "Pega teu teclado e escreve, pô", lançado ontem neste mesmo blog. É um desafio pessoal, mas vale para todos os que perceberam que seus blogs andam assim, meio abandonados.

Hoje foi um dia cheio, bem cheio. Muitas novidades no trabalho, e ao mesmo tempo me concentrando nas questões de não largar a academia um dia sequer, nem deixar de tocar a música que estou praticando na bateria, fora detalhes corriqueiros como cozinhar, comer, tomar banho...

Mesmo assim, eis que aparece um post no blog. Curto, sim, mas interessante. Muita gente não tem o hábito da leitura, simplesmente porque hoje temos ao alcance das mãos outros meios bem dinâmicos, e que também servem para nosso aprendizado geral. Eu participo de uma comunidade no Facebook chamada King Arthur, donde conheci muita gente fascinante, a grande maioria deles escritores, historiadores e roteiristas que se inspiram tanto no Arthur literário quanto no histórico. Foi nessa comunidade que encontrei um videozinho muito legal sobre a conquista da Inglaterra e o surgimento do idioma inglês, explicado de forma muito, muito simples. Achei a cara do meu blog, com o estilo despachado de explicar certas coisas... Vejam o vídeo, e me digam se não faz tudo sentido mesmo.



Por hoje é só... amanhã tem mais! E vamos adiante com o desafio!

Boiando na Poesia: A Senhora de Shalott

Este é o primeiro post do desafío "Pega teu teclado e escreve, pô!"

Por razões que nunca vamos entender completamente, na escola passamos por alguns períodos traumáticos de leitura de poemas e/ou poesias intermináveis. Nessa época, quase tudo o que cai nas nossas mãos tem o objetivo de nos ilustrar sobre a riqueza do nosso idioma nativo, da nossa língua mãe, por assim dizer. No caso do Espanhol, todos os que passaram pela escola tiveram sua chance de mergulhar (geralmente sem snorkel nem tanque de oxigênio) no épico "Martín Fierro", que conta as aventuras e principalmente desventuras de um gaúcho nos difíceis tempos da conquista. Perseguido tanto pelos índios quanto pelo exército, o gaúcho era a genuína fronteira entre a civilização e a barbárie. Era o limite mínimo da vida em sociedade, oscilando entre a gentileza e a selvageria, como uma amalgama, ou uma liga das duas coisas.

Tá, o livro é legal, eu admito. Mas na adolescencia é quase crueldade fazer alguém ler o Martín Fierro.

Para citar realmente um exemplo que me dá calafrios até hoje, tenho que admitir que odeio Gabriel García Marquez. Os livros dele são intragáveis para meu paladar, e falo isso depois de ter lido até o fim "Cien Años de Soledad" e o "Relato de un náufrago". Em bom portenho, "me morí de embole".  A definição de embole é bem parecida com o sentimento expressado pela simpática moça do quadro abaixo.

Embole.

Assim, percebo que com outros idiomas não é diferente. Ouvi vários comentários bem desanimados como este aqui:

"Eu tinha que ler Machado de Assis, é incomprensível.. Pedem para a gente ler os livros dele, falando que nossa língua é a tal língua de Camões, mas o que esse cara escrevia é arcaico... fala sério.."

Pois é. Tentem ler o Quixote no original, e estamos no mesmo barco. Aí fico imaginando as criancinhas alemãs lendo Goethe. Mein Gott.

Mas, e o Inglês? O que eles lêem além do Shakespeare?

Eis que entre uma pesquisa e outra, descobri que usam o poema da Senhora de Shalott como parte das leituras obrigatórias. Para quem leu ou ainda vai ler o livro Avalon High, posso dizer sem spoilers que este poema rege o curso do livro, e um trecho do mesmo aparece no começo de cada capítulo. 

Este belo poema (belo porque não sou um adolescente que tem que estudar a força) foi inspirado na história de Elaine de Astolat, personagem fantástico que aparece no Le Mort d'Arthur de Malory. Ainda vou falar da Elaine e seu papel na lenda, mas comecemos pelo poema para não perder o foco.

O autor deste poema foi lorde Alfred Tennyson, nascido em 1809 e viveu surpreendentes 83 anos, praticamente a vida inteira dedicando-se à poesia durante o reinado da rainha Vitoria, e detém até hoje o título de um dos autores mais populares de poesias na língua inglesa.

Devemos ao lorde Tennyson algumas frases que estão em uso até hoje, ao ponto que trascenderam para outras línguas. Sabem aquele ditado, "É melhor ter amado e perdido, do que nunca ter amado"? É dele. Tennyson e o quinto autor mais citado no dicionario Oxford de citações (embora eu não fiquei contando para comparar).

Sobre o poema, a trama basicamente é assim: a Senhora de Shalott é um ser mágico, que vive sozinha em uma ilha rio acima de Camelot. Seu trabalho consiste em olhar tudo o que acontece fora do seu castelo através de um espelho; ela nunca, mas nunca deve olhar diretamente para fora da janela. Por sinal, como isso era muito fácil, ela tinha que tricotar (ou bordar) tudo o que enxergava pelo espelho em um tapete. 

Mesmo assim, ela parece feliz com sua vidinha invertida pelo espelho, já que segundo o poema, os camponeses a escutam cantar. Eles sabem que é ela, mas nunca a viram de fato.

Assim, a senhora de Shalott vê e borda gente comum, alguns jovens casais, e cavaleiros de armadura, tudo pelo espelho. Até que um belo dia, no reflexo ela vê Sir Lancelot, cavalgando sozinho. Embora ela sabe que é proibido, ela vira para a janela, e olha para Sir Lancelot. O espelho trinca e quebra em pedaços, e o tapete que ela costurava sai voando pela janela com o vento, e assim a Senhora de Shalott sela seu destino e sente o peso da maldição. Para variar, tinha que ser o babaca do Lancelot para estragar a vida dos outros. Isso é opinião minha, não do poema.

Uma tormenta de outono aparece sem aviso; a Senhora de Shalott sai do seu castelo, acha um pequeno barco, escreve seu nome nele, entra no barquinho, o empurra para flutuar e entrar no curso do rio, e canta sua canção de morte enquanto o rio a leva abaixo, até Camelot. As pessoas encontram o barco e o corpo, se mancam quem é, e a tristeza toma conta deles e Lancelot pede a Deus que tenha misericórdia da sua alma (da dela, não da dele, ok?).

Fim. É, isso mesmo. Bem medieval. Morreu, acabou, não tem chorinho não.Eu acho que morreu por muito pouco, considerando otras histórias como a da princesa tarada, que angariou uma legião de fãs aqui no blog.

Para não terminar assim, digamos, brutalmente, me permito fazer um comentário nem tão pertinente, mas é uma das coisas que descobri pesquisando. Teve uma irmandade fundada em 1848 chamada "Os Pre-Rafaelitas", composta por artistas que rejeitavam o estilo introduzido no renascimento por artistas como Raffaelo e Michelangelo. Para eles, estas influências "atrapalhavam" o ensino da "verdadeira arte". Vai saber as razões que tinham para isso, mas os pre-rafaelitas curtiam a história da Senhora de Astolat, e produziram algumas pinturas inspiradas na história, como a que ilustra este post (obra de John William Waterhouse).

Bom, por hoje é só... afinal, esta semana promete! Qual será o post de amanhã? Hein? HEIN?

Aliás, hoje estou dando uma de Paulo Coelho. Nada de passar corretor ortográfico, vai assim mesmo!

Até o próximo post! O desafio está em pé!

Pega teu teclado e escreve, pô!

Como já perceberam, ando meio desligado do blog. Assim, decidi lançar um desafio para mim mesmo: nesta semana (que não é de férias nem nada parecido) farei um post histórico, decente, útil e informativo POR DIA. É isso mesmo. Em caráter completamente atípico e extraordinário, o Camelot or What fará uma semana de posts DIARIOS.

Está lançado o auto-desafio; quem também estiver com preguiça de escrever, pesquisar e tantas outras coisas, deixo a chance de se redimir com a sociedade online e lançar esse desafio também. Não precisa ser esta semana, mas qualquer semana na qual acordem de pá virada e digam "vai ser agora".
Só não me peçam um horário para sair os posts, mas fato é fato: ainda hoje, vai ter que sair um post histórico. Não vale copiar e colar, estamos claros?

Até o próximo post, ainda hoje!

Não é falsa, é réplica...

Alguns dias atrás estava falando com a Marion, e lembrei deste post:


Tudo começou com um comentário meu sobre o seriado Merlin, que em sua quarta e mais nova temporada tomou coragem e está matando personagens importantes. Aí, como quem não quer nada, soltei um comentário, mais ou menos assim:

- Podiam aproveitar e matar a Guinevere, falando que era a falsa Guinevere.. bom não digo matar, só trocar mesmo.
- Ah, não seja mau, coitada..
- Não é maldade, tinha uma falsa Guinevere mesmo.
- Como assim? Falsa Guinevere?
- Claro, na lenda tinha uma falsa Guinevere, que substituiu a verdadeira uns tempos.. Eu postei disso, não lembra?

Lógico que ela não lembra. Eu mesmo esqueço às vezes! Bom, eu tinha pensando em escrever um post mais completo sobre o assunto, mas o primeiro que escrevi é bem completo e conta a história direitinho. Se ficaram curiosos, podem clicar no link acima e relembrar de onde saiu a outra Guinevere.

Mas, como internet é uma coisa mutante, toda hora aparecem novidades. Assim, descobri este link, com um comparativo entre alguns manuscritos, específicamente em relação ao trecho da falsa Guinevere; é interessante comparar as versões, e pensar o que levou os escritores destes manuscritos a mudar uma parte o outra. Foi decisão deles? Escreveram da sua memoria, ou receberam instruções sobre o que escrever? E as ilustrações, com qual critério escolheram desenhar uma cena ou outra?

Pensem nessas perguntas, e se divirtam mergulhando neste comparativo.


Até o próximo post!

Onde está Wally?

Pois é... Como é que um blog com postagens semanais fica mais de um mês sem novidades?

Tem várias respostas, algumas com cara de desculpa, e outras com cara de verdade. Não vim até aqui para jogar desculpas em vocês, mas para pedir desculpas por essa longa pausa nas postagens. Posso falar que a soma das novas atividades, como a mudança de cargo no trabalho ou ter começado a fazer academia está me obrigando a escolher minuciosamente o que faço com cada minuto livre, e sobram cada vez menos minutos para escolher. Mas, não vejo isso como uma coisa ruim, apenas uma questão de escolhas. Foi decisão minha parar as postagens no blog por enquanto, até organizar uma rotina que me permita escrever novamente. Não gosto de escrever bobagens nem de enrolar, por isso preferi não escrever nada a escrever qualquer coisa.

Nesse meio tempo, enquanto busco o espaço para ler e juntar conteúdo para o blog de novo, recomendo muito a quem pode que acompanhe a nova temporada do Merlin. Finalmente a BBC conseguiu budget para o projeto, e isso fica visível nos cenários, na construção das cenas e até na trilha incidental. É incrível como algumas cenas repetitivas (do tipo Merlin-encontra-alguma-criatura-mítica-em-um-lago) ganharam nova vida com a melhora da iluminação, das câmeras e da música de fundo. É a diferença entre um seriado como qualquer outro, e uma produção para valer. É, quem diria, estou elogiando o Merlin, depois desse tempo todo. E por sinal, o destaque vai para a Morgana. Finalmente encarou seu papel de vilã de verdade, e ganhou uma força até agora inédita para o papel. Dá gosto, quase que torço por ela em várias situações.

Alguém aí já assistiu também os primeiros episódios? O que estão achando até agora?

Até o próximo post! @Marion, parabéns de novo!

Avalon High

Ah, férias... nada como tirar alguns dias para soltar o peso das costas, viajar, conhecer novos lugares, fazer novas amizades.. E claro, comer, dormir, e voltar a fazer coisas que ficaram de lado por falta de tempo. Entre elas, voltar ao hábito da leitura.

Levei comigo dois livros, leves e rápidos de ler. Para minha surpresa, nossa agenda nesta viagem de férias foi bem lotada, muito corrida, e só deu para ler nas esperas de aeroporto e dentro do avião. Terminei o primeiro livro ontem, e está na hora certa de comentar. Sobre a viagem, estejam atentos ao blog da Marion nesta semana.

Em Março, ganhei de aniversário o livro Avalon High, da autora Meg Cabot. Ela é mais conhecida por literatura adolescente (mais precisamente meninas), e Avalon High não foge muito dessa regra. Não tinha lido nenhum trabalho dela até agora, e admito que foi uma leitura leve e muito engraçada. O texto, mesmo leve e descompromisado, conta uma história que daria um bom filme da tarde, mas a Disney fez questão de destruir com sua versão digamos, criativa. Como de costume, vou contar um pouco da história do livro, sem contar detalhes para quem for ler ainda.

A protagonista, Elaine, é uma garota como qualquer outra. Não é de se arrumar, e por ser bem alta acha que os meninos não dão bola para ela. Nas palavras dela, ela não é romântica, é uma garota prática. Acabou mudando de escola quando seus pais mudaram para outra cidade, como fazem regularmente a cada sete anos. Acontece que os pais são professores universitários, e a cada 7 anos podem tirar um "ano sabático", onde geralmente aproveitam para alugar uma casa em outro lugar e vão para escrever algum livro, ou concluir alguma atividade acadêmica.

A escola nova é a Avalon High, onde conhece outros alunos que lembram muito os seriados de High School americanos. Tem o quarterback admirado por todos e líder dos alunos, tem a cheerleader invejada de tão bonita que se revela uma pessoa tão boa e honesta que nem dá para ter raiva dela, tem os inadaptados de sempre... é bem divertido mesmo.

Um detalhe que não falei sobre a família da Elaine: ela ganhou esse nome (que odeia, por sinal), em homenagem ao poema da Senhora de Shalott, um belo poema arturiano pelo que a mãe dela é fissurada. Os pais da Elaine são medievalistas, e embora isso possa ser legal, nunca vai ser legal para um adolescente. Sempre esses papos de mundo antigo, o tempo todo... Aliás, os adolescentes que me desculpem pelo meu blog arturiano, hehe..

Elaine odeia a Senhora de Shalott. Cada vez que sua mãe se empolga, seja pela emoção ou por uma taça de vinho a mais no jantar, começa a recitar o poema. Os pais dela são meio esquisitos mesmo, e acabam dando mico constantemente com esse seu jeito acadêmico. Segundo Elaine, isso é porque eles pensam de forma medieval, e então esquecem coisas como higiene, refrigeração da comida e outros costumes mais modernos. Ainda assim, são pais bem preocupados e zelosos da sua filha. Uma das lições que parece ter lavado o cérebro da Elaine é a preocupação com sua Imagem (assim, com maiúscula), e em várias cenas reflete sobre como sua Imagem é afetada pelo que diz, faz, ou mesmo por ter os pais que tem.

Assim como a Senhora de Shalott, cujo corpo percorreu os rios até chegar em Camelot, Elaine passou práticamente o verão inteiro boiando.. na piscina da casa nova. Ela tem obsessão pela piscina, já que nunca teve uma em casa, e cuida dela diariamente. Sua diversão é ficar lá, flutuando na bóia, enquanto pega sol metodicamente. Os diálogos desta parte do livro me fazem sorrir, só de lembrar as situações.

Na medida que começam as aulas, vamos descobrindo junto a ela os outros alunos, como o Will, o quarterback admirado e respeitado, Lance, o melhor amigo dele, e Jeniffer, a estonteante cheerleader namorada do Will. Temos também professores esquisitões, alunos meio excluídos do grupo, as amigas fofoqueiras... o kit completo da típica adolescência americana.

O fato é que, na medida que avançamos na leitura, começamos a identificar traços dos personagens arturianos em cada um dos alunos, coincidências que Elaine comenta com detalhes (graças ao mergulho compulsório de anos na lenda arturiana, promovido pelos pais). Nisso o livro faz um serviço enorme, e que tem que ser elogiado: o respeito pela lenda arturiana, personagens e detalhes da história é enorme. Para um livro adolescente, me surpreendeu notar que a autora de fato pesquisou a lenda, ou foi muito bem assistida durante a composição. E como na lenda arturiana, o círculo vai se fechando, o clima fica cada vez mais tenso, e o desfecho da história é inevitável.

O livro traz um trecho do poema da Senhora de Shalott no começo de cada capítulo, o que reforça ainda mais a entrelinha didática ao recitar um poema tão antigo para um público mais interessado no seu próprio mundo. Lindíssimo trabalho da Meg Cabot, que mesmo com uma linha de diálogo bem rápida e leve, conseguiu jogar tanta história nas mãos dos leitores. 

Recomendo sim! As aventuras da Ellie, Will e o resto da turma continuaram na saga Avalon High: Coronation, só que mudou o formato. Os livros viraram HQ, específicamente três gibis. Para mais detalhes sobre os livros e a autora, podem olhar no site oficial.

Bom, é isso por enquanto... mais no próximo post!

Entrando na onda Pop

Não, não é da música pop, nem dar uma de pop star. Também não é pra confundir pop com poop, que são diferentes mas muitas vezes parecidos, devido aos oportunistas de plantão que buscam sucesso a qualquer preço.

Minha onda pop foi topar na inclusão do mais novo snippet do BlogSpot: a lista de populares. Vi surgir isso em vários blogs, e como a Marion me insistiu em fazer isso topei com a idéia e botei aqui na lateral do blog. Se você está lendo pelo RSS, que pena... está perdendo a chance de saber quais os posts mais populares do meu blog nesta semana. Tá esperando o quê? Clica aí e vem pro blog!

É, no fundo estou enrolando e sei que faz tempo que não publico, mas tem a ver com mudanças no trabalho e na rotina, que até agora não estabilizou. O bom que nesse tempo todo, a quantidade de visitas não caiu; assim como é com o Arthur, Camelot e a própria lenda, a popularidade não caiu nem um pouquinho.

Obrigado a todos por continuar aqui! Se tudo correr bem, logo logo poderei voltar à "nossa" rotina, e trazer um texto novo toda semana.


Até o próximo post!


Castelos, Cavaleiros, e Eu!

No post anterior comentei da exposição na Estação Ciência da USP, organizada pela Historiarte. Com o objetivo de conhecer o trabalho e poder mostrar mais para vocês, sai de casa armado de câmera e aliados para registrar tudo.

Tirando uma quase-batida de carro por causa de uma uneta preta que brecou de súbito na marginal por errar a saída, o trajeto foi tranquilo. Para meu espanto, pego menos trânsito para ir até a Lapa durante a semana do que no sábado, curioso isso... Mas enfim, por ser perto do trabalho achei bem fácil. 

A Estação Ciência funciona em antigos galpões da Lapa, e cabe lembrar para que for que não tem estacionamento no local. O mais próximo é metros antes do semáforo, na mesma rua, na mão esquerda. Chegando perto da Estação, é só ficar na pista da esquerda e prestar atenção às placas. 

Vou deixar à Marion contar tudo sobre a Estação Ciência, e me concentrar apenas na exposição de Castelos e Cavaleiros; só posso dizer que é um passeio ótimo, bem divertido para crianças e adultos.

Chegamos pouco antes das 11 da manhã, e depois de mexer e brincar com um monte de coisas do acervo permanente do museu, vimos as armaduras, reluzentes, no andar de cima. Subimos a rampa, e encontramos 5 bandeirolas representando várias "casas", ou nomes nobres. A heráldica sempre se valeu de símbolos para representar as casas, nomes ou linhagem nos escudos; era a forma fácil de mostrar quem é você, ou mais importante, para que lado você luta em uma batalha (especialmente onde o analfabetismo era a regra). Convenhamos, é mais fácil faltar "time amarelo contra time verde" do que explicar a árvore genealôgica... Mas quem sabia ler normalmente não estava guerreando, estava ocupado copiando documentos.

Na frente destas bandeirolas encontramos maquetes, explicando a evolução dos primeiros castelos (em madeira), até chegarmos castelos de pedra. Todas as maquetes explicam o periodo, assim como características dessas construções. Todos eles, sem exceção, são trabalhos excelentes de reprodução da vida e os cenários comuns a essa época. Claro, não tem como explicar absolutamente tudo (intervenção da igreja, vida no feudo, etc.) mas não sinto que essa seja a iniciativa; a idéia é incentivar a curiosidade das pessoas. Quem tem interesse e gosta de História, com certeza vai atrás e procura. Não fosse assim, este blog nem existia, não é?


Logo ao lado vemos as estrelas da exposção: as armaduras. Ordenadas por ordem cronolôgica, elas vão das primeiras armaduras de malha, passando pelas armaduras de transição (onde algumas placas de metal foram acrescentadas), até as últimas armaduras, o "topo de linha", ou a última palavra em tecnologia de proteção corporal por volta do século XV. Foram quase 1000 anos onde as armaduras acompanharam o homem na batalha; pena que a pólvora acabou com a graça. No fim, só ficou a imagem do príncipe reluzente na armadura. A realidade não era tão bonita nem elegante quanto os filmes mostram, mas de fato as armaduras tinham que ser polidas para não enferrujar.



Mas, é importante que se diga, a exposição não é só sobre armaduras e castelos. Em duas estantes acomodadas na lateral do espaço reservado a exposição, encontramos objetos de época, como instrumentos musicais e capacetes, assim como alguns jogos de tabuleiro. Neste caso os jogos não são de época, mas tem referências ao medievalismo. Embora a estante tivesse uma reprodução da távola redonda, o que mais me chamou a atenção foi um tabuleiro de xadrez. Este tabuleiro é uma cópia bem próxima do tabuleiro que vi no British Museum, e provavelmente o xadrez mais famoso do mundo: o
"Lewis Chessmen", encontrado na Escócia em 1831, e feito provavelmente Noruega por volta de 1120. As peças originais, feitas de dentes de baleia e marfim de leão marinho são reproduções de reis, bispos e outras peças que conhecemos, incrívelmente bem conservadas. Vejam no detalhe: as peças mais claras são as originais do museu de Londres, enquanto as amareladas, no tabuleiro, são as réplicas.



Por algum motivo que não conheço, entre o original e a cópia o Bispo perdeu a Bíblia, por isso na cópia ficou fazendo V de vitória. Vai que o time dele ganhou esse dia.

A expo inclui algumas brincadeiras, como tirar fotos no trono (real, não o de louça), com direito a capa, cota de malha (rebitada anel por anel como as originais!) e fantasiado de rei ou rainha, conforme sexo ou preferência, cada um sabe né? Assim, tirei algumas fotinhos bem engraçadas. Como fui a convite, tirei algumas fotos para divulgação, vestindo a parte superior de uma armadura. Quem quiser aproveitar e sentir como é vestir uma armadura, aproveita e vai no próximo fim de semana; para mais detalhes sobre dias e horários onde pode vestir armadura, consulte o site oficial.

É claro que ficamos dando risada o tempo inteiro. É bem divertido sentir como cada camada de ferro vai pesando cada vez mais no corpo; o mais impresionante é o capacete. Sério, não tem como enxergar nada naquela fenda, muito menos reconhecer se está se atacando alguém do seu lado ou do inimigo. O lado bom é que entre a cota (capuz) de feltro, a de malha e finalmente o capacete, o som fica muito abafado; não sei o resto do corpo, mas com certeza o ouvido está bem protegido. Às fotos!

Primeiro, a parte social e lúdica...


E finalmente, encarando o papel!


Galera, aproveitem, última semana! Mais fotos ainda nesta semana no meu Facebook. Obrigado mais uma vez ao pessoal da Historiarte pelo convite!
Até o próximo post!

O Mundo Medieval, Perto de Casa!

É, podem me cobrar mesmo, faz quase um mês que não escrevo nada. A vida real, em cores e 3D de verdade, acaba consumindo todo meu tempo e fico relaxando em outras coisas. Não que escrever não seja um prazer, mas para escrever há um ingrediente que não pode faltar: o assunto.

A lenda arturiana é riquíssima, ao ponto de termos facultades, mestrados e outras especializações no medievalismo dedicadas a estudar as lendas. Mas, como aficionado que sou, só me resta o tempo de lazer para tocar o blog, disputando espaço na agenda com outras coisas que curto fazer.. Para ter o que falar no blog, não basta apelar à memória; é preciso ler, estudar, conhecer.

Nada mudou ainda, minha agenda continua uma bagunça, mas voltei para o blog para fazer um favor, ou melhor, cumprir com uma gentileza com outros historiadores, leitores e até consumidores de medievalismo.

Me passaram a dica de que a Estação Ciência da USP está fazendo uma exposição, chamada Castelos e Cavaleiros; a expo vai até o 24 de Julho, e vai de objetos e armaduras até músicas, leituras e danças. Achei a idéia ótima, afinal, não é todo dia que o medievalismo bate na porta de casa para nos visitar. É uma excelente oportunidade para conhecermos um pouco mais da cultura da época, e trocar uma idéia com o pessoal da expo. Reza a lenda que, se visitar no dia certo, até dá para vestir uma armadura...

Para mais detalhes sobre a agenda e os eventos, visitem:


www.castelosecavaleirosbr.blogspot.com

www.historiarte.org.br

Quero agradecer ao Rodrigo Capozzi pela dica, a gente se vê lá! Quem for neste fim de semana, largue um comentário aqui, no FB, mail, etc. e combinamos para nos encontrar. Que tal?

Até o próximo post!

O Reino Nas Minhas Mãos

A Electronic Arts lançou mais uma nova iteração da sua franquia "The Sims", provavelmente o jogo mais vendido na história do videogame por seu apelo com qualquer tipo de jogador, seja homem, mulher, criança, adulto, jogador casual ou frequente. Este novo jogo é completamente independente dos outros da saga, portanto não requer nenhum dos pacotes anteriores. O novo Sims ganhou o nome de "The Sims: Medieval", e seu nome eis a razão óbvia para ganhar um post no blog.



Não vi o jogo para venda nas lojas ainda, mas pode comprar online como dowload direto (o que tenho preferido ultimamente para comprar jogos). A vantagem dos jogos comprados desta forma é que você pode fazer download do game quantas vezes quiser, onde precisar. Nunca mais você perde uma mídia, um CD ou DVD, um número de série... Basta entrar com o seu login, e se precisar baixar o jogo inteiro de novo. Além disso, nunca mais tive que colocar um CD ou DVD no leitor para rodar o jogo. Simples, prático, direto. Finalmente esse modelo de negócio chegou, e veio para ficar. Abençoados os que tens banda larga, pois vos a usareis.

Antes de falar do The Sims Medieval, vou fazer uma pequena introdução aos jogos deste tipo. Duvido que a essa altura do milênio exista alguém que ainda não tenha jogado ou pelo menos visto os jogos dos Sims, mas como resumo da história é como jogar de casa de bonecas, só que legal. Quer colocar fogo na casa? Deixa um personagem cozinhando sem experiência.Quer ver os bonequinhos ficarem loucos? Apaga a porta do banheiro. E por aí vai.

Particularmente, uma das coisas que sempre gostei do The Sims são os módulos de construção. No fundo, todos tem o sonho da casa própria, e no jogo você pode brincar de construir desde casas simples até verdadeiros palacetes de vários andares, usando uma interface bem simples e rápida de aprender. Passava muito tempo brincando com Marion nesse jogo, nos brincávamos juntos na mesma máquina. Eu gostava de reformar as casas, e deixava com ela a interação com os personagens (chamados de "Sims"). Dá para fazer famílias inteiras, e nas versões dos jogos que tem vizinhanças, você popula cada uma das casas com uma família e elas interagem como vizinhos, se visitando e ficando amigos com o tempo. Reflete bem o espírito de morar em casa, onde todos os vizinhos se conhecem. Para quem mora em prédio, sabe que a situação é um pouco diferente, mas ainda assim a receita da amizade é a afinidade.

Por causa desse recurso de familias e bairros, muita gente opta por reproduzir as famílias de seriados e novelas; fica muito engraçado criar personagens com semelhanças físicas aos personagens de seriados, e colocá-los para interagir em situações do dia a dia, como pegar o jornal ou fazer ginástica na frente da TV. Imaginem só, fazer a Liga da Justiça ou os X-Men dentro de uma casa, parecendo mais o Big Brother do que heróis... o jogo fica hilário!

Agora que "nivelamos" o conhecimento sobre The Sims, posso contar um pouco melhor sobre o TSM (The Sims: Medieval) e suas particularidades. Nesta nova versão, temos a oportunidade de erguer um reino medieval fictício do zero, onde controlamos personagens decisivos na trama. As decisões de cada personagem mudam o rumo do reino, influenciando a situação com os reinos vizinhos, passando da diplomacia e amizade para uma declaração de guerra em poucas jogadas. 

A interface do jogo continua bem parecida às versões anteriores, com apenas algum outro botão novo para dar acesso às novas funções. A mudança mais radical é no fato de acompanhar o Sim o tempo inteiro durante sua jornada; nas versões anteriores, os Sims ganhavam profissões e "iam trabalhar", sumindo por algumas horas e voltando depois com o dinheiro do dia. Neste novo jogo, seu dia inteiro é seguido de perto. O monarca tem que escrever leis e ouvir as reclamações e pedidos da plebe, os vendedores tem que abastecer suas lojas e vender, e assim por diante. O jogo coloca um Sim específico (criado pelo jogador ou usando algum dos já prontos) na responsabilidade de uma propriedade, e com isso ganha sua profissão e obrigações diárias (seja como rei, espião, guerreiro, vendedor, ferreiro, etc..). Estas obrigações são críticas para o bom andamento do jogo; se deixar as mesmas de lado, simplesmente a mecânica inteira do jogo confabula para garantir a falência do cidadão em questão. Voltando um pouco, cada dono de propriedade é chamado de "herói". Assim, cada Sim que tem uma profissão e é controlado pelo jogador ganha o título de herói, e pode desenvolver pontos dentro da sua carreira, que facilitam as tarefas a longo prazo. Requer um pouco de estratégia e disciplina, mas sem tornar o jogo chato. Pelo contrário, posso dizer que a obrigatoriedade de certas atividades torna o jogo mais interessante, mais coeso e menos largado do que edições anteriores. Estas obrigações podem fazer-se a qualquer momento, mas como requerem um certo tempo para concluí-las é bom não deixar para muito tarde. Fora isso o jogo dá a costumeira liberdade de fazer o que tiver vontade, literalmente.

O visual do jogo, desde a interface até os cenários, roupas e móveis, seguem a linha medieval da proposta. Quem conhece os jogos anteriores vai se deliciar com as sacadas da adaptação ao mundo medieval, como o diamante do status encravado em ouro. A música, completamente instrumental e
fortemente inspirada em cordas e metais e sopros acerta o tom em cheio.

Outra coisa que considero um acerto no jogo é a simplificação na criação do Sim. Ficou muito mais rápido, sem ter que mexer em pontos por signos do zodiaco nem outras firulas. Simplesmente, você escolhe duas ou três características da conduta (inclinadas para o bom ou ruim), compõe a aparência e vai pro jogo. Falando na aparência, acho que podia ter mais opções de indumentária. Acho que as roupas ficam cansativas bem rápido; provavelmente seja uma jogada do fabricante para vender pacotes de ampliação.

Agora, resumindo e para encerrar: ambientada na Idade Média, este novo Sims tem tudo para virar um sucesso como os anteriores. As novidades do jogo são bem-vindas na sua maioria, e continua divertido mesmo depois de tanto tempo. Para quem gosta da saga, é uma ótima pedida.

Para Geeks: Encontrei um ponto negativo no jogo em relação a um velho defeito já conhecido do jogo, e que não foi resolvido até hoje; é um problema técnico, portanto me desculpem se o papo ficar muito chato. O jogo não tem nenhum limitador interno de velocidade de vídeo, portanto pouco importa se você tem uma placa de vídeo boa ou ruim, ele sempre vai exigir o máximo dela. Isso implica que nos computadores de alta performance, as placas de vídeo literalmente fervem. Eu sempre deixo um termómetro ligado (o MSI Afterburner) para checar a "saúde" da minha placa de vídeo enquanto jogo, e reparei que a placa chega a absurdos 93C ao jogar The Sims. Como referência, o jogo mais exigente que usei até hoje foi o Crysis, que chegava a 82C. Por mais que a placa diga que funciona legal até 105C, com certeza afeta a vida útil da placa. Depois de investigar este problema, vi que é uma coisa que a EA não resolveu até hoje, e atormenta desde o primeiro The Sims. Tem várias soluções para esse problema: a mais simples é configurar a placa de vídeo com VSync ligado, o que trava o vídeo na velocidade do monitor (geralmente 60 quadros). Se isso não funcionar, podem usar programas externos que se sobrepõem às configurações da placa. Alguns são muito velhos e não funcionam, mas um que posso recomendar (foi o que usei) é o SSAA Tool. Para quem conhece um pouquinho é bem fácil de configurar, e permite outras opções como forçar o Triple Buffering ou mesmo o SSAA. Depois de instalar este programa e configurar como queria, posso rodar o jogo em 30 quadros a mais do que saudáveis 45C, ou aumentar para 60 quadros, o que deixa a placa em 70C, a média para os jogos que uso normalmente. EA, vê se arruma esse negócio e pára de fritar os computadores dos teus jogadores!

Até o próximo post!